Jornal Estado de Minas

Escalada da febre amarela em São Paulo coloca cidades mineiras da divisa em alerta

- Foto: Arte EMEm meio ao alerta máximo no estado de São Paulo, Belo Horizonte confirmou ontem a primeira morte por febre amarela. Trata-se de um homem de 53 anos, que não era vacinado, tinha baixa imunidade e, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMSa), foi contaminado numa cidade da região metropolitana, caracterizando mais um caso importado da doença. Nova Lima também confirmou mais um óbito por febre amarela e decretou situação de emergência no município. Assim, sobe para pelo menos 13 o total de óbitos em Minas Gerais no período 2017/2018. Centros de saúde de BH estarão abertos no sábado para vacinação contra a febre amarela. Em todo o país, são pelo menos 38 mortes pela enfermidade. Baixa cobertura vacinal na divisa de Minas Gerais com São Paulo eleva atenção na região.

O óbito de BH e o anunciado ontem por Nova Lima, o quinto na cidade da região metropolitana, ainda não constam no último boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), divulgado anteontem, que confirma um total de 11 mortes e 12 pessoas infectadas. O paciente morava no Barreiro e estava internado no Hospital Júlia Kubitschek, na mesma região.
Ele morreu na quinta-feira da semana passada. Segundo fonte da secretaria municipal, o homem contraiu a doença num sítio em Brumadinho. A cidade vizinha teve dois casos confirmados de febre amarela, sendo que um paciente morreu (o primeiro óbito do período 2017/2018 em Minas). A pasta informou que as ações de contenção, como trabalho de zoonoses e intensificação da vacina, foram feitas logo depois que recebeu a notificação do caso suspeito, um dia antes da morte.

As medidas contemplaram vistorias para retirada de focos do mosquito Aedes aegypti (transmissor da doença e também de dengue, zika e chikungunya) em 520 imóveis perto da casa da vítima. Anteontem, foi encontrado um macaco morto no Buritis, bairro próximo ao Barreiro. Ainda não há confirmação se ele estava contaminado. De acordo com a pasta, quando são encontrados primatas mortos, sinal de circulação do vírus em determinada região, ou diante de algum caso suspeito de febre amarela humana, a área de zoonoses de cada regional faz um pente-fino num raio de 200 metros do local onde foi achado o animal, de forma a eliminar possíveis focos do Aedes, que em ambiente urbano pode transmitir a febre amarela.

No Barreiro, houve ainda um trabalho de mobilização da vizinhança e aplicação de inseticida contra o vetor.
As ações de controle vetorial se unem às de educação em saúde e sensibilização de moradores para a eliminação de focos do mosquito. É verificada também a situação vacinal da população. Quem não tomou qualquer dose da vacina nem está no grupo para o qual a proteção é contraindicada é orientado a ir a um centro de saúde.

No restante do estado, o alerta também está ligado. Isso porque 12 das 28 regionais de Saúde são apontadas pelo governo do estado como área de atenção: elas têm cobertura vacinal inferior a 80% e estão mais longe da meta de vacinação (95%). Cinco delas fazem divisa com o estado de São Paulo: Ituiutaba (73,1%), Passos (74,49%), Alfenas (75,51%), Varginha (74,6%) e Pouso Alegre, que tem a menor cobertura do estado (66,69%), de acordo com a SES.

PERIGO O último boletim da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo aponta 69 casos confirmados da doença e 21 óbitos. No período 2017/2018, foram confirmados 430 macacos com a doença em território paulista. Desde julho de 2016, ocorreram 2.491 óbitos ou adoecimentos de primatas, sendo 617 animais com diagnóstico positivo para a febre amarela, de acordo com as análises laboratoriais do Instituto Adolfo Lutz – 61,5% deles na região de Campinas. A área faz divisa com o Sul de Minas e inclui as cidades mineiras de Extrema e Gonçalves, onde foram encontrados macacos com mortes confirmadas pela doença (Veja mapa).

Em entrevista coletiva ontem, em Brasília, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Antônio Carlos Nardi, garantiu que não faltarão doses para imunização da população.
“Temos vacina suficiente para toda a população brasileira caso seja necessário”, afirmou. De acordo com o ministério, neste ano, apenas em janeiro, foram repassados 8,8 milhões de doses da vacina a estados de todo o país. Ao longo de todo o ano passado, foram 45 milhões e, desde o início de 2017, são disponibilizadas doses extras às unidades da federação que registram casos suspeitos.

Além das 21 mortes em São Paulo, Rio de Janeiro confirmou três óbitos, Bahia um, e o Distrito Federal, um. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, as vacinas serão aplicadas em doses fracionadas para agilizar a vacinação, de acordo com o governo federal. Minas Gerais ficou de fora do pacote. De acordo com Antônio Nardi, o estado não foi incluído porque hoje tem “altíssimas coberturas vacinais”. Em todo o estado, 81,89% da população foi imunizada, o que significa 3,6 milhões de pessoas ainda desprotegidas.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais informou ontem que mantém a recomendação de que, diante da ocorrência de casos suspeitos ou morte de primatas por febre amarela em determinada região ou município limítrofe à localidade, a intensificação vacinal deverá ser iniciada imediatamente. E deve ser feita prioritariamente nos domicílios do entorno dos casos suspeitos, sendo estendida por todo o município. É feita casa a casa, com verificação do cartão de vacina.

Ontem, após três casos suspeitos e cinco óbitos confirmados pelo município por febre amarela, a Prefeitura de Nova Lima decretou situação de emergência em saúde pública em decorrência da doença. Na cidade, as quatro localidades atingidas foram Honório Bicalho, Galo, Santa Rita e Cascalho.
Mata do Engenho – próximo a Macacos – e Alto do Goia estão sob suspeita. No último fim de semana, Nova Lima fez campanha de vacinação.

SERVIÇO Os 152 centros de Saúde de Belo Horizonte vão abrir, no sábado, das 8h às 17h, para vacinação contra a febre amarela. Também vai funcionar o Serviço de Atenção ao Viajante (Rua Paraíba, 890, Savassi).



Músico pode ter sido infectado


Internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, o músico Flávio Henrique, presidente da Empresa Mineira de Comunicação, pode ser mais uma vítima da febre amarela. A informação foi divulgada pelo produtor cultural Afonso Borges, amigo do cantor e compositor, em seu perfil na Facebook. O hospital, entretanto, não confirmou o diagnóstico. O Estado de Minas também tentou contato com a mulher do músico, sem sucesso. A informação sobre a doença de Flávio Henrique começou a circular na segunda-feira nas redes sociais. Amigos e parentes se engajaram em campanha para mobilizar doadores de sangue para o paciente. Publicados no Facebook, os posts informavam que o presidente da EMC deu entrada na sexta-feira no hospital, com dores de cabeça e  mal-estar e que o quadro teria evoluído, com sintomas de dengue hemorrágica ou febre amarela, com comprometimentos hepáticos. No fim de semana, foi transferido para o CTI..