Às 10h20 soou o primeiro sinal, seguido do aviso: "Atenção: teste da sirene de emergência. Esvaziem suas residências".
Representantes de diversos órgãos de Defesa Civil e segurança, além de técnicos da CSN Mineração estiveram, neste domingo, nos bairros Cristo Rei e Residencial para fazer um simulado em caso de rompimento da Barragem Casa de Pedra, em Congonhas.
O Estado de Minas revelou, este mês, que a instabilidade no local preocupa Ministério Público e governo do estado.
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Após o simulado, a empresa se reuniu com a Defesa Civil e demais órgãos envolvidos para verificar eventuais ajustes nas ações executadas para aprimorar o planejamento que será usado com a participação da comunidade em data ainda a ser definida.
“Este é um treinamento que até então estava sendo realizado apenas com técnicos da empresa e líderes comunitários e agora vamos envolver também a comunidade. Nesta primeira etapa fizemos uma abrangência de teste de sirenes, verificação das rotas de fuga e tempo de deslocamento dessa rota. Isso vai ser feito hoje com colabores da empresa e nós vamos testar qual será a receptividade da comunidade. Esse é um processo evolutivo e a cada simulado que formos realizar, vamos colocar um novo ingrediente”, afirmou o gerente de Segurança e Saúde Ocupacional na CSN, Eduardo Sanches.
"Estamos quase dentro da barragem"
Moradora do Bairro Cristo Rei, a funcionária pública P.V.C, de 27 anos, que mora a aproximadamente 250 metros da barragem, reprovou os testes com as sirenes. “O volume do toque foi muito baixo e a mensagem de esvaziamento não é clara”, queixou-se.
Assim como ela, o aposentado Agostinho Gonçalves, de 74 anos, teve a mesma impressão. “Se a pessoa estiver dentro de casa ou dormindo, ou se o trem passar na hora, não vai escutar”, disse.
A população ainda questionou a sinalização instalada e o momento em que a sirene vai tocar. “Se tocar na hora que romper, nem adianta, porque estamos quase dentro da barragem. Não daria tempo de sair vivo”, disse a funcionária pública, que prefere não se identificar.
Risco
O Estado de Minas noticiou, este mês, que o Governo de Minas levou o assunto em pauta para um grupo já existente que envolve diversas secretarias e órgãos do estado.
"Não há risco iminente, mas essa é uma barragem propensa ao rompimento. Sobretudo agora, com a chegada da estação de chuvas", disse o Capitão Ronaldo Rosa de Lima, então comandante do Corpo de Bombeiros da região. Ele foi afastado depois da afirmação.
Por causa dessa situação, o Ministério Público e o Ministério do Trabalho cobraram explicações e ações da mineradora, que chegou a ter as atividades no barramento interditadas, em 11 de outubro deste ano
Laudo do Centro de Apoio Técnico do MP, ao qual o EM teve acesso, indica que o represamento “apresenta infiltrações ou fraturas”, que poderiam evoluir para um rompimento caso nada fosse feito.
Nesse mesmo relatório, o fator de estabilidade da barragem apresentado foi de 1,3, abaixo do nível exigido pela legislação, de 1,5, segundo o MP.
A CSN diz que a barragem não corre risco de rompimento e que esse fator já foi superado, chegando a 1,6 e a 1,7, levando-se em consideração os dois lados da barragem.
O relatório do Ministério Público também criticava a falta de um plano emergencial satisfatório em caso de desastre. Devido à deficiência, um plano acabou sendo elaborado pela Prefeitura de Congonhas.