Depois de lançar um programa para cadastramento e efetivação de funções de rastreamento de telefones celulares em Ibirité, na Grande BH, a Polícia Militar prepara um aplicativo para tornar ativa a função de localização em caso de furto ou roubo do aparelho, imediatamente após o acionamento do telefone 190. De acordo com o coronel Hércules de Paula Freitas, diretor de Tecnologia e Sistemas da PM, a intenção é que o projeto local, que já tem um banco de 60 mil cadastros, seja expandido para toda a população. O grande desafio é conseguir definir como a PM terá capacidade operacional para ir atrás dos criminosos quando for comunicada das ocorrências, já que somente em BH são quatro telefones roubados ou furtados por hora.
“A partir do aplicativo, o aparelho passa a ter um sistema de rastreamento disponibilizado pela polícia, que pode ser configurado a funcionar a partir do momento em que o telefone é roubado ou furtado”, afirma o coronel Hércules, que era o comandante do 48º Batalhão (unidade que faz o policiamento de Ibirité) quando o programa Celular Seguro foi lançado. Porém, o militar explica que há uma grande preocupação em lançar o app somente quando estiverem definidas todas as questões relacionadas ao fluxo de ações na prática, envolvendo a central do 190, o despacho para os batalhões das áreas onde acontecerem os crimes, a comunicação com as viaturas e a disponibilidade de policiais para ir atrás dos ladrões quando os celulares forem rastreados.
A experiência em Ibirité permitiu à PM, segundo o coronel, prender 15 pessoas em 12 ocorrências em que o sistema foi usado. Em uma delas, foi localizado um aparelho furtado em uma loja do Centro da cidade e, em outra, militares localizaram uma caixa cheia de aparelhos que tinham sido furtados em um show no interior de São Paulo, que foi postada no Correio.
Além disso, o aplicativo, que será oferecido em fase de testes inicialmente para os 60 mil cadastrados no Celular Seguro lançado em Ibirité, também se concentrará em duas vertentes. Uma delas é a comunicação com as bases móveis de segurança e com a população da área de abrangência de cada base, a partir do lançamento de alertas. “Podemos emitir, por exemplo, um comunicado de veículo roubado e as características do autor para um raio determinado do local da ocorrência, para que as pessoas informem à PM se avistarem o veículo ou o autor”, diz o coronel. A terceira funcionalidade é um eixo de Defesa Civil, por meio do lançamento de alertas sobre temporais e risco de inundações, que também compartilhe comunicados do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas).
Para o professor César Adriano, que é coordenador do Projeto Capacitar da UFMG e especialista em informática, a iniciativa da PM é interessante, mas resta saber se na prática o sistema terá efeitos na hora em que as pessoas começarem a ligar informando os casos. “A tecnologia tem que ser usada, sim. Mas vamos supor que mil pessoas liguem para o 190 informando o problema. Como a atendente vai disponibilizar viaturas para mil pontos? Na prática, acho que recuperar o celular com essa tecnologia não vai ser muito fácil”, afirma.