A crise entre Polícia Civil e o Ministério Público do Estado de Minas Gerais, deflagrada pela Operação Fênix e que também acabou envolvendo a Polícia Militar, ainda não caminha para um fim, mas pelo menos colocou na mesma mesa as cúpulas das duas instituições e abriu o diálogo para busca de soluções. Porém, entre as cobranças está até mesmo a punição a promotores que coordenaram a ação, que resultou na prisão de 57 policiais civis mineiros, entre eles 10 delegados. Em reunião na manhã de quinta-feira, o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Antônio Sérgio Tonet, recebeu representantes do comando da Polícia Civil, incluindo o chefe da corporação, o delegado-geral João Octacílio Silva Neto, e o corregedor-geral, Gustavo Adélio Lara Ferreira, além de lideranças sindicais dos servidores da corporação.
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A Operação Fênix, realizada em 19 de dezembro, investiga a prática de crimes graves, tais como tráfico de drogas, obstrução de Justiça, formação de organização criminosa, entre outros, envolvendo mais de 100 pessoas, incluindo policiais civis e advogados. A ação foi conduzida pelo Ministério Público, com apoio de 150 integrantes da Polícia Rodoviária Federal e 500 policiais militares, para cumprimento de 200 mandados de prisão contra 136 pessoas – entre elas os 10 delegados, dois escrivães e 45 investigadores da Polícia Civil –, 121 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução coercitiva em cidades do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Sul de Minas.
A condução da operação, sem a participação de policiais civis, embora a corregedoria da corporação tivesse conhecimento sobre as investigações, despertou reações de grupos dentro da Civil.
A própria chefia da Polícia Civil informou que seu conselho superior considerou ter havido distanciamento dos preceitos da lei e de resolução conjunta entre as forças de segurança. O conselho, inclusive, informou que vai oficiar as instituições envolvidas para que todas as apurações sejam feitas com rigor, mas que ocorram “sem abusos”.
cautela e críticas Ontem, as assessorias da Polícia Civil e da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) informaram que não manifestariam sobre a questão, nem sobre a reunião com o Ministério Público. Já representantes sindicais que participaram do encontro foram cautelosos em seus comentários, não dando por finalizada a crise institucional. “Houve propostas para soluções, mas é um caso complexo, que não se resolve de imediato. Sugerimos a remoção dos promotores do Gaeco de Uberlândia. O Estado, as instituições devem estar acima dos interesses das pessoas”, disse o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Minas Gerais (Sindepominas), Marco Antônio de Paula.
Já o presidente do Sindicato da Polícia Civil (Sindipol), Denilson Martins, não viu suas expectativas atendidas. “A reunião foi razoável.
O procurador-geral Antônio Tonet, por sua vez, destacou a independência dos promotores na coordenação da Operação Fênix e ressaltou a participação da Corregedoria-Geral da Polícia Civil nas apurações. O chefe do Ministério Público mineiro reafirmou total confiança no trabalho dos promotores do Gaeco de Uberlândia, bem como na Polícia Civil. E acrescentou que “as investigações foram regularmente conduzidas, nos termos da ordem constitucional e legal. Todas as prisões preventivas e ordens de busca e apreensão foram autorizadas judicialmente e realizadas sob a supervisão direta dos promotores”, disse..