Em Vespasiano, os bombeiros estão à procura de Júlio César Valetim de Batisa, de 37 anos. Ele desapareceu na noite de domingo ao ser arrastado pela enxurrada. Segundo a esposa de Júlio César, ele estava ajudando o cunhado, cujo carro teve uma pane em uma rua do Bairro Morro Alto, quando tentou se aproximar de uma lagoa. “Ele chegou na beirada da lagoa porque tinha uma pessoa lá pescando. Ele gosta muito de bichos. Foi até lá e, na hora que chegou, não sei se desequilibrou, e caiu na correnteza”, disse ela ao em.com.br na manhã de ontem. De acordo com os bombeiros, após ser arrastado, o homem caiu na manilha do vertedouro, que tem aproximadamente um quilômetro, e despareceu.
Em Urucânia, na Zona da Mata, quatro pessoas estão desaparecidas após terem sido arrastadas pela enxurrada na localidade de Sítio Parada Paulista e na região da Usina de Jatiboca. Na segunda-feira, o Corpo de Bombeiros chegou a informar que as vítimas eram duas mulheres e duas crianças. Mas, de acordo com o prefeito de Urucânia, Frederico Brum de Carvalho, bombeiros que estão no local informaram que as vítimas são avó, duas crianças e um homem. “Eles retomaram as buscas, acham que estão em Santo Antônio do Grama”, explicou o chefe do Executivo nesta manhã. Atuam no local bombeiros de Ponte Nova, Manhuaçu e Belo Horizonte.
O temporal ocorreu no dia 3 e a prefeitura já decretou situação de emergência. De acordo com o prefeito, os dois córregos que cortam Urucânia se transformaram em um único rio durante a chuva. “Foi um volume de água sem precedentes. A gente nunca havia passado por isso. Falaram em 155 milímetros em quatro horas” explicou.
Conforme o prefeito, Urucânia tenta se restabelecer, mas ainda há muitas dificuldades. O povoado de Bandeiras está sem energia elétrica e a cidade precisa de água potável. A Usina de Jatiboca, que trabalha com cana-de-açúcar, foi “quase devastada”, nas palavras de Frederico Brum.
Além da enchente, Urucânia registrou deslizamentos de terra e quedas de barrancos. As famílias desabrigadas foram levadas para uma creche e um hotel da cidade.
Os bombeiros também estão à procura de um homem de 80 anos que teria desaparecido em São Pedro dos Ferros, também na Zona da Mata. Segundo a corporação, o desaparecimento dele ainda não foi confirmado. Segundo relatos, ele estava ajudando pessoas ilhadas na comunidade dele.
Durante a madrugada, equipes do Corpo de Bombeiros resgataram 15 pessoas que estavam ilhadas em Águas Ferras, distrito de Rio Casca, outro município atingido pela chuva. As vítimas eram idosos e outras pessoas com dificuldades de locomoção.
Segundo os bombeiros, a água atingiu quase totalmente as moradias em Águas Férreas e também no distrito de Vista Alegre. Alguns trechos só puderam ser atravessados a nado. Nesta manhã, não chove e o nível da água está baixando.
MORTES
A Defesa Civil de Minas Gerais já confirma cinco mortes em função do período chuvoso. As duas últimas vítimas a entrarem na lista são o menino identificado pelas iniciais F.L.S.P, de 6 anos, morto após ser levado pela enxurrada em uma rodovia em Perdizes, no Alto Paranaíba. O caso ocorreu no dia 1º. No domingo, uma idosa ainda não identificada morreu afogada dentro de casa durante um alagamento em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Vizinhos tentaram resgatá-la, mas não conseguiram entrar no imóvel a tempo. Ela sofria de Alzheimer e tinha problemas de locomoção.
As três primeiras mortes do período ocorreram em 2 de outubro. Em Belo Horizonte, o taxista Fábio Teixeira Mageste, de 35 anos, morreu quando seu carro foi atingido por uma árvore na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Na mesma data, os lavradores Laurinete Ribeiro da Silva, de 41 anos, e José Everaldo da Silva, 36 anos, foram atingidos por uma descarga elétrica enquanto trabalhavam em uma plantação em Uberaba, no Triângulo Mineiro.