Jornal Estado de Minas

Crianças fazem a festa com Papai Noel no Restaurante Popular

O amoço, que envolveu 100 voluntários, teve no cardápio arroz, feijão, lombo, maionese, salada, maçã e suco de manga - Foto: Juarez Rodrigues/EM/DA PressUma palavra, um sorriso, um abraço. Mais que alimentar o corpo e ganhar presentes, para milhares de pessoas, o almoço de Natal gratuito oferecido pelo Restaurante Popular de Belo Horizonte é alento para a alma. Toneladas de alimentos, quantidades de brinquedos no superlativo, milhares de guloseimas e livros, centenas de voluntários, música e, claro, a estrela maior da festa, o Papai Noel, deixaram mais especial o dia de adultos e crianças. No endereço da Rua Ceará, no Bairro Santa Efigênia, na Região Hospitalar, a fila para entrar dobrou quarteirão. Na saída, a satisfação em cada olhar era prova de que tinha valido a pena.

A expectativa era receber entre 4 mil e 4,5 mil pessoas. Para quebrar a aflição de quem estava na fila, entraram em cena os Doutores Palhaços de Belo Horizonte, que participaram da festa no restaurante pelo segundo ano consecutivo. Quase 30 voluntários interagiram com quem aguardava a vez de entrar, fazendo brincadeiras e distribuindo pirulitos – 10 mil no total. As crianças foram à loucura.
“Nosso objetivo é trazer uma palavra, um abraço, um carinho, um olhar. Independentemente do Natal, isso deveria ser uma constante. Tem gente que não acredita quando a abraçamos”, diz a coordenadora do grupo, Juliane Bellico.

O ponto alto foi o encontro de Papai Noel com os doutores palhaços, momento em que a trupe é recrutada para continuar a festa no refeitório. Uma alegria só. Beijos, abraços, cantigas e muitas, mas muitas poses para fotos. Depois de uma luta e de ter a tradicional entrega de presentes no almoço do restaurante comprometida pela crise – até meados do mês, Mário de Assis, que há 20 anos encarna o personagem nessa comemoração, havia arrecadado poucas doações. Hoje, ele comemorou o resultado.
Conseguiu 14 mil brinquedos, 3 mil livros de literatura infantil e 100 voluntários. “Quer coisa melhor para Papai Noel sorrir? A crise não vai superar o amor nunca”, disse.

Pelo segundo ano consecutivo na festa, os Doutores Palhaços ajudaram a quebrar a aflição de quem aguardava na fila - Foto: Juarez Rodrigues/EM/DA PressNo refeitório, o cardápio agradou aos convidados. E haja fartura. Foram 470 quilos de arroz, 300 quilos de feijão, 700 quilos de lombo e 500 quilos de maionese. Teve ainda salada, maçã de sobremesa e suco natural de manga. Na cozinha, todos os trabalhadores (funcionários e ex-funcionários dos restaurantes populares) eram também voluntários. A preparação começou na noite do dia 24. Quatro pessoas, sendo um cozinheiro e três auxiliares de cozinha, viraram a meia-noite preparando as refeições.
E o restante da equipe chegou  às 7h. “Cada panelão, com capacidade para 300 quilos, cozinha em banho-maria, pois direto no fogo a comida queimaria”, explica o diretor dos Restaurantes e refeitórios Populares, Wellemy Nogueira Gonçalves. Para ele, a participação de quem está nos bastidores é outro ponto forte da festa. “É muito bonito as pessoas darem um pouco de seu tempo e amor aos mais necessitados. Distribuímos presentes, mas o maior deles é esse envolvimento”, afirma.

A pequena Alice de Souza, de 4 anos, entrou no restaurante ao lado de Papai Noel, toda sorridente. O único presente dela e do primo Bryan Lucas seria ganho ali. Ela queria uma boneca do desenho infantil Frozen e ele um carrinho de controle remoto. A avó, Maria de Fátima Rosa, de 40, conta que até hoje só perdeu um almoço de Natal no Restaurante Popular.

O menino Bernardo Vieira, de 6, estava com a irmã, Ana Clara Rodrigues Rocha Vieira, de 16, e a avó. Ele fez foto com Papai Noel e estava doido com mais um presente. A irmã dele contou que estava tudo preparado para o almoço em casa, quando a avó decidiu que a refeição seria fora.
“Moramos no Centro e almoçamos sempre aqui. Minha avó quis vir para ele ganhar presente”, disse. A aposentada Ermida Ramalho, de 70, estava na fila para se servir e de olho em um dos livros. “Almoço sempre aqui, mas é a primeira vez que venho para o Natal. Já até dancei com os Doutores Palhaços. Tem que ser alegre. Para que tristeza?”

Quem saiu carregado foi o vendedor Rogério de Souza Marques, de 43, com brinquedo para o filho Fábio Henrique, de 10, e a neta Sofia, de 7 meses, e mais quatro filhos que ficaram em casa. Ursos de pelúcia gigantes, bonecas, uma caixa com boneco de super-herói e livro. “O Papai Noel só passou aqui. Não tive dinheiro para comprar nada.
Sem contar que a comida estava maravilhosa. Valeu a pena.”
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