Pente fino nos caminhões e restrição a veículos pesados no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Essas são as medidas iniciais definidas, ontem, durante a primeira reunião do grupo de trabalho criado por iniciativa da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) com a missão de reduzir a quantidade de acidentes e mortes na via, no projeto Aliança para a vida. Embora sem data definida para implantação, a inspeção veicular será aplicada de imediato, segundo a administração municipal. Também ontem, foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) a homologação da empresa vencedora da licitação de reboque pesado para remoção de veículos no Anel.
Já a restrição está prevista para o primeiro trimestre do ano e vai atingir o trecho que compreende o Bairro Olhos D’água (Região do Barreiro) até a Avenida Amazonas (Região Oeste). Para ser implantada, a medida depende de audiência pública, que tem duração de 90 dias. E o início dela é condicionado a um rito legal. Nela, serão colhidas informações que permitirão definir o perfil dos veículos que sofrerão o impedimento de circular e o horário. De acordo com Bouzada, a decisão caberá à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável pelo trecho. “Estatísticas apontam o horário da tarde com o maior índice de acidentes e com maior gravidade, mas não necessariamente será só esse. É possível estender o horário, que pode ser em dias da semana alternados. Estudos, a audiência e a sociedade vão ajudar a definir isso”, disse o presidente.
Ele informou que já foram mapeados todos os postos de gasolina ao longo do Anel e das BRs onde os caminhoneiros podem parar e descansar. “Todo operador logístico sabe que tem uma hora para entregar a carga e, logo, a hora que deve sair da origem dele. Assim, vai incluir no programa o horário (da restrição) e do descanso. É do interesse do postos ter esse pessoal lá, pois eles consomem, abastecem. É uma parceria de ganha-ganha. E o próprio motorista ganha, pois ele vai evitar acidentes em que põe em risco a própria a vida”, disse. “Também é importante para os atores econômicos, pois o Anel parado por um dia ou meio dia prejudica toda a cadeia econômica do estado.”
Na terça-feira, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) afirmou que a formação do grupo e as propostas eram “o primeiro passo para acabar com a matança no Anel Rodoviário”. O grupo também vai definir onde ficarão as praças de fiscalização e educação. “Vamos fazer, ao longo do trecho, paradas anteriores para não precisar multar o motorista. Nós não queremos puni-lo, mas sim que ele não trafegue lá”, relatou. Bouzada garantiu que há efetivo suficiente para as fiscalizações, tanto do lado da Polícia Militar quanto da Polícia Rodoviária Federal e que a prefeitura terá o papel de coordenar o plano. “Está faltando engenharia de obra, que não é neste momento, e um pouco de operação para tirar uma parte da causa dos acidentes, que são os caminhões. Todos os atores, inclusive a Via 040 (concessionária responsável pelo Anel), se comprometeram com o projeto”, contou.
O segundo passo são as obras de engenharia, entre elas a construção de áreas de escape. O presidente da BHTrans garantiu que não haverá cobrança de pedágio e que a PBH assumiu o compromisso de fazer as intervenções da próxima etapa. A princípio, elas vão contar com investimentos do próprio município.