Itabirito - As portas estão sempre abertas, gente do mundo inteiro é bem-vinda e há sempre um café coado na hora com pão de queijo quentinho para receber os visitantes. Na casa de Maria de Lourdes da Silva Martins Cardoso, em Itabirito, na Região Central, o período natalino começa bem cedo, lá pelo mês de junho, e termina quase na hora de iniciar o outro. Verdade. É que o presépio, senhor absoluto da varanda e agregador de toda a família, demanda muitos meses para ficar pronto e outro tanto para ser desmontado. De tanto gosto em recriar a vida de Jesus, Maria e José, a artesã moradora do Bairro Capanema ganhou o apelido de “Dona do Presépio” e fica feliz da vida. “É minha alegria, tradição que vem da minha avó. Respiro isso aqui”, conta Maria de Lourdes, casada há 36 anos com Faustino, mãe de Kelly Cristina, Maria Izabel, Danielli, João Paulo e Pedro Paulo e avó quatro vezes. “Todo mundo ajuda.
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Papai Noel de bike encanta moradores na Região Centro-Sul de BHHomem que perdeu a filha no Natal se veste de Papai Noel para alegrar crianças carentesCrianças internadas na pediatria da Santa Casa ganham passeio especialO entra e sai na casa é constante, chegam mineiros e estrangeiros, o que aumenta a excitação natural da época natalina. “Já veio até um japonês.
União
Os números referentes ao presépio de Maria de Lourdes são superlativos: cerca de 10 mil peças de tamanhos e materiais variados, colecionados durante décadas, ocupando 53 metros quadrados da varanda em forma de L, na Rua Gonçalves Dias, 102. Antes, a estrutura entrava pelo quintal, mas as chuvas de dezembro acabaram reduzindo a empreitada. Enquanto atende a uma família de Itabirito que acaba de atravessar o portão, Maria de Lourdes pede à neta Giullia Eduarda, de 15 anos, para fazer as honras da casa e atuar como guia. A adolescente sabe de cor e salteado a história do presépio, conhece as passagens da vida da Sagrada Família e faz comentários divertidos sobre a vida de uma cidade.O começo, logicamente, é pela gruta onde o Menino Jesus nasceu, com a manjedoura forrada de palha, José e Maria, o burro, o boi, os pastores e as ovelhas. Mas tem muito mais. Giullia mostra o restaurante, o circo, o hotel, a escola, o bazar e a fazendinha. Numa esquina, está o posto policial, perto uma cena de resgate aéreo, depois vem a devastação ambiental e a recuperação do verde, um pé de jabuticaba carregado de frutos e o cinema com uma surpresa: na tela tem filme de verdade, com um DVD portátil funcionando o tempo todo, informa Pedro Paulo, de 28, artesão, músico, operador de mineração e fã número 1 do presépio da mãe. “É símbolo de vida renovada”, diz Pedro Paulo.
Giullia continua a mostrar o presépio. “A ótica está fechada, pois é horário de almoço e o funcionário saiu. Os meninos jogam bola num campinho de várzea e o engenheiro verifica onde será a futura obra.
Uma das características marcantes do presépio de Maria de Lourdes é envolver o mundo contemporâneo no cenário da Natividade, cercando a gruta onde Jesus de acontecimentos que ganham páginas dos jornais, além de prédios e serviços que fazem a dinâmica de uma cidade – tanto que há uma minibanca com jornais e revistas. Desta vez, ela reservou espaço para uma fato de repercussão internacional, a tragédia de Janaúba, no Norte de Minas, que resultou em 13 mortes, sendo nove crianças, uma professora e auxiliares. Mas ninguém pense em chororô, pois a mensagem é de vida. Com retrato da professora e das crianças, há um grupo de meninos e meninas numa ciranda, “como devem estar brincando no céu”.
O tatuador Thiago Luiz Mendonça Damasceno, admirou o capricho com que o presépio é feito.