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Estado de Minas

Estrutura deteriorada compromete recomposição dos rios afetados na tragédia de Mariana

Problemas foram encontrados em ações de fiscalização dos órgãos ambientais do estado. Fundação Renova deverá encaminhar documentações que comprovem ações para mitigar os danos encontrados


postado em 13/01/2018 06:00 / atualizado em 13/01/2018 09:17

Contenção contra entrada de rejeitos no Gualaxo já não funcionava em novembro(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Contenção contra entrada de rejeitos no Gualaxo já não funcionava em novembro (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A deterioração das estruturas de recomposição do solo, contenção de rejeitos e drenagem implantadas emergencialmente pela Samarco e posteriormente pela Fundação Renova ao longo dos rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce são os principais problemas encontrados em ações de fiscalização dos órgãos ambientais do estado. Os dados relativos ao estado das bacias atingidas em 2015 pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, constam do relatório da terceira e quarta edições da Operação Watu, palavra que significa Rio Doce na língua dos Krenak. De acordo com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), a Fundação Renova, que foi criada para gerenciar e implantar as ações de reparação socioambientais deverá encaminhar documentações que comprovem ações para mitigar e sanar os danos encontrados. Em 4 de dezembro, a reportagem do Estado de Minas denunciou exatamente este tipo de situação.

O Rio Gualaxo do Norte, em Mariana, foi o manancial mais atingido pelo tsunami de 37 milhões de metros cúbicos (m3) de lama e rejeitos de mineração liberado pelo rompimento do reservatório. É, também, o que apresenta mais áreas carentes em ações ou com intervenções que precisam ser reparadas ou refeitas, de acordo com o relatório dos cerca de 10 fiscais que atuaram na operação pela Semad em maio (fase três), agosto e setembro (fase quatro). Ao todo, foram 12 trechos vistoriados entre o complexo minerário da Samarco, no município histórico, e a Barragem de Candonga, no município de Rio Doce. O relatório foi divulgado no fim de dezembro.

Muitas situações não resolvidas ainda preocupavam os agentes fiscalizadores. No Gualaxo, setores do rio que tinham previstos contenções de pedras, receberam apenas o plantio de vegetais estabilizadores diretamente nos rejeitos. Ilhas de acúmulo de rejeito, bem como praias formadas por esse material e sua expansão para baixadas de alagamento “encontram-se ainda mais expostas, devido ao aporte (carreamento) de sedimentos e ao período de estiagem (menos água para cobrir à disposição)”, aponta parte da vistoria. Barrancos erodidos chegaram a ceder, causando assoreamento e aumento da turbidez em alguns pontos.

Além desses problemas que não receberam soluções, foi apontada degradação de estruturas contratadas e instaladas, mas que já se encontravam arruinadas. Segmentos do rio estruturados com sistemas de drenagens acabaram destruídos por cheias e enxurradas, possibilitando a ocupação dessas áreas por cargas volumosas de rejeitos. Foi constatado que as canaletas de drenagem, as paliçadas e os retentores de sedimento se encontravam assoreados e necessitavam manutenção. Há recomendações para remoção de rejeitos e recuperação de áreas, sobretudo de brejos que não são recuperáveis apenas com a semeadura. Muitos vegetais plantados para dar firmeza às margens não resistiram e morreram, perdendo suas folhagens. Em certos trechos a semeadura para a revegetação não se desenvolveu, sendo recomendado pela Semad a escolha de novas espécies.

No Rio do Carmo, já no município de Barra Longa, a área de refluxo, a recuperação observada pelos agentes da Operação Watu ainda está limitada às intervenções iniciais (emergenciais), com obras estruturais e revegetação com mix de sementes para estabilização do solo e pastagens. Foi encontrado, também, o alastramento dos processos erosivos nas margens, mas, ao mesmo tempo, notou-se uma “redução da pluma de rejeitos na confluência dos rios do Carmo e Gualaxo do Norte”.

A Fundação Renova informou, por meio de nota, que acompanha todas as fases da operação para a supervisão das ações de reabilitação ambiental. “As recomendações realizadas pela Semad serão atendidas dentro do prazo determinado. A Fundação Renova reitera ainda que concluiu, recentemente, as obras de reabilitação ambiental dos rios principais e afluentes de sua área de abrangência, e vai passar, em 2018, para a última fase, que corresponde à recuperação das florestas nativas e à adequação ambiental e produtiva das propriedades rurais afetadas pelo rompimento da Barragem do Fundão”.


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