Na lista das infrações cometidas por motoristas, a soma das infrações dirigir veículo segurando telefone e manuseando o aparelho aparece na quinta posição. Fica atrás apenas de conduzir em velocidade acima do limite permitido (148.073), avançar o sinal vermelho (89.548), trafegar na faixa ou via exclusiva dos ônibus (67.824) – todas infrações registradas primordialmente por fiscalização eletrônica – e estacionar em desacordo com a regulamentação do Rotativo (61.704). Em Minas Gerais, as infrações relacionadas ao mau uso do telefone somaram 75.518 – média de quase 252 motoristas infratores por dia, ou 10 por hora.
Dirigir com uma das mãos só é permitido pela lei nos casos em que o motorista deve fazer sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do veículo ou acionar equipamentos e acessórios do veículo.
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Fora de área
Confira o número de infrações relacionadas ao mau uso do celular (janeiro a outubro de 2017)
BH
- Dirigir veículo segurando telefone 13.179
- Dirigir veículo manuseando telefone 11.767
- Total 24.946
Minas
- Dirigir veículo segurando telefone 37.358
- Dirigir veículo manuseando telefone 38.160
- Total 75.518
Fonte: Detran/MG
Uma mistura que não combina
As urgências de hospitais, já acostumadas ao atendimento de traumas causados em acidentes no trânsito, vivem agora um fenômeno novo. É intensa a quantidade de pacientes que dão entrada nas unidades de saúde pela mistura de telefone celular e direção.
Integrante da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Regional Minas Gerais (Sbot/MG), Egídio Santana Júnior diz que o mau uso do celular no trânsito pode ser constatado não somente entre condutores de carros, mas até de motocicletas. O resultado é um número cada vez maior nos pronto-socorros de acidentados que estavam com a mão no celular. “Em três segundos de desatenção mexendo no aparelho o carro anda alguns metros e atropela uma pessoa, por exemplo”, alerta o ortopedista, especializado em trauma ortopédico, do Hospital Felício Rocho, na capital.
Entre os casos concretos já atendidos, estão o de uma pessoa que se envolveu em acidente grave enquanto respondia a uma mensagem de WhatsApp. O carro descia uma via de alto fluxo em BH quando o condutor perdeu o controle e atropelou uma menina, que teve sérias sequelas. “É o mesmo efeito de quando o motorista ingere álcool. Se observarmos, a cada 10 veículos, metade dos motoristas está respondendo ao WhatsApp. Tem multa prevista, mas não há fiscalização suficiente”, afirma o integrante da Sbot/MG.
“É uma epidemia.
‘TELEDEPENDÊNCIA’ Segundo a médica do tráfego e oftalmologista Rita Moura, diretora científica da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego de São Paulo (Abramet/SP), a chance de se envolver em acidente se multiplica quando se mistura telefone e direção. A especialista destaca o comportamento dos jovens: “Além de todos esses problemas, no caso deles pesa ainda a inexperiência na direção e a necessidade que a cabeça deles tem do celular. As meninas têm ainda mais urgência em atender, por questões de pertencimento ao grupo. Ou seja, nessas situações, as mulheres têm mais chance de se envolver em acidente”.
A médica da Abramet informa que campanhas dos Estados Unidos têm sido difundidas na tentativa de diminuir essa ansiedade do celular. “Algo que não pode esperar se tornou um vício. O que é mais importante: a vida ou a mensagem que você nem sabe do que se trata?. Saber o que chegou não é mais importante do que sua vida. Ou a dos outros.”
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