A ação da Polícia Federal no câmpus da UFMG gerou indignação e protestos entre a comunidade universitária. Durante a manhã, poucas horas após a deflagração da operação Esperança Equilibrista, um grupo foi até a sede da PF para cobrar informações e protestar contra a condução coercitiva de professores. À tarde, representantes de sindicatos e movimentos sociais criticaram o que classificaram como “espetáculo midiático”.
Na operação, Jaime Arturo Ramirez e Sandra Regina Goulart de Almeida, respectivamente reitor e vice-reitora da UFMG, foram alvo de condução coercitiva. Também foram conduzidos outros professores da universidade, como a ex-vice-reitora Heloísa Starling e o presidente da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), Alfredo Gontijo de Oliveira.
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Para sindicalistas, a operação da PF na UFMG teve tom político, com objetivo de intimidar docentes da instituição que têm se manifestado contra decisões do governo federal sobre políticas públicas para as universidades.
A presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas, Beatriz Cerqueira, afirmou que os investigadores condenam os investigados “antes de finalizar o processo e sem dar chance de defesa”. “Não podemos aceitar que essa operação se torne um caso de uma versão só. Que os envolvidos sejam condenados sem sequer ter acesso ao processo e direito de defesa.
MÚSICA E POLÊMICA Os professores que participaram dos protestos contra a operação da PF questionaram o próprio nome da Operação Esperança Equilibrista, inspirado no trecho da música O bêbado e a equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc. A música é considerada um hino da luta pela anistia durante a ditadura militar, no fim dos anos 1970.
“O caráter político dessa operação aparece já no nome. Uma provocação clara aos que lutaram pela anistia no período militar. Uma ironia lamentável. O que eles querem dizer com isso?”, questionou Eli Iola Gurgel. Procurada para se posicionar diante das críticas à operação, a assessoria de imprensa da Polícia Federal não se manifestou.
NAS REDES A operação ganhou destaque nas redes sociais ao longo do dia e foi um dos temas mais comentados na internet. Vários órgãos ligados ao ensino superior e sindicatos declararam apoio aos professores e à UFMG. Por meio de nota, a Comissão da Verdade de Minas Gerais criticou a “criminalização” do ensino público.
Durante os protestos contra a operação da Polícia Federal na UFMG, um dos nomes mais citados foi o do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina Luis Carlos Cancellier Olivo. Alvo de uma operação da PF e afastado do cargo na instituição, ele se matou no início de outubro.
O dirigente foi acusado de tentar desviar recursos que deveriam ser investidos em programas de educação a distância, mas sempre negou as acusações. Em carta que escreveu pouco antes de se matar, ele citou o “vexame e a humilhação” a que foi submetido junto com outros colegas.
ENQUANTO ISSO...
...PUC MANIFESTA PREOCUPAÇÃO
A Reitoria da PUC Minas divulgou nota informando acompanhar com preocupação a ação policial envolvendo a UFMG. O texto destaca a competência dos órgãos de controle e da PPF para apuração de denúncias, ao mesmo tempo em que defende “que tais ações se deem dentro do amplo respeito à dignidade e aos direitos individuais e que as autoridades responsáveis não cedam à tentação da espetacularização midiática”..