Moradores do Bairro Santa Terezinha, na Região da Pampulha, ainda contabilizam os prejuízos causados pela forte chuva registrada em Belo Horizonte nesse fim de semana.
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Segundo Israel Alves, a enxurrada que invadiu a casa atingiu cerca de um metro de altura. Sem dinheiro para se mudar da casa com a mulher, o motorista espera a estiagem para que consiga recuperar os bens perdidos. “Foi a primeira vez que aconteceu comigo. A sensação é triste demais, de ver muitos anos de batalha sendo jogados fora. Não tenho nem palavras para expressar a tristeza que estou sentindo. Eu não tenho como me mudar daqui, não tenho dinheiro. Só me resta limpar, trabalhar e pedir a Deus para não dar uma 'chuvona' dessa de novo,” disse.
Também moradora da Rua João Evangelista, a pedagoga Francielle de Oliveira, de 26, relatou que sofre com os alagamentos do Córrego Sarandi há cerca de 10 anos. Desta vez, entretanto, apesar de a água ter invadido a casa em que mora com a mãe, os prejuízos foram menores.
“Na verdade, minha mãe não perdeu as coisas. Entrou água na casa dela aí molhou sofá, molhou muita coisa, mas não é aquilo que perdeu tudo e que vai ter que jogar fora imediatamente, ou que foi embora com a chuva. Mas, provavelmente, até o começo do ano que vem ela vai ter que trocar as coisas porque fica um cheiro ruim e acaba que vai apodrecendo,” contou.
Em situação parecida à de Israel, a pedagoga diz que a família não consegue se desfazer da casa por causa da localização do imóvel. “Nunca pensamos em mudar porque a casa é de herança e difícil de vender justamente por causa da localização, do lado do córrego. Meu pai fez algumas obras, mas parece que não deu certo. Já tinha 10 anos que não entrava água assim.”
Casa desmoronada
Além dos alagamentos, quem mora no local também se assustou com o desabamento de uma casa.
Nesta manhã, parte da calçada em frente a casa estava isolada com uma faixa. Porém, de acordo com a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil o desabamento aconteceu no mês passado e não tem relação com a chuva dos últimos dias. Não há informações de causas do incidente e nem de vítimas.
Outro lado
A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) informou que, antes dos períodos chuvosos, são realizadas vistorias, em conjunto com a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), nos locais onde há previsão de pancadas fortes. "Com isso, a limpeza é reforçada nessas áreas, inclusive o cuidado com as bocas de lobo. É retirado todo tipo de lixo desses equipamentos, como plástico, garrafas, papel, vidro, terra, guimbas de cigarro, entre outros resíduos, embora, nesta época do ano, haja grande predomínio de folhas e lama (barro)", afirma a nota.
Segundo a SLU, as avenidas Clóvis Salgado e Heráclito Miranda de Mourão, na região da Pampulha, estão trabalhando na raspagem e remoção dos resíduos 20 profissionais da limpeza urbana, com a utilização de três caminhões. O gerente regional de Limpeza Urbana Pampulha, Osvaldo do Carmo Machado, explica que o recolhimento do entulho está sendo realizado à medida que a população vai disponibilizando nas calçadas seus pertences afetados pelas chuvas. Segundo ele, o trabalho deve durar a semana inteira. “Somente de ontem para hoje, já foram contabilizadas mais de 20 toneladas de resíduos na região”, destaca o gerente.
Com o transbordamento dos córregos Sarandi e Ressaca, nos bairros Santa Terezinha e Conjunto Lagoa, mais de 100 famílias foram afetadas pela inundação e perderam móveis, roupas, eletrodomésticos e outros bens. Até sexta-feira, a estimativa é que sejam coletadas mais de 50 toneladas de resíduos naquela área.
O chefe do Departamento de Serviços de Limpeza da SLU, Pedro Assis Neto, lembra que sacos de lixo domiciliar expostos fora do dia e horário de coleta podem agravar a situação em caso de grandes volumes de chuva. “Quanto mais desobstruídas estiverem as galerias pluviais, menores as chances de inundações e perdas materiais e humanas”, alerta.