O trabalho de confirmação de que a estrutura foi de fato escavada por um ser vivo integrante da chamada megafauna extinta foi acompanhado pela equipe do Estado de Minas. O material resultante da expedição será avaliado por estudiosos da área durante o 3º Simpósio Mineiro de Carste (relevo geológico caracterizado pela corrosão das rochas), que ocorre hoje e amanhã na Universidade Federal de Minas Gerais.
Foi o espeleólogo e professor de química Luciano Faria, do Centro Universitário Newton Paiva, que desconfiou das características incomuns dessa cavidade de seis metros de profundidade e cerca de um metro e meio de altura, desde que fez sua descrição, há 10 anos. “Sempre tive uma pulga atrás da orelha com essa caverna. Isso porque normalmente formações do Quadrilátero Ferrífero, como essa, de minério de ferro (canga), têm uma configuração muito similar: a pessoa entra e sobe por elas, ou seja, há uma inclinação positiva. Mas essa é uma caverna horizontal”, distingue.
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Especialista acredita que caverna em BH foi cavada por preguiça giganteMulher é morta a facadas em ônibus do Move porque falava alto Chuva continua nesta semana em BH e no interior de MinasMas a confirmação de que a cavidade no Parque das Mangabeiras é mesmo o abrigo de um animal extinto ocorreu somente após a apreciação do biólogo Luciano Vilaboim, do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas. “As marcas encontradas nesta caverna são nítidas. Um animal veio aqui e fez um buraco. O teto é arredondado, e a gente consegue ver as marcas deixadas pelas garras do animal. Ele foi escavando com a pata erguida bem alto.
De acordo com o especialista do Museu da PUC Minas, dois animais são os mais prováveis responsáveis pela escavação da paleotoca, uma estrutura que se estima ter sido abandonada entre 8 mil e 10 mil anos atrás. “Temos os xenartros extintos, como parentes das preguiças atuais, mas de tamanho muito maior, e também a linhagem dos pampatérios, que eram tatus gigantes”, afirma.
Marcas da vida
Paleotocas são tocas escavadas por animais hoje extintos, que viviam em parte em abrigos subterrâneos, assim como hoje ocorre com tatus, corujas buraqueiras e outras espécies. A pesquisa desse tipo de estrutura se insere na paleontologia, por se ocupar de vestígios de épocas geológicas passadas. São consideradas “iconofósseis”, como são conhecidos os sinais de atividades de seres vivos no passado, categoria em que se encaixam pegadas, fezes fossilizadas (coprólitos) e outros sinais.
A megafauna de BH
Animais que podem ter escavado tocas na capital mineira
Tatus gigantes que habitavam quase toda a extensão da América do Sul. Alguns podiam ter o porte de porcos adultos, enquanto outros chegavam a ser mais altos do que homens e do tamanho de carros populares. Tinham garras fortes, porém não muito compridas.
» Preguiças-gigantes
Parentes pré-históricos das preguiças modernas. Ao contrário das primas que vivem em árvores a maior parte de seu ciclo, esses animais vagavam pelas matas e podiam ter entre dois e seis metros de altura.