Intelectuais e entidades acadêmicas prestaram apoio, neste fim de semana, à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) após a operação deflagrada na semana passada pela Polícia Federal (PF) que teve condução coercitiva de professores e integrantes da cúpula. A ação investiga o suposto desvio de dinheiro destinado ao projeto do Memorial da Anistia Política do Brasil (MAP).
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UFMG destaca reação do MPF sobre condução coercitiva em ação da PF ''A UFMG nunca se curvou e jamais se curvará ao arbítrio'', diz reitor Jaime RamirezRelatório que originou operação da PF contra docentes da UFMG revela suspeita de pagamentos irregularesUFMG abre sindicância para apurar suspeita de desvio de dinheiro do Memorial da AnistiaUFMG cria banco de fezes e já pode realizar transplante fecalCorregedoria investiga operação da Polícia Federal da UFMG Flanelinhas que cobravam R$30 de motoristas são presos na Praça da LiberdadeSegundo a instituição, no último fim de semana um manifesto internacional de solidariedade criado pela historiadora Maud Chirio, da Universidade de Marne La Vallée, estudiosa da ditadura militar brasileira, já contava com 100 assinaturas. Entre os que endossam o documento estão intelectuais franceses ou radicados na França.
“Nós, professores e pesquisadores de diferentes nacionalidades, condenamos firmemente o tratamento infligido aos nossos colegas da Universidade Federal de Minas Gerais. Consideramos que a instrumentalização da coerção policial e dos processos judiciais para fins de perseguição política, ou lawfare, é incompatível com o estado de direito. Estes processos afetam dramaticamente a imagem do Brasil no exterior e sua identificação pela comunidade internacional como uma verdadeira democracia”, diz o manifesto.
Ainda de acordo com a UFMG, o manifesto assinado por intelectuais brasileiros foi traduzido para o inglês e está circulando por iniciativa do grupo Acadêmicos Ativistas para a Democracia no Brasil. O grupo também traduziu o manifesto francês. A Rede Iberoamericana de Investigadores sobre Globalização e Território, baseada na Cidade do México, também se manifestou sobre as operações da PF nas universidades brasileiras. O ex-diretor da Divisão de Ensino Superior da Unesco em Paris, Marco Antônio Dias, lamentou o episódio e expressou solidariedade à comunidade acadêmica.
Idealizado em 2008, o projeto do Memorial visa à preservação e à difusão da memória política dos períodos de repressão – contemplados pela atuação da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça. Segundo o delegado Leopoldo Lacerda, as obras começaram em 2013 e deveriam ter sido concluídas em 2015. “O projeto contempla dois eixos. Um deles era a reforma do ‘coleginho’ (parte da antiga Facudade de Filosofia e Ciências Humanas – Fafich), a construção de dois prédios anexos e uma praça de convivência e de reflexão. Outro, a pequisa de conteúdo e produção de material que seria exposto no museu”, disse. “A vice-reitora sempre foi a coordenadora do projeto financiado pelo Ministério da Justiça. A UFMG, como executora, contratou uma construtora e a Fundep para executar a pesquisa. O contrato foi várias vezes aditivado e prorrogado. Até hoje não foi finalizado e os valores sempre aumentaram”, sustentou o delegado.
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