A entidade, fundada há mais de 50 anos, já foi palco de reuniões importantes, nas quais foram tomadas decisões de grande interesse do estado e do país, e recebeu nomes de destaque na política nacional como os ex-presidentes Tancredo Neves e Itamar Franco. Agora, por causa de dívidas, corre o sério risco de chegar ao fim e o seu majestoso prédio poderá ser vendido para quitar os débitos. Esta é a situação do Automóvel Clube de Montes Claros (Norte de Minas).
Nesta segunda-feira, à noite, será realizada uma assembleia dos sócios efetivos do clube, tendo como pauta a proposta de “dissolução” da entidade, cujo nome oficial é “Brasil – Sociedade Cultural, Recreativa e Esportiva – Automóvel Clube de Montes Claros. O clube acumula dívidas que somam cerca de R$ 600 mil. Foram feitas outras tentativas para quitar os débitos, sem sucesso. Por isso, será votada a proposita dissolvição, que, se for aprovada, vai representar o fim da sociedade recreativa, com a transferência do seu patrimônio para particulares. O prédio está localizado em frente a uma praça, em ponto valorizado no Centro da cidade.
O Automovel Clube foi inaugurado em 1964. Além de festas, antigos bailes de carnaval e espetáculos artísticos, o prédio já sediou eventos públicos de destaque como as reuniões de governadores do Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Foi numa das reuniões da Sudene no local que em 1984, Tancredo Neves participou de um últimos eventos públicos de destaque antes de deixar o Governo de Minas para concorrer à Presidência da Republica no Colégio Eleitoral, no qual derrotou Paulo Maluf em janeiro de 1985.
Os problemas financeiros e a dificuldade de sobrevivência do Automovel Clube de Montes Claros já perduram há mais de uma década. Conforme o presidente do Conselho Deliberativo da instituição, Newton Figueiredo, inicialmente, o clube tinha 1.500 sócios.
Em 2013, o Automóvel Clube enfrentou uma grave crise financeira por causa das exigências de normas de segurança contra o fogo, feitas pelo Ministério Público Estadual e pelo Corpo de Bombeiros, após a tragédia do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS). O clube ficou mais de 10 meses fechado, tendo que cancelar contratos de eventos. Como não tinha recursos para custear as reformas exigidas pelo MP e Corpo de Bombeiros, lançou uma “taxa de melhoria”, no valor de R$ 3 mil, à época, para ser paga pelos seus sócios.
Acontece que, dos cerca de 400 associados que estavam aptos, revela Newton Figueiredo, a maioria não concordou em pagar a taxa, se desligando do clube. Somente 75 sócios efetivos aceitaram o pagamento, o que não foi suficiente para quitar os débitos.
Figueiredo informou que recentemente, integrantes do Conselho Diretor do Automovel Clube fizeram uma proposta de dissolução da associação, como proposta para pagar as dívidas. O Conselho Deliberativo, por 14 votos a 4, recusou a proposição e decidiu pela criação de uma comissão especial, com objetivo de buscar uma alternativa para o pagamento dos débitos, sem a necessidade de acabar com o clube.
No entanto, revela o presidente do Conselho Deliberativo, a comissão especial não conseguiu uma solução. Por isso, foi marcada para esta segunda-feira assembléia para uma nova decisão. Se a proposta da dissolução for aprovada, os 75 sócios efetivos ficarão responsáveis pelo passivo, mas também ficarão com o ativo.
Neste caso, eles poderão transformar o clube em casa de evento particular ou vender o imóvel (toda a construção parte dela) para pagar as dividas. A reportagem tentou junto a um corretor de imóveis levantar o valor atual de mercado do Automovel Clube de Montes Claros. Mas, ele disse é preciso ser feita uma avaliação mais detalhada, tendo em vista que o imóvel tem frente para uma praca e saidas três ruas na região central da cidade.
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