Criada em 2015, a rede do Padre Eustáquio surgiu a partir de uma reunião realizada na Rua Tuiuti com alguns moradores amedrontados, após uma onda de arrombamentos de casas e veículos que ocorreu nas redondezas. O whatsApp funciona como um meio de disparar alertas sobre crimes, atitudes suspeitas, entre outros eventos que possam ameaçar aqueles que vivem na mesma localidade. Os participantes também se orientam sobre a ação da PM, além das circunstâncias em que se deve acioná-la.
“Isso gera nas pessoas uma atenção preventiva, um senso de autoproteção.
RIGOR Vanessa é também a responsável por administrar a rede, atividade que conduz com notável organização e mãos de ferro.
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COLETIVIDADE O aplicativo de mensagens mais popular do mundo – atualmente com um bilhão de usuários ativos por dia – também tem funcionado como ferramenta de promoção de segurança dentro de condomínios. No Residencial Assunção Life, no Bairro Camargos, Região Oeste da capital, por exemplo, a organização dos moradores no whatsApp evitou que a queda de um muro fizesse vítimas no início de dezembro.
Em 4 de dezembro, um deslizamento de terra destruiu um muro próximo a três prédios do conjunto – composto de 34 blocos e 680 apartamentos. Por causa do deslize, 62 famílias tiveram que deixar seus apartamentos.
A aposentada ressalta ainda como a rede reforça o senso de coletividade entre seus vizinhos em situações diversas. “Somos muitos moradores. O conjunto é uma minicidade. Então, ficamos de olho nas pessoas que circulam por aqui e nos alertamos sobre fatos estranhos por meio do grupo”, relata.
Residente do Bairro Sagrada Família, na Região Leste de BH, Pedro Cunha participa de uma comunidade virtual bem menor. Criado em 2015, tornou-se mais ativo desde que uma ex-moradora sofreu um assalto à mão armada na porta de seu edifício. “Desde então, tomamos o cuidado de sempre avisar, pelo grupo, quando alguém deixa o portão aberto, por exemplo. Não fosse o grupo de whatsApp, demoraríamos muito mais tempo para descobrir deslizes como esse, que nos deixam tão expostos.
APROXIMAÇÃO Especialista em Segurança Pública, o capitão da PMMG Romie Lopes Pereira afirma que a corporação vê com bons olhos os grupos virtuais organizados pela sociedade civil para a promoção da segurança. Em muitos deles há, inclusive, policiais inseridos, caso da rede do Padre Eustáquio.
O capitão frisa, contudo, que participar desses coletivos não substitui discar 190 sempre que necessário. “O grupo de whatsApp não serve para chamar a polícia. Mas, dentro das redes de segurança, muita gente aprende, inclusive, o papel de cada órgão diante de circunstâncias de motivam crime, medo e desordem”, alerta..