A sigla da prevenção contra a sigla do medo: passados 37 anos desde o registro do primeiro caso de Aids no Brasil, onde atualmente calcula-se que cerca de 830 mil vivam com o HIV, uma nova ferramenta surge como mais uma esperança de barrar novas infecções. Hoje, dia mundial do combate à doença, o governo federal apresentará nova campanha contra o vírus e anuncia a chegada de medicamento que promete ser eficaz para evitar o contágio. A Prep (sigla para profilaxia pré-exposição), como é popularmente conhecido o Truvada, será distribuída em postos de saúde do país para um público estimado em 7 mil pessoas. Porém, junto da esperança vem uma preocupação: embora seja mais uma arma no arsenal de combate à epidemia, há apreensão quanto à possibilidade de a novidade levar a um relaxamento no uso de preservativos e, consequentemente, à disseminação de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
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Resistência do HIV em pacientes preocupa autoridades de saúde em MinasAlerta para HIV em BH cresce entre mais jovens Investigado por transmitir HIV para três mulheres é preso em Pirapora UFMG busca voluntários de 15 a 19 anos para testar profilaxia pré-exposição ao HIVCorrida altera trânsito até domingo na PampulhaA combinação de drogas que reduzem as chances de contrair o vírus é considerada um avanço no combate à epidemia, que vem avançando no país sobretudo entre jovens do sexo masculino. Atualmente, o Brasil conta com algumas armas nessa batalha: além dos preservativos, postos de saúde e centros de tratamento que disponibilizam os exames para diagnósticos de ISTs e a PEP (profilaxia pós-exposição), administrada a pessoas que ficaram expostas ao vírus.
Apesar do arsenal terapêutico, a orientação mais eficaz na prevenção do contágio pelo HIV continua sendo o uso do preservativo.
Por razões como essa, o infectologista Estevão Urbano enfatiza a importância da educação no uso do Truvada. “A distribuição tem que ser feita com cautela.
EFICÁCIA O primeiro estudo com o Truvada teve início há uma década. A pesquisa recrutou 2.500 pessoas classificadas com alto risco de infecção pelo HIV. Metade delas recebeu os comprimidos com o princípio ativo, enquanto outra parte tomou placebo. De acordo com os resultados, os indivíduos que usaram o medicamento tiveram taxa 44% menor de infecção pelo HIV.
Estima-se que hoje 150 mil pessoas usem o medicamento no mundo, a maior parte delas nos Estados Unidos. Lá, o composto foi aprovado em 2012 e seu uso cresce a cada ano. Um exemplo do impacto desse tipo de estratégia é a cidade de São Francisco, na Califórnia.
No Brasil, o Ministério da Saúde estuda desde 2014 incorporar o Truvada à política pública de distribuição de medicamentos. Pesquisa com 500 voluntários de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, foi feita para tentar entender se os brasileiros teriam disciplina para usar o medicamento todos os dias e se não abandonariam o preservativo, por já se sentirem seguros com o remédio.
Esse é o pior dos pesadelos de especialistas que são contra esse tipo de prevenção. Há a possibilidade de as pessoas apostarem apenas no comprimido como prevenção, em vez de usá-lo como complemento, e se exporem ao vírus e a outras doenças por abandonar a proteção do preservativo. Porém, os resultados preliminares do estudo sugerem que tomar o Truvada não afetou a disposição dos participantes para usar preservativos.
Proteja-se
Hoje, das 9h às 16h, o Parque Municipal de Belo Horizonte recebe evento voltado para a prevenção contra o HIV/Aids promovido pela Secretaria Municipal de Saúde. Serão oferecidos testes rápidos de detecção, oficinas de sexo seguro e de redução de danos, material informativo e preservativos. Os tratamentos das infecções pelo HIV/Aids são gratuitos e estão integralmente disponíveis na rede SUS.
Entre a PEP e a Prep
A PEP (profilaxia pós-exposição) está disponível no SUS desde 2010, para casos de relação sexual de risco desprotegida. A medicação age impedindo que o vírus se estabeleça no organismo, daí a importância de se iniciar o tratamento o mais rápido possível. A recomendação é que seja administrada em até 72 horas, sendo o tratamento mais eficaz se iniciado nas duas primeiras horas após a exposição ao HIV.
Há indicação para pessoas que podem ter tido contato com o vírus por violência sexual, relação sexual de risco desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha) ou acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou em contato direto com material biológico). O tratamento deve ser seguido por 28 dias. Geralmente, consiste em uma pílula diária, mas pode ser preciso tomar mais de um medicamento por dia.
Já a Prep (profilaxia pré-exposição) age bloqueano a entrada do vírus HIV no DNA das células de defesa do organismo, impedindo a replicação do vírus.