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A primeira coisa antes de se pensar nesse tipo de situação é entender o tamanho do problema, segundo o mestre em engenharia de transportes pelo Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro, Paulo Rogério Monteiro. “Ninguém tem um dado preciso que permita entender o tamanho do problema. Tem que modelar isso, até para saber onde esses caminhões que não puderem entrar no Anel vão ficar”, analisa Monteiro. O especialista afirma que certamente essa medida trará consequências para outras regiões da cidade. “Você fecha uma porta, mas os veículos que estão transitando na região metropolitana vão procurar outros caminhos e transferir o problema para outros lugares, o que pode criar uma situação ainda pior”, afirma.
A professora Karla Rodrigues, que é do Departamento de Engenharia de Transportes do Cefet/MG, acrescenta que essa medida poderia gerar um efeito “linguição” no Anel Rodoviário no momento em que o acesso fosse liberado para os caminhões, criando uma grande fila de veículos pesados e parando o trânsito na rodovia. “Além desse efeito de fila, poderia também aumentar o número de acidentes nesse momento de retorno dos caminhões, compensando o que você evita com a restrição”, afirma.
Outro anúncio da PBH de medida que deverá ser estudada para virar realidade é a construção de áreas de escape no Anel, justamente para servirem de rota de fuga caso os caminhões percam os freios e possam evitar a colisão com veículos menores. Porém, essa situação encontra um entrave muito significativo nas ocupações às margens do Anel, segundo a professora Karla Rodrigues, pois não há espaço para a criação das áreas de escape.
Essa lógica também se repete para a possibilidade de ampliação de faixas de circulação, conforme Karla Rodrigues. Segundo a professora, não adianta ampliar a capacidade sem mexer na estrutura das obras de arte especiais, como são conhecidas as pontes, viadutos e pontilhões. É o caso do pontilhão da linha férrea que passa por cima do Anel, entre os bairros das Indústrias e Vista Alegre, que representa um gargalo que contribuiu diretamente para as tragédias da descida do Betânia. Segundo a especialista, aumentar uma faixa de circulação sem ajustar a capacidade embaixo do pontilhão significa apenas empurrar o congestionamento, que só deixará de acontecer quando houver uma intervenção que permita aumentar a capacidade também nessa área.
PARADA A Prefeitura de BH também anunciou que pretende fazer um pente-fino nas condições dos caminhões antes da entrada no Anel Rodoviário, o que segundo Paulo Rogério Monteiro impacta na logística e na estrutura da Polícia Rodoviária Federal. É a PRF que tem o poder necessário para abordar os veículos, por exemplo, na BR-040, antes de eles acessarem o Anel pelo Bairro Olhos D’água. O presidente da BHTrans, Célio Bouzada, garante que haverá efetivo suficiente para dar conta dessa demanda, mas a especialista em engenharia de transportes não acredita que seja uma coisa simples de se fazer. “É claro que é fundamental ter um plano de contingência para o Anel, mas eu vejo com muito ceticismo essas possibilidades.
Por meio de nota, a BHTrans informou que já foram identificados, pela Concessionária Via 040, quatro postos de combustível, entre Nova Lima e a praça de pedágio da concessionária em Itabirito, que podem servir de parada segura para os motoristas de caminhões, antes de eles entrarem no Anel. “Serão estabelecidos os pontos de fiscalização e de ações educativas, em conjunto com a PMRv e PRF. Todas as questões ainda estão sendo discutidas”, informou. A empresa disse ainda que o trecho onde estão sendo definidas as primeiras medidas de segurança, entre o Bairro Olhos D’água e a Avenida Amazonas, está sendo mapeado para criação de áreas de escape..