Jornal Estado de Minas

Obra no Centro de Equoterapia da PM vai permitir ampliação no atendimento

O picadeiro que recebe cavalos para transformar a vida de quem tem na montaria um sopro de vida se tornou um verdadeiro canteiro de obras, no Centro de Equoterapia do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes (Cercat), da Polícia Militar, no Bairro Prado, Região Oeste de Belo Horizonte.

Em meados de outubro, começaram as intervenções para a construção da cobertura da área, que abriga, atualmente, 102 praticantes do esporte. A expectativa é de que ela esteja pronta em janeiro e, a partir daí, ampliar o atendimento e, consequentemente, reduzir a fila de espera – hoje, o tempo médio para atendimento é de quatro a cinco anos.

As obras são fruto da campanha Torcida mais solidária de Minas. Feita no primeiro semestre, ela transformou os gritos dos fãs de futebol em ação solidária, ao arrecadar, em mobilização na internet, dinheiro para construir a cobertura da equoterapia. Com o telhado, será possível ampliar o horário de atendimento.

O Cercat é o único lugar na Grande BH a oferecer o serviço gratuitamente. Ele atende portadores de 37 patologias, como paralisias, autismo, síndrome de Down, hiperatividade e problemas de equilíbrio.

 Atualmente, 102 crianças, adolescentes e adultos são atendidos, enquanto, na outra ponta, em torno de 600 aguardam uma oportunidade de tratamento. Isso porque, como o espaço é aberto, há limitações em função das condições climáticas.

Normalmente, as sessões de 30 minutos uma vez por semana ocorrem das 7h às 13h, mas podem ser canceladas ou ter o período reduzido se há muito sol ou chuva. Com a cobertura, será possível oferecer o serviço do início da manhã até o fim da tarde. O telhado vai permitir a redução da fila de espera, de imediato, para 300 pessoas.

 A campanha foi uma iniciativa da Associação Feminina de Assistência Social e Cultura (Afas), entidade ligada à Polícia Militar. O objetivo era arrecadar R$ 300 mil, mas foram levantados R$ 228 mil. O restante será arrecadado com as doações que continuam a chegar. A obra abrange uma área de 906 metros quadrados. A cobertura, uma estrutura metálica com telha termoacústica (não deixa esquentar e produz o mínimo de barulho), tem 6 metros de altura.



“Em janeiro, a obra deve estar pronta e, então, começaremos uma outra etapa: a luta por profissionais”, afirma a presidente da Afas e idealizadora da ação, major Fátima Rufino. Cada praticante precisa de pelo menos três profissionais para ajudar, incluindo o fisioterapeuta (que muitas vezes precisa montar para auxiliar o paciente) e o militar que conduz o cavalo. No novo espaço, será possível fazer de duas a três sessões a cada meia hora.

Em princípio, o trabalho contará com estagiários, por meio de convênio com a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). De acordo com a major Fátima, cada fisioterapeuta poderia atuar com dois estagiários, o que permitiria dobrar o atendimento pela manhã. O desafio é ter seis profissionais formados à tarde e, para isso, o Cercat e a Afas contam com parcerias com o estado e a prefeitura.

 “Pedi ao Ministério Público a relação de quantas pessoas entraram na Justiça para obter do estado a equoterapia. Ele gasta hoje R$ 8 mil por criança para o serviço. Com esse valor, pago dois fisioterapeutas e atendo 50 crianças.

Quero apresentar esses números para conseguirmos os profissionais, mas, com a cobertura pronta, teremos mais argumento”, diz a major. “Meu sonho é zerar a fila”, acrescenta.

  O subtenente José Geraldo Nunes, comandante do Centro de Equoterapia do Cercat, ressalta que a cobertura vai transformar as vidas dos praticantes atendidos pela instituição. “Poderemos atender nossos portadores de deficiência que vêm de longe, como do Vale do Aço, de Itabirito (na Região Central) e outras localidades, sem o perigo de chegarem aqui e não poderem fazer a sessão em razão de chuva. Também ganhamos com o fato de poder oferecer mais conforto às nossas crianças, que não terão de enfrentar sol intenso. E, por último, poderemos, num futuro bem próximo, eu espero, aumentar nosso atendimento caso consigamos elevar o número de profissionais, sem nos preocupar com o sol escaldante da tarde.”

RAIO-X


A maioria dos praticantes da modalidade terapêutica no Centro de Equoterapia do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes, da Polícia Militar, são crianças com até 12 anos de idade (70% deles). O restante são adolescentes, jovens e adultos. O trabalho é uma parceria entre a Polícia Militar e a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Para o funcionamento das atividades, a PM disponibiliza seis militares e um civil, sete cavalos e todo o insumo necessário para a manutenção dos equinos (alimentação, atendimento veterinário, medicamento e limpeza).

 O Regimento de Cavalaria´é responsável ainda por registrar as inscrições. Já a Fhemig destina seis profissionais de diversas especialidades de saúde: médico ortopedista, fisioterapeutas, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. O último convênio foi assinado no fim de agosto do ano passado e tem duração de 60 meses.

Desde o início da equoterapia, em 1995, foram feitos 68 mil atendimentos gratuitos.

 
MONTARIA TERAPÊUTICA

 

102 - Total de crianças e adolescentes que fazem equoterapia gratuitamente hoje no serviço da PM

600 - Fila de espera para atendimento no centro

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