Todo ano a história se repete: puxões de cabelo, beijos forçados e toques indesejados pelo corpo. Diante dos inúmeros casos de assédio e abusos contra as mulheres durante o carnaval, uma campanha na internet propõe reunir os relatos de pessoas que passaram por essa situação.
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BH respira Carnaval nos ensaios dos blocos de esquinaCarnaval 2018 deve movimentar R$ 530 milhões em Belo HorizonteCemig alerta foliões sobre cuidados com a energia elétrica no carnavalAlunas da UFMG denunciam casos de assédio no Câmpus SaúdeCarnaval em Minas Gerais terá todo efetivo da PM nas ruasLançada ano passado no Recife, a campanha Aconteceu no Carnaval chega agora a Minas Gerais, com ações planejadas para as ruas de Ouro Preto, na Região Central. A proposta é fazer um levantamento que aponte os locais mais inseguros para as mulheres e os tipos de assédios mais recorrentes.
A iniciativa foi criada pelos coletivos Meu Recife e Mete a Colher, com o objetivo de dar voz às vítimas e expor a naturalização do assédio no carnaval. Os depoimentos são compartilhados anonimamente pelo site e devem conter informações sobre o local onde aconteceu, a data, além da descrição do tipo de assédio sofrido.
Com esses relatos, será possível categorizar os principais tipos de assédio e exigir das autoridades políticas que previnam a violência de gênero durante a folia. O levantamento da campanha propõe mapear os locais mais inseguros, já que não existem dados específicos sobre esse tipo de violência, o que, segundo os organizadores, é fundamental para prevenção e enfrentamento do problema.
Além da ação na internet, a campanha conta também com trabalhos de conscientização nas ruas. Ano passado, Recife teve cartazes espalhados pela cidade com os dizeres “Meu corpo não é folia de ninguém” e também foram distribuídas pulseiras às mulheres orientando-as a denunciar os casos de abuso.
Já para Minas Gerais, a mobilizadora da campanha no estado, Hellen Guimarães, explica que as ações serão concentradas em Ouro Preto. “Todo trabalho é voluntário e, como moro nessa região, consegui mobilizar uma parceria com o Movimento de Mulheres Olga Benário e o coletivo Muna para promover algumas ações de conscientização nas ruas da cidade”, conta.
Segundo Hellen, nos dias da folia uma equipe vai distribuir panfletos informativos sobre assédio, com orientações sobre condutas inadequadas e também instruções sobre como as mulheres podem denunciar os abusos, e a importância de registrar o boletim de ocorrências.
“A ideia é que eu consiga parceria com bloquinhos feministas de Belo Horizonte para implementar uma ação na capital também”, completa.
A proposta da campanha, no entanto, não é substituir a denúncia, que deve ser feita na Delegacia da Mulher, tampouco o acompanhamento psicossocial à vítima realizado pelos centros de referência. “Assédio é crime! A campanha foi criada para acabar com o silenciamento e dar importância às histórias de mulheres que sofreram algum tipo de assédio nos dias de festa. Os dados recolhidos servirão para cobrarmos do poder público mais segurança para nós mulheres”, argumenta Hellen.
INICIATIVA
Ano passado, a campanha realizada no Recife reuniu 66 relatos entre fevereiro e março. As denúncias chegaram até a equipe por meio do uso da hashtag #AconteceuNoCarnaval nas redes sociais e por comentários em posts.
De acordo com levantamento da campanha, os casos de violência sexual aumentaram 88% no carnaval. O resultado dos relatos apontam a omissão de socorro policial e um número grande de assédio a casais de mulheres.
Mulheres de todo país podem entrar no site www.aconteceunocarnaval.org e deixar seus depoimentos. Este ano, a expectativa é impactar mais de 4 milhões de pessoas e reunir mais de 5 mil relatos de janeiro, quando começa o pré-carnaval, até o final do mês de fevereiro.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho.