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Estado de Minas

UPAs de Belo Horizonte fazem paralisação por mais segurança

Sindicato diz que foram registrados 309 episódios de violência contra pacientes e funcionários desde junho do ano passado


postado em 30/01/2018 10:57 / atualizado em 30/01/2018 14:46

(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Pelo menos sete das nove Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) de Belo Horizonte aderiram a uma paralisação para pedir mais segurança. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) informou que a paralisação seria das 7h às 12h desta terça-feira. Após este horário, a situação deve ser normalizada nas unidades. 

O protesto conta com o apoio do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) e do Conselho Municipal de Saúde. Conforme o Sindibel, de junho do ano passado a 19 de janeiro deste ano, foram registrados 309 episódios de violência envolvendo pacientes e funcionários. 

A entidade diz que a maioria dos centros de saúde funciona sem porteiros e profissionais de segurança, nem vigias à noite e aos fins de semana. A falta de monitoramento físico acabou gerando, segundo eles, aumento dos furtos, arrombamentos, agressões e assaltos a funcionários e usuários dentro das unidades. 

(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
“Nas UPAS (Unidades de pronto-atendimento) que funcionam como verdadeiros hospitais, 24 horas por dia, não existe segurança especializada. Isso somada à falta de estrutura física adequada, deixa o risco para a integridade física de usuários e servidores permanente”, explica o Sindibel. 

Entre as reivindicações de médicos e servidores das unidades estão a criação de um plano de segurança, implantação de sistema de segurança eletrônico com câmeras monitoradas pela guarda municipal, além de profissionais de segurança e vigilância em tempo integral nas UPAs e nos centros de saúde. 

Nesta manhã, os sindicatos fizeram um ato concentrado na Upa Norte, no Bairro Primeiro de Maio. "Aqui a situação é pior. Já tivemos registros até de tiroteio dentro, colocando em risco a vida dos funcionários e dos usuários. Além da infraestrutura que não é boa," explicou o presidente do Sindibel, Israel Arimar, ao explicar a escolha da unidade para a concentração dos atos.

O em.com.br apurou que apenas as UPAs do Hospital Odilon Behrens e Centro-Sul atenderam normalmente pela manhã. “O que está chegando para mim dos movimentos das unidades é que pelo menos consta que nenhum servidor parou efetivamente”, diz a gerente de urgência e emergência da Secretaria Municipal de Saúde, Suzana Rates.

“Em algumas unidades houve classificação de quadros urgentes e não urgentes. Os não urgentes estão sendo encaminhados aos centros de saúde”. Segundo ela, além da UPA Odilon Behrens e Centro-Sul, as unidades Barreiro e Oeste estão atendendo normalmente, e nas UPAs Venda Nova, Nordeste, Leste e Pampulha há classificação. 

Estratégias 


Sobre as reivindicações, Suzana afirma que as unidades contam com porteiro 24 horas e rondas da Guarda Municipal. Ainda segundo ela, a violência nas unidades de saúde é um dos temas das reuniões quinzenais realizadas com os servidores. “A gente tem um plano e seguimos com nosso plano que tem sido discutido com os trabalhadores. O primeiro que pactuamos é a construção de um instrumento de notificação de violência sentidas. A partir dessas notificações,  começamos a compreender melhor esse fenômeno, se é alguma coisa externa, é de trabalho, para implementar estratégias”, explica. 

Segundo ela, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial tem monitorado os episódios de violência e elegendo algumas regionais como prioritárias para implementar ações da Guarda Municipal. “Começou na UPA Noroeste. Prevê desde a capacitação da Guarda aos servidores, como vão enfrentar determinados conflitos. Eles podem evitar violências antes de acontecer. Saber abordar um conflito ele previne a ocorrência”.

Questionada sobre as estratégias em relação aos episódios que não envolvem conflitos de pacientes com funcionários e médicos, como arrombamentos, assaltos e tiroteios, Suzana diz que são questões de responsabilidade da Secretaria de Segurança e que as ações deles serão expandidas para as demais regionais da cidade. “Estamos abertos ao diálogo. Temos essa mesa quinzenalmente, a gente vem estabelecendo estratégias para melhorar e conscientes que temos tem um desafio enorme. A violência urbana é desafio para as grandes metrópoles”, finalizou. 

Investimento insuficiente 

 
O presidente do Sinmed-MG, Fernando Luiz de Mendonça, por sua vez, descordou de Suzana Rates. Conforme o sindicalista, a prefeitura de Belo Horizonte  tem ignorado os problemas de insegurança nas unidades de saúde desde a retirada dos porteiros dos centros de saúde e da Guarda Municipal das Upas.

"Esse é movimento é suplicando por segurança na rede de saúde pública de BH. Os casos só aumentam e hoje já chegam em duas ocorrências por dia. O prefeito (Alexandre Kalil) durante a campanha dele veio na Upa Norte e gravou até vídeo reclamando da estrutura, voltou ano passo e reafirmou os problemas, mas até agora não fez nada. Queremos uma medida preventiva, porque são os usuários e profissionais que fizam expostos todos os dias," contou Fernando que trabalhou como pediatra na unidade por 20 anos. 
 
Sobre a criação do sistema para a notificação dos casos de violência, Fernando acredita que não é o suficiente. "O sistema de notificação é sub-utilizado. Para ver isto é só tentar ligar lá na prefeitura, no 156, e tentar notificar alguma coisa. Outro problema é que a Polícia Militar não faz registro de ocorrência porque dizem que o crime tem que estar em andamento. A Guarda Municipal antes fazia o registro, mas agora também adotou um posicionamento de não fazer.  Então, a prefeitura precisa reconhecer o problema e fazer algo efetivo, nem que seja a implantação de guardas municipais, monitoramento por câmeras," afirmou o presidente do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais.

Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) explicou sobre obras de UPAs da capital que estão paralisadas. Sobre a UPA Norte I, informou que os serviços estão paralisados desde maio de 2016. “Este empreendimento é uma das prioridades da atual gestão. No momento aguardando a captação do recurso que está em condução pela Secretaria Municipal de Saúde junto ao BID”, afirmou. Sobre a UPA Nordeste II, que será construída no Bairro Ipiranga, onde as obras estão paralisadas desde 2015, a administração municipal informou que “a empresa que executava as obras solicitou distrato do contrato. Orçada em aproximadamente R$2,06 milhões, a conclusão deste empreendimento é uma das prioridades da atual gestão, entretanto, aguarda-se definição de recursos”, concluiu.

Já sobre a UPA Pampulha, disse que está orçada em aproximadamente R$ 11 milhões. Para o início dos serviços, a prefeitura aguarda captação de recursos. Ainda não há definição para início de obras. “Importante destacar que, no ano passado a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura concluiu reformas em obras em 51 centros de saúde distribuídos nas nove regionais”, finalizou.

*Estagiário sob a supervisão da subeditara Jociane Morais 


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