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Estado de Minas

Presença de guardas municipais pode ser estendida aos ônibus da Estação Vilarinho

Na tentativa de reduzir a violência nos coletivos, que ontem fez mais uma vítima, de assédio sexual, secretaria anuncia implantação do Viagem Segura na Estação Vilarinho, Região de Venda Nova


postado em 30/11/2017 06:00 / atualizado em 30/11/2017 07:42

Guardas municipais patrulham estação do Move na Antônio Carlos, um dos corredores do programa(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Guardas municipais patrulham estação do Move na Antônio Carlos, um dos corredores do programa (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Em um clima de apreensão que toma conta dos passageiros diariamente, um homem, de 23 anos, foi detido por guardas municipais sob suspeita de ter cometido assédio sexual contra uma mulher, de 27, dentro de um ônibus na manhã de ontem, na Avenida dos Andradas, no Centro de Belo Horizonte. Segundo a Guarda Municipal, de 1º de janeiro a 28 de novembro, foram registradas 13 ocorrências de estupro (consumado ou tentado) e 32 de assédio sexual e /ou ato obsceno. A esse tipo de ocorrência somam-se outros crimes, que têm perturbado quem viaja no transporte público da capital. Somente nos corredores incluídos no Programa Viagem Segura, 5.331 pessoas foram abordadas e 50 presas e/ou apreendidas, entre 16 de janeiro e 20 de novembro. Diante do quadro atual, a intenção é expandir o programa. A partir do próximo mês, passageiros que utilizam ônibus com conexão na Estação Vilarinho, em Venda Nova, deverão contar com a presença de guardas municipais dentro dos veículos.

A medida, que começou a valer agora em novembro também para os coletivos da Estação São Gabriel, é parte da Operação Viagem Segura, que já funciona ativamente nos corredores das avenidas Presidente Antônio Carlos e Nossa Senhora do Carmo. “Realmente os passageiros vinham sentindo muito medo durante as viagens, sendo vítimas sobretudo nos horários de pico, quando circulam trabalhadores e estudantes. Nossa estratégia é de ampliar o Viagem Segura. Implantamos agora na Estação São Gabriel e estamos com estudos para levar para a Vilarinho também”, disse o secretário municipal de Segurança e Prevenção, Genilson Zeferino. A operação tem como objetivo coibir a criminalidade em ônibus e consiste no embarque de guardas municipais em coletivos que circulam pelas avenidas com maior índice de ocorrências contra passageiros, a partir das 18h até o final da noite.

O caso de assédio que engrossou as estatísticas de violência nos ônibus ontem ocorreu na altura da Avenida Cristiano Machado, Região Nordeste da capital. De acordo com o guarda municipal Thiago Almeida, a passageira denunciou que um homem tinha tocado as nádegas dela dentro do ônibus da linha 82 (Estação São Gabriel/Savassi via Hospitais – Direta). Ela estava a caminho do trabalho. Em entrevista para o Estado de Minas, a vítima, que pediu para não ser identificada, contou que ela e o suspeito estavam de pé durante a viagem, lado a lado, e que percebeu que estava sendo tocada quando o coletivo passava na altura da Avenida José Cândido da Silveira. “Achei que era a mochila. Só que ele apertou mais forte e foi aí que percebi. Perguntei a ele o que estava fazendo. Ele pediu desculpas, (disse) que não fez nada. Foi quando uma senhora disse que achou que ele era meu namorado do jeito que estava passando a mão em mim”, contou a jovem. Quando o ônibus chegou ao Centro, na altura do Viaduto Santa Tereza, a Guarda Municipal foi acionada.“Só parou na Andradas porque ele é o direto. Acho que o motorista procurou o melhor lugar para parar o ônibus”, comentou a vítima. Ela também confirma que passageiros tentaram conter o suspeito, que queria desembarcar.

Um deles, que também preferiu anonimato, relatou que ouviu a passageira reclamar do assédio, mas não viu o homem agir. Segundo ele, quando o motorista abriu a porta do coletivo, o suspeito tentou desembarcar. “Eu o segurei. Tinha mais uns meninos lá atrás, que eu não vi, e o puxaram, e a porta do ônibus fechou. Soltei-o, aí ele veio para cima de mim e me defendi”, contou a testemunha, confirmando que chegou a entrar em luta corporal com o suspeito. “Se ele não deve nada, não tinha necessidade de fugir”, afirmou. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que o suspeito assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por importunação ofensiva ao pudor e se comprometeu a comparecer a uma audiência no Juizado Especial Criminal. Conforme a polícia, a legislação estabelece que só caberia prisão neste caso se o suspeito resistisse ao comparecimento à audiência.

ASSALTOS Pelo menos cinco pessoas são roubadas dentro do transporte público por ônibus da capital mineira, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP). Foram 1.386 registros de janeiro a agosto deste ano. A violência com que agem os bandidos vem assustando ainda mais os usuários do transporte público. No dia 13, o professor da Faculdade de Medicina da UFMG Antônio Leite Alves Radicchi, de 63 anos, um dos fundadores do Projeto Manuelzão, foi assassinado com 10 facadas após ter a mochila roubada dentro do ônibus. Antônio Radicchi estava a caminho do trabalho em um coletivo da linha 9805 (Renascença/Santa Efigênia) quando foi surpreendido por um homem, que tentou levar sua mochila e o golpeou com uma faca. O motorista do ônibus dirigiu até o Hospital Odilon Behrens, mas o professor não resistiu. Um casal foi preso pelo homicídio.

No último domingo, mais um roubo foi registrado em um veículo do Move metropolitano, da linha 511C (Estação Vilarinho/Centro via Antônio Carlos). Um grupo de quatro homens, entre eles dois adolescentes, sendo um com 13 anos, roubaram o celular de uma mulher durante a viagem. Em seguida, acabaram detidos. Na sexta-feira, um condutor foi baleado e um usuário do transporte público esfaqueado em ocorrências distintas.O assalto de domingo ocorreu por volta das 12h. De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar (PM) o coletivo seguia pelo cruzamento entre as ruas Caetés e dos Guaranis, no Centro, quando os quatro jovens anunciaram o assalto. Eles estavam na parte traseira do veículo. Testemunhas contaram que eles mostraram uma arma para uma passageira e roubaram o celular e outros pertences pessoais dela. Diante dos gritos, o condutor parou o ônibus e os quatro jovens desceram correndo. Eles acabaram abordados na Avenida Afonso Pena por policiais militares. Testemunhas reconheceram o grupo e eles foram presos.


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