A forte chuva que caiu no fim da tarde de ontem alagou diversas ruas e avenidas em Belo Horizonte. O Córrego do Onça saiu do leito e fechou a Avenida Cristiano Machado, próximo à Estação São Gabriel. A Defesa Civil apontou riscos de transbordamento nos córregos Vilarinho, em Venda Nova; Sarandi e Ressaca, no Bairro Santa Terezinha; Leitão, na Região Centro-Sul de BH; e Ferrugem, em Contagem, e voltou a alertar para evitar áreas com risco de inundação em dias de forte precipitação de água.
O temporal também causou o cancelamento do show gratuito que a banda Sepultura faria na Praça da Estação. O evento era parte da programação oficial da festa de 120 anos da capital. Segundo a Belotur, o show será realizado em uma nova data, ainda não definida.
“As pessoas, muitas vezes, não fazem a limpeza e desobstrução das drenagens dos muros e por isso, quando chove, o solo satura e as estruturas acabam desabando. É muito importante estar sempre atento à manutenção. Em todas as partes da cidade temos problemas com isso, já que BH tem um relevo muito acidentado”, afirma o coronel. De acordo com Lucas, a previsão é de uma semana de muita precipitação na capital. “Estamos no período de chuvas intensas até abril. Foi feita uma preparação e as atenções devidas foram dadas nas áreas de risco de inundação, que são 80 e estão todas sinalizadas, bem como nas áreas de risco geológico. Sempre que reparar em trincas suspeitas, por exemplo, é importante chamar a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) pelo número 199”, diz.
Na manhã de ontem, segundo a Comdec-BH, vários trechos viários da capital foram interditados devido a alagamentos, como os acessos à Avenida Tereza Cristina, a Avenida Silva Lobo com o viaduto da Avenida Amazonas e o Anel Rodoviário, próximo ao Bairro Betânia. No Centro, uma cratera de aproximadamente três metros de diâmetro e cinco metros de profundidade se abriu na tarde de ontem, ao lado do Viaduto Santa Tereza. O buraco está em um pedaço da Rua dos Tamoios, ao lado das grades do Parque Municipal. A via foi interditada e a Defesa Civil e a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) foram até o local.
O camelô Nelson Martins, de 60 anos, trabalhava na esquina da Rua Tamoios com Rua da Bahia quando se surpreendeu ao ver o asfalto afundar. “Foi por volta das 14h, estava chovendo muito. De repente o chão cedeu, afundou. Ainda bem que não tinha ninguém passando pelo local na hora. Os motoristas que estavam estacionados na rua tiraram os veículos de lá”, disse. Técnicos da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) foram até o local para avaliar a situação. A princípio, nenhuma rede foi atingida e a terra dentro do buraco estava seca. A Defesa Civil informou que a manutenção ocorrerá hoje.
PREJUÍZOS A chuva também causou vários prejuízos e até uma morte no interior do estado. Há registros no Vale do Rio Doce e no Centro-Oeste do estado. No sábado, uma criança de 6 anos morreu ao ser arrastada pela enxurrada em uma estrada de Perdizes, no Alto Paranaíba. Segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) de Araxá, que registrou a ocorrência, o garoto brincava com o irmão, de 10, na MGC-462, quando caiu na água que corria pela rodovia. O menino mais velho tentou segurá-lo, mas não conseguiu e o pequeno caiu em um bueiro.
Segundo a polícia, ele foi localizado a 300 metros do ponto da queda. A PM de Perdizes foi ao local, mas o menino já havia sido retirado pelos familiares. Ele chegou a ser levado para o Pronto-Atendimento da cidade, onde a morte foi confirmada. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Araxá. Esse óbito ainda não consta na lista de vítimas de ocorrências no período chuvoso relacionadas no boletim da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec).
Entre a noite de sábado e madrugada de ontem, o nível do Rio Caratinga subiu e a água invadiu quintais em Ubaporanga. Segundo a polícia Militar, nenhuma casa chegou a ser invadida e não há desabrigados ou desalojados, apesar do grande volume de água. Em Nova Serrana, enxurradas e alagamentos prenderam veículos no trânsito na região do Bairro Jardim do Lago.
Em Muriaé, na Zona da Mata, a BR-116 deve seguir interditada até amanhã. A via foi bloqueada pelo deslizamento de uma encosta na madrugada de sábado, na altura do KM 714, região conhecida como Serra de Muriaé. Uma liberação parcial deverá ocorrer antes de o trecho ser completamente desbloqueado, informaram policiais rodoviários federais que atuam no trecho e estão em contato com engenheiros do Departamento nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), para desviar do local, veículos leves podem passar por Cataguases, Miraí e, depois, Muriaé. No caso de veículos pesados, o ideal é replanejar a viagem e seguir pela BR-101.
ALAGAMENTOS Novas áreas de instabilidade se organizam e nuvens muito carregadas se formam sobre Minas Gerais nesta segunda-feira. Segundo o Centro de Meteorologia Clima Tempo, há risco de chuva forte e volumosa para todo o estado, com potencial para alagamentos, transbordamentos de rios e deslizamentos de terra em áreas de encosta. Na Grande BH, no Triângulo Mineiro e no Centro-Norte do estado ocorrem pancadas de chuva a qualquer hora do dia. No Sul e na Zona da Mata, as pancadas de chuva começam a partir da tarde.
A Defesa Civil emitiu um alerta para a capital mineira. Segundo o órgão, a instabilidade segue atuando na região e há previsão de pancadas de chuva (50mm a 70mm) a qualquer hora do dia, por vezes fortes, que podem vir acompanhadas de raios e rajadas de vento ocasionais (até 50km/h). O alerta é válido até 8 horas da manhã de hoje. Para evitar acidentes, a Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil recomenda evitar áreas de inundação e não trafegar em ruas sujeitas a alagamentos e próximos aos córregos e ribeirões no momento de forte chuva, pois o seu nível pode se alterar rapidamente podendo acarretar transbordamentos. Adverte ainda para não se abrigar nem estacionar veículos debaixo de árvores, pois elas podem cair e ocasionar graves acidentes.
Segundo o Inmet, a capital mineira terá chuva dentro da média em dezembro. “A média histórica do mês é de 319,4mm. A perspectiva é de que fique dentro desses parâmetros, mas os próximos 15 dias serão bem chuvosos”, comentou o meteorologista Luiz Ladeia ao Estado de Minas no fim de semana.