Jornal Estado de Minas

Com duas mortes, Mariana intensifica ações contra febre amarela e alerta para o carnaval

A prefeitura da cidade histórica de Mariana, na Região Central de Minas Gerais, deu mais detalhes das duas mortes por febre amarela registradas no município. As vítimas tinham mais de 60 anos. A vacinação foi intensificada e o município também pede que os turistas que tem Mariana como destino no carnaval procurem se imunizar antes da viagem. As ações foram o tema de uma entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira. 

As mortes por febre amarela em Mariana foram confirmadas ontem pela Secretaria de Estado de Saúde. Em todo o estado, já são 11 casos da doença no ciclo 2017/2018. O secretário Municipal de Saúde de Mariana, Danilo Brito, informou que as vítimas são um homem de 65 anos que morava no distrito de Cláudio Manoel, e uma mulher de 69 de outro distrito, Águas Claras. Eles morreram no início de janeiro e não tinham se vacinado. 

Segundo ele, na segunda quinzena de dezembro do ano passado, três macacos foram encontrados mortos na zona rural de Mariana, sendo dois no subdistrito de Ponte do Gama (ainda sendo examinados na Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte), e outro em Engenho Queimado, que teve a morte confirmada por febre amarela. As localidades fazem divisa com Barra Longa, município onde outras duas mortes foram confirmadas. 

Considerando que a maior parte dos moradores dos distritos e subdistritos é composta por idosos, a prefeitura realizou a vacinação de outra forma.
“Não fizemos a campanha para ir aos postos. Fomos até as comunidades rurais, levamos nossas equipes até estas  regiões com um médico de atenção primária. Precisamos do profissional médico porque quem tem acima de 60 anos só pode ser vacinado com consulta. O médico orienta se pode ou não. Assim, conseguimos ampliar mais ainda”, explica o secretário Danilo Brito. As equipes, então, percorreram as comunidades de Águas Claras, Cláudio Manoel, Monsenhor Horta, Cachoeira do Brumado e seus subdistritos. Conforme a prefeitura, atualmente, 96% da população de Mariana está imunizada. 

Vamos intensificar essas informações (de combate e prevenção), divulgar para a população na sede, que não é nosso foco, mas torna-se, porque às vezes o cidadão está aqui, vai para a zona rural e é contaminado lá.
Todos esses casos estamos tratando como febre amarela silvestre”, diz o secretário de Saúde de Mariana. Já neste fim de semana, haverá campanha de vacinação para os moradores em dois locais: na Central de Vacinação de Mariana, na Rua Santa Cruz, e no Programa Saúde da Família (PSF) Cabanas, no bairro de mesmo nome. No sábado, a vacinação será das 7h às 16h. No domingo, das 7h ao meio-dia. Caso seja necessário, a campanha pode ser realizada novamente no próximo fim de semana. 

O secretário Danilo Brito também destaca que durante o carnaval as pessoas de deslocam mais, o que é uma preocupação. Assim, a imunização antes da folia também será foco da divulgação. Ele lembra que é importante se vacinar antes de viajar. “Somente após 10 dias a vacina começa a fazer efeito”, enfatiza.
“Temos vacinas em quantidade razoável para atender a população. Vale ressaltar que em Minas Gerais é dose única. Não é fracionada como em São Paulo e na Bahia”, destaca. 

TRAGÉDIA DE MARIANA No início do ano passado, a bióloga Márcia Chame, da Fiocruz, levantou a possibilidade de o surto de febre amarela em Minas Gerais ter relação com o rompimento da barragem do fundão em Mariana, em 2015.  A hipótese tem como ponto de partida a localização das cidades mineiras em que se identificaram na época os casos de pacientes com sintomas da doença. Grande parte estava na região próxima do Rio Doce. O Ministério da Saúde acompanhava a tese. Questionado, o secretário disse que a teste ainda não foi descartada pela câmara técnica que acompanha os impactos do desastre, mas ressalta que a bióloga também diz que este não é o único motivo, considerando também mudanças de temperatura e desequilíbrio no meio ambiente. “Particularmente acredito que colaborou muito, mas não podemos afirmar ainda, não há estudos. Estamos discutindo, há instituições fazendo levantamentos”, comentou o secretário Municipal de Saúde, ressaltando que não tem conhecimento técnico na área. 
.