Jornal Estado de Minas

Grande BH tem quatro ônibus incendiados em oito horas


Onda de ataques a ônibus na Região Metropolitana de Belo Horizonte eleva a atenção e mobiliza as forças de segurança. Ao menos quatro veículos foram incendiados na Grande BH no intervalo de oito horas. Em nenhuma ocorrência os criminosos foram presos. Em um dos atentados, um bilhete foi entregue ao motorista em que os invasores dizem estar insatisfeito com o tratamento a presos da Penitenciária Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves.


A última ocorrência aconteceu no início da madrugada no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. De acordo com a Polícia Militar (PM), por volta das 0h um homem fez sinal para o motorista quando o veículo da linha 3050 (Estação Diamante/Hospitais Via BH Shopping) passou próximo a uma passarela. O condutor contou que abriu a porta e o passageiro começou a ameaçar a todos que estavam no coletivo.


Outras duas pessoas entraram no coletivo com um galão com combustível.
Eles pularam a catraca e mandaram o motorista encostar o veículo às margens da rodovia. Testemunhas contaram que os criminosos afirmaram aos passageiros para terem calma que não queriam machucar ninguém, apenas atear fogo. Quando o ônibus foi parado, eles esperaram todos os passageiros descerem e depois concluíram o ataque.


As chamas foram contidas pelo Corpo de Bombeiros. Viaturas da PM e da Via 040, concessionária responsável pela rodovia, fizeram o bloqueio do trânsito para evitar o risco de acidentes. Os criminosos fugiram e ainda são procurados.


Aproximadamente uma hora antes, outro ataque foi registrado em Belo Horizonte.

Desta vez, os criminosos pararam um coletivo no Bairro Goiânia, na Região Nordeste. Veículo estava parado no ponto final, na Rua Maria do Nascimento Abreu, quando bandidos atearam fogo nele. As chamas se alastraram e ameaçou atingir imóveis vizinhos.

Policiais militares do 16º Batalhão da PM chegaram rapidamente ao local, mas os criminosos conseguiram escapar. Militares do Corpo de Bombeiros foram chamados para conter o incêndio. Segundo os PMs, um dos incendiários deixou um bilhete com o motorista do coletivo, em que diz que o atentado seria uma resposta dos detentos da penitenciária Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, às ações da direção da unidade prisional.


Quase que no mesmo horário da ocorrência no Bairro Goiânia, outro ataque foi registrado em Contagem. Três homens embarcaram em um veículo da linha 810 (Bandeirantes/Maracanã via metrô). Um entrou pela porta da frente com uma arma de fogo, ameaçou o motorista e o mandou desembarcar.

Em seguida, o segundo entrou pela porta do meio e o terceiro pela porta traseira. Eles jogaram um líquido inflamável pelo veículo e atearam fogo. As chamas foram contidas com uso de extintor de incêndio. Mesmo assim, danificou a caixa de ar na parte traseira, parte do teto e bancos. Os criminosos fugiram em um carro branco e não foram encontrados.


O primeiro ataque aconteceu ainda na tarde de quarta-feira. Por volta das 16h, dois homens tentaram incendiar um ônibus na Avenida Olinto Meireles, Região do Barreiro. Eles alegaram que o objetivo não era machucar ninguém. Em seguida, atearam fogo no coletivo. Seis bancos e a parte da iluminação foram danificados.

Ninguém foi preso.


Prejuízos

Neste ano, já são 21 veículos queimados em BH, de acordo com a Empresa de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH). O número é quase três vezes maior do que registrado em 2016, quando oito casos de vandalismo foram registrados. De acordo com o Setra, um veículo queimado pode afetar a vida de 500 usuários a cada dia útil e causar um prejuízo de R$ 400 mil – contando com as tecnologias existentes em cada ônibus – uma vez que ele deverá, também, ser substituído por outro carro.


Ação contra vândalos


A onda de ataques a ônibus mobiliza as forças de segurança de Minas Gerais. De acordo com o major Flávio Santiago, chefe da sala de imprensa da PM, buscas estão sendo feitas pelos criminosos. “A PM já se articula para, junto ao sistema que envolve os órgãos que atuam na defesa, para desmobilizar os atores dos delitos”, afirmou. Segundo ele, a motivação para os ataques estão sendo apuradas.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Administração Prisional (SEAP) informou que não é possível estabelecer relação entre o fato ocorrido e o Sistema Prisional, até que a Polícia Civil conclua as investigações criminais. “A SEAP ainda destaca que todas as denúncias formalizadas são devidamente apuradas e tomadas às providências necessárias, observando normas e preceitos legais pertinentes, a exemplo do amplo direito de defesa e do contraditório”, completou.

 

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