Foi por volta das 11h, na manhã chuvosa de segunda-feira, que um turista baiano ouviu o barulho da vidraça caindo e correu para ver o que ocorria no interior da chamada Igrejinha da Pampulha, fechada desde o dia 19, conforme estabelecido em reunião no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e formalizado a partir de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com a Arquidiocese de Belo Horizonte. De imediato, o visitante chamou um guarda municipal, de plantão no local, falou sobre o ocorrido. Outras pessoas olharam pela porta da frente, também de vidro, e viram apenas os cacos espalhados no piso.
O Estado de Minas apurou que a causa da queda da vidraça, que bateu no corrimão da escada da frente da igrejinha, não foi a chuva ou o vento. Segundo testemunhas, a estrutura de metal que sustentava o vidro estava amarrada com um pedaço de arame, que teria arrebentado. Sem poder entrar no templo católico, completamente vazio, sem mobiliário, muita gente se contentou em olhar de fora e perguntar sobre o início das obras, já que o conjunto da igreja ganhou mais visibilidade com o título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
ENTREGA FORMAL A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou, ontem, que a igreja não foi formalmente entregue à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para execução de obras. Os técnicos afirmam que “somente após a entrega formal” podem se “responsabilizar pelos cuidados e obras no local”.
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Em nota, a Sudecap explica que o projeto, orçamento e cronograma para execução das obras de restauração foram aprovados na secretaria do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas e no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Termo de Compromisso devolvido à PBH em junho de 2015. “A previsão inicial era que as obras começassem no 1º semestre de 2016. Contudo, devido ao grande número de casamentos agendados pela Paróquia para o ano de 2016, e na impossibilidade de desmarcar ou transferir grande parte desses compromissos, o que traria transtornos à Igreja, o Iphan acordou com a Arquidiocese de BH pelo adiamento do início das obras.
A obra da Igreja já estava licitada e o contrato publicado. Entretanto, o adiamento das obras e a continuidade do uso das instalações sem os reparos necessários provocaram a revisão no projeto original e inclusão de itens não previstos inicialmente, pois o projeto licitado não correspondia mais à realidade da situação. Assim, devido à desatualização dos custos e serviços previstos inicialmente, foi necessário fazer o distrato do contrato com a empresa que ganhou a licitação, submeter novamente o projeto para aprovação nos órgãos financiadores e do patrimônio histórico para realizar novo processo licitatório.
Sujeira invade a lagoa
Nas tréguas que a chuvarada deu, nos dois últimos dias, muitos turistas foram conhecer os ícones arquitetônicos da Pampulha.
Segundo a Sudecap/PBH, é feita limpeza diária do espelho d’água da Lagoa da Pampulha, com uso de dois barcos e uma balsa. No total, cerca de 30 homens trabalham no serviço de manutenção. O volume de lixo recolhido no local é de cerca de 10 toneladas/dia durante a estiagem e uma média de 20 toneladas/dia no período chuvoso. Além disso, o canal do Ressaca/Sarandi é limpo anualmente, a fim de evitar que sedimentos sejam carregados para a lagoa.
Os técnicos explicam que a intervenção complementa as ações de saneamento integrado, em implementação pela PBH e Copasa, no âmbito do Programa Pampulha Viva, que integra o Programa de Recuperação e Desenvolvimento Ambiental da Bacia Hidrográfica da Pampulha). Já a origem dos resíduos vem de oito córregos que deságuam na lagoa: Sarandi, Ressaca, Água Funda, Braúnas, AABB, Olhos D’Água, Mergulhão e Tijuco.
A nota informa ainda que, além da poluição que se instalou no fundo da lagoa, constituindo-se hoje no lodo acumulado ao longo de décadas de aporte de esgotos, lixo e sedimentos, existe aquela poluição hoje carreada pelos córregos afluentes, cujas bacias hidrográficas ainda abrigam um contingente de população não completamente atendida pelo sistema de esgotamento sanitário, além do lixo inadequadamente disposto pela população. “Merece destaque ainda a poluição difusa que se faz presente principalmente quando da ocorrência das primeiras chuvas, que lavam a superfície do solo, contribuindo para o aumento da carga poluidora que aporta ao lago”..