Procedimento pouco conhecido no Brasil, o transplante fecal está prestes a ser realizado em Belo Horizonte. O Hospital das Clínicas, da UFMG, que constituiu o primeiro banco de fezes do país, divulgou nesta semana que está em fase de análise e seleção de pacientes para realizar o procedimento. A cirurgia é indicada para pacientes com infecção recorrente ou refratária causada pelo clostridium difficile.
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O médico, diz que não há registro no país de um centro de transplante de microbiota fecal como o do HC. “Há poucos relatos de transplante fecal. Apenas um estudo foi publicado no ano de 2015, descrevendo a experiência de 12 pacientes submetidos ao transplante no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Além disso, há registros no Hospital Vera Cruz, em Campinas, e em uma clínica em São José do Rio Preto (SP). No entanto, todos os casos foram isolados e de forma experimental”, afirmou.
Segundo a UFMG, o ser humano tem cerca de cem milhões de bactérias formando a flora intestinal. A clostridium difficile, que é patogênica, está presente na microbiota de até 20% dos adultos hospitalizados, levando à diarreia de até 5% deles. O tratamento é necessário porque um grupo considerável dessas pessoas não apresenta resposta a tratamentos com antibióticos, podendo chegar à morte. O HC poderá fornecer o tratamento com substrato fecal para outros hospitais de Belo Horizonte.
O primeiro banco de fezes do mundo foi criado em 2015 nos Estados Unidos no norte de Cambridge, em Massachusetts. Lá, empresa OpenBiome paga pelas amostras. Naquele país, o transplante é usado para curar a infecção intestinal que mata milhares de pessoas no ano.
No Brasil, o primeiro transplante fecal foi feito no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, em 2013, para o tratamento da colite (inflamação do intestino grosso causada pelo Clostridium difficile). .