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Estado de Minas

Santuário de Nossa Senhora da Piedade vira basílica na Serra da Piedade

Ermida do século 18 dedicada à padroeira de Minas é o menor templo do mundo a receber o título concedido pelo papa. Igreja na serra também será consagrada


postado em 16/12/2017 06:00 / atualizado em 16/12/2017 07:25

O templo barroco foi consagrado pelo arcebispo Dom Walmor e recebeu o tintinábulo e a umbela, em cerimônia (foto: Beto Novaes/EM/D.A.Press)
O templo barroco foi consagrado pelo arcebispo Dom Walmor e recebeu o tintinábulo e a umbela, em cerimônia (foto: Beto Novaes/EM/D.A.Press)

Casa de salvação e de graças. A Serra da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, teve, na tarde de sexta-feira, o ponto alto das comemorações de 250 anos de peregrinação ao topo do maciço, onde está a imagem da padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade, esculpida por Antonio Francisco Lisboa. Seguindo os ritos do Vaticano, o arcebispo metropolitano, dom Walmor Oliveira de Azevedo, celebrou missa e presidiu a cerimônia de consagração da ermida, do século 18, que se chama agora Basílica Ermida da Padroeira de Minas Gerais – Nossa Senhora da Piedade. “Trata-se da menor basílica do mundo e temos que agradecer esse título, esse selo, ao papa Francisco. Este é um território do Vaticano, ligado à missão do sumo pontífice”, afirmou o arcebispo, que esteve à frente também da solenidade de dedicação do altar. O anúncio oficial do Vaticano ocorreu em 19 de novembro.


Na hora marcada para a cerimônia, às 15h, chovia no alto da Serra da Piedade, mas durante a cerimônia chegou o sol, o que deu ainda mais beleza ao complexo do Santuário Nossa Senhora da Piedade, que reúne história, cultura, paisagismo, espiritualidade e deverá receber até o fim do ano cerca de 70 mil pessoas. Como ocorre em todas as basílidas do mundo, a ermida ganhou, no altar, a Umbela e o Tintinábulo (veja quadro), além quatro cruzes nas laterias da capela-mor, representando os quatro evangelistas (São Marcos, São Mateus, São Lucas e São João) e mais cinco incrustadas, na mesa do altar, simbolizando as cinco chagas de Cristo.

Durante a celebração eucarística, por volta das 16h, dom Walmor ungiu com óleos as cruzes do altar e da mesa e incensou as insígnias, a Umbela e o Tintinábulo, ambos com 2,5 metros de altura, sendo que, no segundo, está escrito em latim sobre a base dourada: Basilica B.M.V Matris Pietatis in Caetea, que em português significa Basílica da Bem-Aventurada Maria Virgem Mãe da Piedade em Caeté. “Este selo é um compromisso com a verdade, o bem e a vida. Ao conceder este título a um lugar que congrega milhares de pessoas, o papa Francisco destacou uma pérola da fé e do Barroco Mineiro. Estamos muito felizes. A partir de agora, a cada dia 15, até 15 setembro de 2018, vamos rezar pela padroeira de Minas. Na data final, será a vez das solenidades na Igreja Nova das Romarias, erguida na década de 1970 e proclamada pelo sumo pontífice Basílica Estadual Nossa Senhora da Piedade – Padroeira de Minas Gerais. No país, apenas Aparecida (SP) tem dois templos com o mesmo título dado por um papa e Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, da Santa Sé.


REALEZA Na leitura dos ritos da Igreja, dom Walmor deu ênfase à “casa de salvação e de graça” e ressaltou que, nesse templo, todos devem abrir o coração para receber as graças de Deus. Disse ainda que a ermida fica num solo de um país com grandes riquezas, onde não deveria haver lugar para a pobreza e a miséria. “Basílica não é fantasia nem poder, mas significa a realeza de Cristo. Aqui, somos chamados a nos vestir da realeza de Cristo”. Na prática, elas são espaços muito especiais para os católicos, que podem receber indulgências ou “a graça de purificar o peso que os pecados têm sobre nós”.

A ermida recebeu muitos fiéis, que enfrentaram um pesado congestionado na rodovia BR-381, sentido Vitória (ES). A dona de casa Maria Helena Almeida veio de Sarzedo, na Grande BH, e lembrou que, no alto da Serra, as pessoas ficam mais próximas de Deus. “É muito bom estar aqui, mesmo enfrentando esta estrada”, disse. O aposentado Leonardo Sampaio Teixeira, da capital, levou a família, e afirmou que o título contempla uma “arquitetura maravilhosa”. Já o prefeito de Caeté, Lucas Coelho Ferreira. anunciou obras de revitalização para a praça, perto do restaurante, que terá o piso trocado e outras intervenções. “Aqui é um dos nossos principais pontos turísticos”. A cerimônia teve a presença do reitor do santuário, padre Fernando César do Nascimento, do vice-reitor, padre Carlos Antônio da Silva, do bispo auxiliar da Arquidiocese de BH, dom Vicente Ferreira, e da banda do 12º Batalhão do Exército.

HISTÓRIA A qualquer momento, no alto da serra, impossível não ficar admirando a paisagem marcada pelas montanhas, rios, casario. Mas é a ermida ou capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade, que é chamada de “magnífica arquitetura divina”, pelo segundo arcebispo de BH, dom João de Resende Costa (1910-2007). A fama do lugar teria começado entre 1765 e 1767, conforme a tradição oral, com a aparição de Nossa Senhora, com o Menino Jesus nos braços, a uma menina, muda de nascimento, cuja família vivia na comunidade de Penha, a seis quilômetros da serra. Nesse momento, a menina teria recuperado a fala.

O episódio tocou o coração do português Antônio da Silva Bracarena, então na colônia para ganhar dinheiro. Mas ele se converte e decide dedicar sua vida à construção de uma capela no lugar onde ocorrera o milagre. O singelo templo dedicado a Nossa Senhora da Piedade começa a ser erguido em 1767 e, mais tarde, ganha a imagem esculpida por um jovem de Ouro Preto, depois reconhecido como mestre do Barroco mineiro – Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

Nessa história de 250 anos, dom Walmor faz questão de destacar personagens importantes, a exemplo de padre José Gonçalves, irmã Germana, frei Luís de Ravena, monsenhor Domingos Evangelista Pinheiro, com suas religiosas auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, cardeal Motta, frei Rosário Jofylly, frade dominicano que ficou 51 anos à frente do santuário, e o missionário italiano padre Virgílio Resi. A consagração de Minas a Nossa Senhora da Piedade ocorreu em 1960, após o Papa São João XXIII reconhecer que Maria é a padroeira do estado.

 

INSÍGNIAS
DO VATICANO

» A Basílica Ermida da Padroeira de Minas Gerais – Nossa Senhora da Piedade recebeu, ontem, duas insígnias comuns às basílicas: a Umbela e o Tintinábulo.

» Nas cores vermelho e dourado, que remetem à Basílica São João de Latrão, em Roma, a umbela protege o Santíssimo Sacramento durante as procissões.

» O tintinábulo é um campanário portátil, com pequeno sino, que traz ainda o ícone da padroeira da basílica, o brasão do papa ou o do Vaticano. As igrejas do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade foram elevadas a essa condição após reconhecimento do papa Francisco.

 

Saiba mais

 

Espaço do
Cristo Rei
Basílica é um título concedido pelo papa, após análise da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, do Vaticano. De origem grega, a palavra deriva de basileus, que significa reis. “Para nós, portanto, é o espaço do Cristo Rei”, explica o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo. A partir do século 5, cresce o número dos cristãos e, para receber os fiéis em orações ou celebrações, teve início a construção de grandes templos aos quais deram o nome de basílica. No mundo, as basílicas maiores são quatro: as de São Pedro, São Paulo, Santa Maria Maior e São João de Latrão, em Roma, Itália. Todas as demais são chamadas basílicas menores. Hoje, conforme especialistas, o título tem um sentido peculiar, sendo dado a igrejas que preencham alguns requisitos: ter qualidades artísticas e ser centro de concentração religiosa e piedade do povo. Para merecer o reconhecimento, são necessários documento oficial do papa, sagração, coroação da imagem etc. Todas as demais basílicas no mundo são chamadas basílicas menores.


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