Cadeirante a vida toda, depois de contrair poliomelite ainda quando criança, Mariane Ester, de 43 anos, considera que a inclusão em BH melhorou nos últimos anos, mas aponta muitos problemas. “É um desafio diário, todos os dias a gente mata um leão. Há lugares na cidade que são adaptados e você está no paraíso. Mas basta andar dois quarteirões para fora desse espaço e tudo muda. A acessibilidade é muito precária e muita gente se escora no argumento de que a geografia da cidade não favorece. Alguns países que também têm o relevo acidentado enfrentaram o desafio e venceram. Tenho o direito de ir e vir e uma cidade mal estruturada o tira de mim”, comentou.
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Juiz muda local de audiência e coloca fim ao entrave de acessibilidade no Fórum DiamantinaEstudo da BHTrans aponta notas pouco acima da média em acessibilidade do MoveCadeirantes mostram que normas de acessibilidade ainda são descumpridas em BHVeja quais são as maiores e as menores ruas e avenidas de BHPM lança operação em BH e reforça dicas para evitar roubosAs regiões com maior concentração de trechos íngremes são o Aglomerado da Serra, o Taquaril, o Morro das Pedras e o Aglomerado Santa Lúcia.
A bancária conta que mora no Bairro Dom Bosco, na Região Noroeste, e trabalha próximo da Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul. “Perto de casa é muito difícil, lá não é acessível. Todos os dias é uma peleja. Já no entorno do meu local de trabalho é ótimo, perto da Rua da Bahia. Mas se eu quiser ir à Praça da Liberdade, não consigo. A prefeitura constrói rampas, mas algumas são ‘pra inglês ver’. Se eu estiver, por exemplo, no quarteirão do prédio da Vale e quiser atravessar para a praça, não consigo, por causa dos degraus”, disse.
CARTA Mariane Ester ajudou a elaborar a Carta pelo direito a uma cidade para todas e todos. O documento pede várias melhorias, entre elas educação, formação e informação para a cultura cidadã. Entre as demandas que o grupo considera como as mais relevantes estão a avaliação prioritária das condições das calçadas, especialmente em relação às com pedras portuguesas; o desenvolvimento de pisos táteis que sejam testados e aprovados pelos usuários; e a eliminação das barreiras para o uso das rampas de acesso à calçada, que não podem ter declividades acentuadas. A carta foi feita depois da oficina “Mobilidade urbana e direito à cidade”, no evento “Programa BDMG Pró-Equidade”.
“É muito comum você encontrar pontos de ônibus em áreas íngremes. São diversos problemas que podem ser apontados. A última colocação dos pisos táteis foi feita sem consultar os cegos e há obstáculos como árvores e bancas de jornal que acabam provocando acidentes. Além disso, o piso não é tátil o suficiente para uma pessoa que usa tênis”, disse Denise Martins Ferreira, membro do Conselho Municipal e Estadual de Defesa de Pessoas com Deficiência.
Declividade média em cada regional (%)
Pampulha 5,65
Venda Nova 7,23
Noroeste 7,94
Barreiro 8,09
Norte 8,21
Oeste 8,93
Nordeste 9,00
Centro-Sul 9,60
Leste 9,76
Padronização desde 2004
As normas de acessibilidade são determinadas pelo Decreto Federal 5.296, de 2 de dezembro de 2004, que estabelece padrões de locais acessíveis e, seguindo requisitos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), dá diretrizes de como devem ser construídos os pontos de acessibilidade. Para facilitar o entendimento do decreto, a Prefeitura de Belo Horizonte, com o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais (Crea-MG), elaborou cartilhas com as diretrizes de acessibilidade dentro das cidades e das edificações, que descrevem como devem ser a sinalização, espaço necessário para mobilidade em cadeira de rodas, acesso e circulação, travessia de pedestres, faixas elevadas, mobiliário urbano (cabines telefônicas, bancas de jornal, abrigos em pontos de ônibus, semáforos), esquinas, rampas, escadas e passarelas, estacionamento, construção, manutenção e conservação de passeios, parques, praças e espaços públicos e turísticos, além da acessibilidade ao transporte coletivo..