De repente, no picadeiro, um estúdio fotográfico. Uma sala de hospital também se transforma para a sessão de fotos. Nos desafios pela vida, duas iniciativas em Belo Horizonte, inspiradas na mesma fonte, mudaram a rotina de tratamentos de crianças e adolescentes acometidos por paralisias, câncer e outras doenças graves. Os atendidos no Centro de Equoterapia do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes (Cercat), da Polícia Militar, no Bairro Prado, Região Oeste de BH, e pacientes oncológicos do Hospital das Clínicas (HC), na Região Hospitalar, deram uma trégua no cotidiano de reabilitação e medicamentos para se tornarem super-heróis de verdade. No Cercat, campanha na internet está arrecadando recursos para ampliar os retratos. Hoje, exposição é aberta ao público na capital com o trabalho feito no HC.
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Pais do pequeno Yan fazem campanha para custear tratamento de doença degenerativaCampanha Papai Noel dos Correios começou em BH nesta sexta-feiraCampanha de conscientização do câncer de mama ilumina BH de rosa Obra no Centro de Equoterapia da PM vai permitir ampliação no atendimentoA iniciativa da Associação Feminina de Assistência Social e Cultura (Afas), entidade ligada à Polícia Militar, foi inspirada em projeto do fotógrafo italiano Josh Rossi, nos Estados Unidos. Ele transformou, num ensaio fotográfico, cinco crianças portadoras de doenças graves ou deficientes em super-heróis da Liga da Justiça. Mas a surpresa ainda estava por vir: cada uma delas ganhou um quadro com seu retrato estilizado. A ideia em BH é fazer o mesmo. Os praticantes da equoterapia já começaram a ser fotografados. E, na festa de Natal, em dezembro, ganharão os quadros com uma bela montagem em 3D.
O projeto precisa arrecadar R$ 6 mil.
O dinheiro arrecadado será usado para ampliação de fotos e molduras e para pagar a lavagem das fantasias, cedidas pela Casa do Sol.
COWBOY Atualmente, 102 crianças, adolescentes e adultos são atendidos. O Cercat é o único lugar na Grande BH a oferecer a equoterapia gratuitamente. Ele atende pacientes com 37 patologias, como paralisias, autismo, síndrome de down, hiperatividade e problemas de equilíbrio. Uma delas é Emmily Almeida Corrêa, de 12 anos.
Para Marlene, o ensaio fotográfico foi um alento. “O sorriso dela conta tudo. Quando vestiu aquela roupa e passou a maquiagem ficou toda feliz. Enfrentamos uma luta muito grande, buscando apoio de todos os lados. A carinha feliz da minha filha significa diferença no tratamento, o que para nós é tudo, ver que ela agora faz algo que não fazia.
Dia de estreia e superação
Quem vê o pequeno Davi Resende, de apenas 3 anos, correndo pelo salão nem imagina que ele acabava de receber alta. Do Hospital das Clínicas direto para o Museu Inimá de Paula, na Rua da Bahia, Centro de Belo Horizonte, o garotinho, diagnosticado com leucemia há quatro meses, era só animação, com sua fantasia de super-homem. Quis nem conversa, ao lado do irmão Isaac, de 9. “Ele estava desde sexta-feira internado para mediação. Ficou muito feliz de ser o super-homem. A iniciativa traz alegria, porque no dia a dia as crianças em tratamento ficam em casa ou no hospital”, afirma a mãe do menino, a técnica em contabilidade Aline Resende, de 38.
Davi é um dos 17 pacientes onco-hematológicos pediátricos do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/UFMG), na faixa etária de 2 a 17 anos, a participar de um ensaio fotográfico inspirado também na ideia do italiano Josh Rossi. O projeto SuperAção veio da equipe do eixo Qualidade de vida e diagnóstico precoce do câncer na infância e na adolescência, do programa de extensão ObservaPED, da Faculdade de Medicina da UFMG. “Desde o diagnóstico e durante o tratamento há uma mudança na rotina dessas crianças. Elas são afastadas da vida social, não conseguem ir à escola com a mesma frequência. Essa ação permitiu um momento de brincadeira, o resgate do lúdico, para sentirem que são crianças e terem um suspiro nessa rotina dura”, diz a idealizadora, oncologista pediatra do HC e professora da Faculdade de Medicina, Karla de Sá Rodrigues.
As crianças foram escolhidas por sorteio, dentre as que estavam em tratamento no HC. Cada uma delas escolheu o super-herói favorito para o dia das fotos. Maquiadores e cabeleireiros também cuidaram das mães, que participaram do ensaio. Todo o trabalho foi voluntário e contou com uma corrente do bem. O resultado foi conhecido ontem, durante a abertura da exposição, que ficará durante um mês no Museu Inimá de Paula e, a partir de hoje, está aberta ao público. Para a festa de ontem, uma van levou os modelos que estavam internados do hospital ao museu. Nem todos estiveram presentes ao evento, por causa das condições de saúde. A celebração foi transmitida ao vivo para um restaurante nos Estados Unidos, que doou as fantasias.
Giulia Privitera, de 10 anos, escolheu ser a super-girl. Acometida por neuroblastoma há quatro anos, ela deu um exemplo de vivacidade ao lado do pai, Ângelo Privitera, de 53, e da mãe, Luzia Amorim, de 43. “Foi um momento especial para as crianças. Às vezes, por causa da doença, nos questionamos se somos bonitos ou feios. E as fotos trouxeram a certeza de que todos somos bonitos”, contou. “O tratamento é muito pesado e ela quer de volta a vida normal que tinha antes da doença”, diz Luzia.
SERVIÇO
Projeto Super-heróis de verdade
Doação pelo site https://ajude.afas.org.br
Exposição Projeto SuperAção
Museu Inimá de Paula
(Rua da Bahia, 1.201, Centro).
Terça, quarta, sexta e sábado
(das 10h às 18h30), quinta (das 12h às 20h30)
e domingo (das 10h às 16h30)
Informações: (31) 3213-4320