Vítor Santana, cantor e compositor, era amigo há 16 anos do Flávio. A família pediu que ele a representasse. “Pra gente, foi um choque. Em sete dias você perde uma pessoa que estava no auge da vida e das suas capacidades... Ele estava em um novo casamento e vários projetos. Ele era um cara que agregava. Ele foi vítima de um processo brutal de descaso de saúde pública, um negócio do século 19. Ele não tinha uma doença. Foi uma fatalidade. ”, descreveu. O amigo contou que Flávio era compositor e participou de diversas campanhas políticas.
“São mais de 180 músicas gravadas por vários intérpretes brasileiros. Era parceiro do Milton Nascimento, parceiro do Zeca Baleiro. As principais cantoras do Brasil têm o Flávio como um dos principais compositores. Então, nós estamos arrasados. Mas, vamos fazer deste momento um momento de luz, de positividade. Ele era um cara muito alegre. Se ele estivesse aqui, ele não estaria desabando, ele estaria construindo outro ambiente” disse.
Ele contou que os amigos e familiares passaram a virada do ano no sítio em Brumadinho, na Grande BH – onde foi o provável local que ele contraiu a doença. “Fica na Aldeia Cachoeira da Serras. Havia 40 dias que ele tinha comprado a casa. Era a casa dos sonhos, com um grande piano. Já estávamos com plano de gravar discos ali”, lembrou o amigo.
O secretário de Estado de Cultura, Ângelo Oswaldo, também marcou presença no velório. “Uma verdadeia tragédia para a secretaria da cultura. É um abalo profundo para os meios culturais de Minas e do país. Ele era um grande músico, deixa um repertório maravilhoso. Ele já era um artista consagrado que se mostrou um ótimo gestor. Muito competente, inovador e eficiente. Ele demarcou um caminho com ética”, disse. Ele contou que esteve com Flávio na última quinta-feira, quando participou de um programa na Rede Minas. O secretário disse que ele se queixou de dor de cabeça e febre. Na mesma noite, ele se internou no hospital.
O rapper Flávio Renegado também foi prestar as últimas homenagens. “Grande parceiro, amigo. Fica o sentimento de tristeza. Em pleno século 21 você ter febre amarela matando as pessoas. É um negócio inconcebível”, contou. Eles trabalharam juntos há quatro anos: “gostaria de ter feito outros trabalhos com ele.”
O velório começou às 16h desta quinta-feira, no Hall da Sala Minas Gerais, que fica na Rua Tenente Brito de Melo, 1.090, Barro Preto, na Região Centro-Sul. Foi aberto ao público a partir das 17h30. A previsão do enterro é para as 9h de sexta-feira, no Cemitério Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra, Região Oeste de Belo Horizonte.
Outras mortes
Com a morte do músico, sobe para 16 o número de óbitos em decorrência da febre amarela em Minas Gerais e 22 casos confirmados; 59% deles no entorno da capital. O falecimento do músico deve constar nos próximos boletins da Secretaria de Estado de Saúde.
Os números podem ser ainda maiores, já que a Prefeitura de Viçosa, na Zona da Mata, também confirmou a morte de um morador da cidade. O estado investiga ao todo 46 notificações, sendo que dessas, oito resultaram em óbitos ainda não apurados. Na Fundação Ezequiel Dias (Funed), trabalhos de identificação do vírus estão a todo vapor.