Poliéster em vez de metal. Essa foi a saída encontrada pela BHTrans para tentar evitar o “sumiço” de placas de trânsito indicativas e de advertência na cidade, creditados pela empresa a acidentes de trânsito, desgaste natural dos equipamentos e furtos. O material começa a ser implantado nas vias do entorno do Complexo da Lagoinha a partir de março. Com as placas à base de plástico, a empresa espera reduzir os furtos que, somados aos de cabos de semáforos, provocam prejuízos para os cofres públicos e impõem riscos a quem transita de carro ou a pé.
Em 2016 e 2017, a BHTrans gastou com trocas de placas R$ 1,973 milhão. Motoristas e pedestres também terminam atingidos pelos furtos, especialmente no caso de cabos de semáforos, e precisam redobrar a atenção nos cruzamentos da cidade, além de refazer as rotas diárias para fugir dos problemas. Somente neste início de ano, segundo a BHTrans, já são 20 registros de casos em que os sinais operaram em flash, foram desativados ou apresentaram falhas de execução devido aos atos criminosos.
Entre as vias com maior incidência de furtos de cabeamento dos semáforos e placas está um dos principais corredores de Belo Horizonte: a Avenida Antônio Carlos, que liga a Região da Pampulha ao Centro da capital. Das 20 ocorrências da primeira quinzena do ano, cinco foram registradas na via e uma em se deu no cruzamento da Rua Alcobaça com a Avenida no Bairro São Francisco.O horário de registro dos problemas junto à BHTrans também apresenta semelhanças: em 13 dos casos, a empresa foi notificada entre as 5h30 e as 7h.
Segundo os criminosos levam qualquer tipo de material. “Roubam tudo que se coloca na rua, pois tem um valor para revenda e são atraídos por isso. Levam grupos focais, que são caixas metálicas onde estão os focos luminosos, tanto para pedestre, quanto para veículos, fiação de energia e de comunicação entre os semáforos, placa comum de regulamentação. No caso desta última, o roubo é menor devido ao tamanho e ao fato de o material ser alumínio”, afirmou.
RECEPTADORES Para o diretor, a solução é identificar e punir os receptadores dos materiais. “Só há esses furtos se houver receptação. Estamos fazendo a nossa parte. Todos os dias ficamos como gato e rato, correndo atrás para restabelecer o funcionamento dos semáforos. Estamos tomando o cuidado de fazer o Reds (Registro de Eventos de Defesa Social). Temos que confiar e torcer que a PM e a Polícia Civil se unam e consigam investigar esse crime”, completou.
Para a Polícia Militar, a principal medida que pode contribuir para diminuir a incidência do furto de cabos e também das placas de trânsito, é uma operação mais ostensiva nos chamados ferros-velhos, estabelecimentos dedicados à comercialização de sucatas. “É um crime estruturado pela receptação que, em grande maioria, é feita pelas oficinas, que acabam adquirindo esses produtos de origem duvidosa. Se não houver a receptação, não haverá interesse para o furto”, explicou o tenente Cleverton Gonçalves, lotado no 34º Batalhão de Polícia Militar.
FISCALIZAÇÃO Operações de fiscalização nos estabelecimentos estão sendo desencadeadas, segundo a Polícia Militar, em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte e o Corpo de Bombeiros em ferros-velhos da Avenida Pedro II e nas Praças do Peixe e Antônio Vaz de Melo no Bairro Lagoinha. As ações ocorrem conforme previsto no Código de Posturas (Lei 8.616/2003) que, nos artigos 227 e 230, estabelece que o exercício de atividade não-residencial depende de prévio licenciamento. “A atividade a ser desenvolvida deverá estar em conformidade com os termos do documento de licenciamento, dentre eles os referentes ao uso licenciado, à área ocupada e às restrições específicas. Em caso de descumprimento, o proprietário do estabelecimento pode ser multado no valor que varia de R$ 408,04 a R$ 4.422,81”, informou a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSU). Segundo a pasta, a fiscalização é rotineira, mediante a planejamento e atendimento às demandas do cidadão.
Responsável pela investigação criminal, a Polícia Civil afirmou que os casos envolvendo o furto de cabos de semáforos são encaminhados para as delegacias da área onde a ocorrência foi registrada e investigadas de forma pontual. Ainda conforme informado pela assessoria de imprensa da corporação ao Estado de Minas, os trabalhos investigatórios, além de buscar os autores dos crimes, também visam identificar os receptadores desses materiais.
Dentro disso, a visita de policiais para os trabalhos de investigação em ferros-velhos também está nos trâmites da Polícia Civil durante a apuração do inquérito criminal. As investigações sobre essa prática, no entanto, são morosas e é difícil encontrar os responsáveis pelos crimes. Conforme mostrado pelo EM, em 24 de agosto de 2017, cabos foram furtados de semáforos na Avenida Álvares Cabral e causaram um nó no trânsito da região. Sobre este caso, que já caminha para o quinto mês do registro, a corporação apenas informou que as “investigações seguem em andamento.” *Estagiário sob supervisão da subeditora Rachel Botelho