Jornal Estado de Minas

Ações contra o Aedes aegypti se intensificam com chegada do verão


O período mais favorável à proliferação do mosquito Aedes aegypti já começou, e junto dele chega o alerta para evitar o aumento do número de casos de dengue, chikungunya e zika. A palavra de ordem a partir de agora é mobilização geral para combater o inseto neste verão e evitar novos surtos país afora. Do corpo a corpo com a população ao investimento em campanhas e liberação de mais recursos para ações de campo, vale tudo na luta contra o vetor das doenças.

Neste mês, o governo federal coordenou uma Semana Nacional de Mobilização, com intensificação das ações em todas as capitais do país. O Ministério da Saúde informa que os recursos para intervenções de Vigilância em Saúde, incluindo o combate ao Aedes aegypti, tiveram incremento de 83% nos últimos anos, passando de R$ 924,1 milhões, em 2010, para R$ 1,7 bilhão, em 2016. No encerramento deste ano, a previsão é de que o orçamento repassado aos estados para esse fim chegue a R$ 1,93 bilhão.

Esse recurso é destinado à vigilância em torno das doenças que têm o mosquito como vetor, e é repassado mensalmente a estados e municípios. Desde novembro de 2015, foram destinados cerca de R$ 465 milhões a pesquisas e desenvolvimento de vacinas e novas tecnologias, ainda de acordo com a pasta.

As mobilizações em todo o país foram comandadas por ministros e outros representantes dos ministérios, além de autoridades dos governos locais e agentes de saúde. O objetivo é reforçar a conscientização sobre a importância de eliminar os focos do mosquito, especialmente antes da chegada do verão. Durante as ações promovidas em casas, escolas, órgãos públicos, canteiros de obras e outros houve distribuição de material educativo, visitas domiciliares, mutirões de limpeza, além de exposições educativas em escolas e outras ações voltadas para a conscientização de comunidades locais.

O último Levantamento Rápido de Índice de Infestação pelo Aedes aegypti (Liraa), atualizado no início do mês, mostrou que 4.552 cidades de todo o país fizeram a pesquisa.
Dessas, 2.833 apresentaram índices satisfatórios, ou seja, menos de 1% das moradias com larvas do mosquito em recipientes com água parada, de acordo com o Ministério da Saúde. Estão em alerta 1.310 municípios, com índice de infestação de mosquitos nos imóveis entre 1% e 3,9%, e 409 em risco, com mais de 4% das casas com infestação.

O Liraa, também conhecido como mapa da dengue, é tido pelas autoridades públicas como instrumento fundamental para o controle do mosquito. Isso porque, com base nas informações coletadas, o gestor pode identificar os bairros onde estão concentrados os focos de reprodução do mosquito, bem como o tipo de depósito em que as larvas foram encontradas.

O objetivo é que, com os dados do levantamento, os municípios tenham melhores condições de fazer o planejamento das ações de combate e controle do Aedes aegypti. Em Belo Horizonte, o levantamento apontou que a cada 100 imóveis pesquisados no mês passado, foram encontrados focos em 0,3%. A taxa representa metade da obtida em pesquisa feita no mesmo período do ano passado. Mesmo assim, o estudo mostrou que 86,7% dos criadouros estão dentro dos domicílios.

MOBILIZAÇÃO Para reforçar a importância da prevenção, o Ministério da Saúde lançou em novembro campanha de conscientização para o combate ao Aedes aegypti, que chama a atenção para os riscos das doenças transmitidas pelo vetor e convoca a população a enfrentar a ameaça. A ação é parte do projeto Combate ao Mosquito 2017/2018.

Em nota, a pasta informou que o objetivo é mostrar que o combate à proliferação do mosquito começa dentro da própria casa, como responsabilidade de cada um, podendo gerar mudança positiva na vizinhança.
O material alerta: “Um mosquito pode prejudicar uma vida. E o combate começa por você. Faça sua parte e converse com seu vizinho”.

A campanha usa depoimentos reais de três personagens que tiveram as vidas transformadas de alguma forma pelo mosquito: Luciano Alencastro, morador de Fortaleza (CE), que foi contaminado pelo vírus da chikungunya; Rosineide Mota, moradora de Bom Jardim (PE), que perdeu a filha por causa da dengue; e Irailde Paiva, moradora de Manaus (AM), que tem uma filha com microcefalia em decorrência do zika vírus na gestação.

Peças estão sendo veiculadas em meios de comunicação e redes sociais e, com mais frequência, em regiões com maior incidência de zika, dengue ou chikungunya. Também estão sendo distribuídos cartazes e panfletos informativos.

Como parte do mesmo esforço, hoje ocorre o dia de mobilização em todo o Brasil. Desde o início do mês, todas as sextas-feiras são celebradas como “Sexta Sem Mosquito” – uma data para mutirão de limpeza que busca mobilizar a comunidade, os órgãos públicos e privados e parceiros na luta contra focos de reprodução do mosquito.

LIMPEZA Em tempos de guerra ao mosquito, a aposentada Lúcia Maria dos Santos, de 77 anos, moradora do Bairro São Geraldo, na Região Leste de Belo Horizonte, se diz uma verdadeira “neurótica” na limpeza do quintal da casa. Ela teve dengue há cerca de oito anos e é categórica: não deseja isso para ninguém. Dona Lúcia é implacável: não deixa vaso debaixo das plantas, vira garrafas para retirar água parada, sacode plásticos, limpa as calhas do telhado e lava diariamente as vasilhas de água dos cães.

“Quando chove, vou correndo lá fora ver se algo está acumulando água e viro tudo. Já tinha muito cuidado, mas depois de ter a doença, passei a inspecionar ainda mais”, conta.
Para ela, a visita de agentes de zoonoses é fundamental, bem como as campanhas educativas. “Por mais que as pessoas já saibam sobre as doenças que, infelizmente, estão aí todo ano, é preciso alertá-las sempre dos cuidados a serem tomados”, diz.

NA REDE

 

Leia mais sobre a campanha de combate ao Aedes aegypti saude.gov.br/combateaedes 

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