O rei Momo nunca mais será o mesmo depois deste carnaval. A se concretizarem as expectativas dos organizadores oficiais da festa, o chefe da folia vai precisar de mais cetim para a fantasia, ouro na coroa e sorriso ampliado para receber tanta gente e dinheiro circulando. De acordo com a Empresa Municipal de Turismo Belotur, a movimentação financeira no período de programação – 27 a 18 de fevereiro – deverá alcançar cerca de R$ 530 milhões, cifra 30% superior àquela registrada no ano passado, quando a receita proveniente dos gastos dos moradores da capital chegou a R$ 255 milhões e outros R$ 91 milhões foram dispendidos pelos turistas.
Leia Mais
Esquentando as baterias para o carnaval, blocos começam a festa nas ruas de Belo HorizonteConfira os blocos de carnaval que prometem movimentar BH neste sábadoCom duas mortes, Mariana intensifica ações contra febre amarela e alerta para o carnaval Sofreu assédio no Carnaval? Site vai coletar denúncias e orientar foliãs de Ouro PretoAmbulantes do carnaval de BH recebem credenciais na semana que vemMoradores e comerciantes não apoiam eventos pré-carnavalescos no Gutierrez Escola de samba de BH prepara desfile inspirado na PampulhaInscrições para desfiles de blocos caricatos e escolas de samba terminam nesta quarta-feiraTumulto e quebradeira em clube; veja vídeoHomem mata casal com facadas e pauladas por causa de dívida em BetimMulher acusa garçom de assédio: 'Enfiou os dedos dentro da minha roupa'Semana será de tempo instável e temperaturas altas em Minas GeraisA previsão para 2018 é de que a cidade receba R$ 3,6 milhões de pessoas, dispostas a pular nas ruas ao som de todos os ritmos, o que significa aumento de 20% frente ao público registrado no ano passado. A capital registrou em 2017, segundo a Belotur, 65% de foliões de Minas e 35% do restante do país.
O presidente da seção mineira da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Ricardo Rodrigues, aposta num crescimento de 20% de movimento no setor. “Muitos estabelecimentos ficaram fechados no ano passado e os que estavam abertos não deram conta de atender o público. Ficou muita gente de fora. Então, muitos resolveram abrir as portas no período. “ Rodrigues adiantou uma novidade que, certamente, vai aliviar o corpo e o espírito no meio da muvuca.
Resultado da política da descentralização dos eventos, que beneficiam as diversas regiões de BH, está o maior número de palcos. Castro explica que serão sete ao todo: além dos programados para Praça da Estação, Avenida Brasil e Rua Guaicurus, na Região Centro-Sul, haverá no Barreiro, Venda Nova, Norte e Leste/Nordeste e na Avenida Belém. Esse acréscimo faz girar a roda da economia, pois, segundo Castro, implica mais quatro sonorizações, quatro iluminações e outros serviços.
Para ajudar a sanar uma das maiores queixas de quem sai nos blocos – e mais ainda da população, que é obrigada com a conviver com o cheiro de xixi pelas ruas –, a PBH vai instalar 14 mil banheiros químicos nos pontos de desfile e concentração. No ano passado, foram 10 mil.
Comércio entra no ritmo
Quem está à frente dos blocos vê o crescimento da folia e pede mais, certo de ela não tem volta. “Precisa melhorar muito a infraestrutura e também o patrocínio para os blocos. O carnaval movimenta muito dinheiro, mas o grande negócio é a alegria do folião”, acredita Guilherme Lopes, um dos fundadores do bloco Beiço do Wando, que está em seu terceiro carnaval e, no ano passado, arrastou cerca de 40 mil pessoas no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de BH.
Quanto mais banheiros e lixeiras, melhor”, afirma Catarina Furst, uma das organizadoras do Ziriguidum Stardust, que homenageia o cantor e compositor David Bowie (1947-2016). Com isso concorda a publicitária Meg Freitas, fã número um da farra que mudou a história da festa na capital: “Precisamos de muitos banheiros químicos durante os desfiles, pois moradores e turistas não merecem o cheiro de urina que fica na rua”. Comandando a bateria do Garota eu vou pro Califórnia, o regente Maurílio Rabello, o Badá, elogia a descentralização dos desfiles e explica que encontrou no financiamento coletivo (www.evoecultural.com/garotaeuvouprocalifornia) e venda de camisas a solução para manter a bloco na rua.
A menos de duas semanas da abertura oficial do carnaval em BH, as lojas de fantasias começam a ganhar fluxo de consumidores à procura de fantasias. “Mas ainda está no início”, conta Jensen Prates, gerente da Mega Festas. Na loja instalada na Rua da Bahia, as primas Carolina Prisci, gestora de saúde, e Ana Paula Moreira Braga, enfermeira, escolhiam os trajes para sair nos blocos e experimentavam cocares de penas coloridas.
FARRA COMPLETA Centenas de pessoas passaram, na manhã e início da tarde de ontem pelo espaço No Ponto Espetinhos, na Rua Diabase, no Bairro Prado, na Região Oeste, onde o bloco Beiço do Wando, que toca músicas do compositor mineiro Wando (1945-2012), fazia o ensaio da bateria de 300 integrantes. Muita gente jovem e bonita, cerveja gelada e fila na porta para entrar no clima e preparar o astral para a folia. A pedagoga Nathália Mendonça, que toca surdo, lembrou que antes as pessoas viajavam nessa época. Agora, há muitas atrações. “Carnaval é aqui!”, definiu.
Com o sol escaldante da manhã, só mesmo uma praia – nem que fosse no pensamento. Por isso, no Bairro Califórnia II, na Região Noroeste, a bateria do Garota eu vou pro Califórnia chamava os moradores para se molhar na maré da alegria, ao som dos repiques, caixas, surdos e outros instrumentos. “Estamos no segundo ano e vamos desfilar no dia 3, no Califórnia I. Nosso forte é o axé, a música baiana, mas não pode faltar Garota eu vou pra Califórnia, de Lulu Santos”, ressaltou o regente Badá.
Uma família veio do Bairro Serra Verde, na Região de Venda Nova, para saudar a temporada. “Está muito bom”, disse Maria Vitória Gomes, de 16, ao lado da mãe, Ildete Gomes, dos tios Cleonice Gomes, e Wellington Rabello e Marco Antônio Rabello, de 63. As gerações estavam em sintonia: “Temos que resgatar as marchinhas”, destacou Marco Antônio, mestre de obras.
.