Nesta quarta-feira, Jaime Arturo Ramirez e Sandra Regina Goulart de Almeida, respectivamente reitor e vice-reitora da UFMG, foram alvo de condução coercitiva à PF. Também foram conduzidos outros professores da universidade, como a ex-vice-reitora Heloísa Starling e o presidente da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), Alfredo Gontijo de Oliveira.
Leia Mais
Cantor João Bosco critica PF por uso de música dele em operação contra UFMG Relatório que originou operação da PF contra docentes da UFMG revela suspeita de pagamentos irregulares''A UFMG nunca se curvou e jamais se curvará ao arbítrio'', diz reitor Jaime RamirezOperação da PF contra pornografia infantil termina com dois detidos no Norte de Minas PF faz apreensões em Minas em ação contra fraudes em importação de equipamentos médicosUFMG abre sindicância para apurar suspeita de desvio de dinheiro do Memorial da AnistiaCorregedoria investiga operação da Polícia Federal da UFMG Intelectuais enviam apoio à UFMG depois de ação da Polícia FederalO texto diz também que a escolha do nome da operação, Esperança Equilibrista, uma menção à música O bêbado e a equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc, foi "infeliz". O órgão lembra que a música, congrada na voz de Elis Regina, tornou-se um hino da luta por liberdades e direitos no Brasil.
Confira nota na íntegra, publicada no site da UFMG:
"A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal, acompanha com preocupação a notícia de supostas irregularidades na construção do Memorial da Anistia Política na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – a qual teria dado origem a uma investigação criminal, com o cumprimento de medidas de busca e apreensão na UFMG e a condução coercitiva de professores e dirigentes universitários.
Embora a PFDC repudie o uso indevido de recursos públicos em qualquer hipótese, reforça que a implementação do Memorial da Anistia Política constitui parte da política pública de justiça de transição e sua conclusão é indispensável para a preservação da memória sobre as graves violações aos direitos humanos perpetradas durante a ditadura militar no Brasil e a resistência que milhares de cidadãos ofereceram ao autoritarismo no país.
Qualquer iniciativa de investigação de desvios de recursos na implementação do Memorial não pode ser usada para depreciar a importância jurídica e histórica da preservação da memória sobre o legado de violações aos direitos humanos no regime militar autoritário.
Nesse contexto, a PFDC considera ser infeliz a denominação dada à operação policial, a qual se apropria de passagem de música de Aldir Blanc e João Bosco, imortalizada na voz de Elis Regina, e que se tornou hino da luta por liberdades e direitos no País, especialmente daqueles que foram mortos, torturados ou desapareceram por força da repressão política durante a ditadura militar.
Finalmente, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão convida a uma reflexão sobre o eventual uso exagerado de medidas coercitivas, especialmente no ambiente da academia, a qual goza de autonomia constitucional. Evidentemente que essa autonomia não impede a apuração de crimes, porém seu rompimento deve ser reservado às situações de gravidade que, em um juízo de ponderação, justifiquem a presença de forças policiais no ambiente da universidade, a qual traz tristes memórias, oriundas justamente do período autoritário sobre o qual o Memorial da Anistia Política irá se debruçar.
Assessoria de Comunicação e Informação Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) / Ministério Público Federal"
*Estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia .