Jornal Estado de Minas

Dívidas provocam fechamento do Automóvel Clube de Montes Claros

Em assembleia na segunda-feira à noite, a maioria dos efetivos decidiu pela dissolvição da sociedade do Automóvel Clube de Montes Claros, no Norte de Minas. Com isso, a partir de agora, o clube deixa de existir, ficando seu patrimônio e os débitos sob responsabilidade de seus sócios. Segundo uma das participantes da reunião, eles deverão pagar R$ 600 mil e colocar o patrimônio à venda.



A assembleia contou com mais de 30 participantes e a proposta da dissolução foi aprovada por ampla maioria, com apenas dois votos contrários. A entidade, que foi fundada há mais de 50 anos, já foi palco de reuniões importantes, nas quais foram tomadas decisões de grande interesse do estado e do país, e recebeu nomes de destaque na política nacional, como os ex-presidentes Tancredo Neves e Itamar Franco.

Com a dissolução, o clube passa a pertencer ao sócio efetivo como patrimônio particular, conforme estabelece seu estatuto. Uma comissão foi formada para definir o que fazer a partir de agora, mas, de acordo com o que apurou a reportagem, eles deverão montar estratégia para pagar as dívidas e colocar o patrimônio à venda. O clube acumula dívidas que somam cerca de R$ 600 mil.

Os problemas financeiros e a dificuldade de sobrevivência do Automovel Clube de Montes Claros já perduram por mais de uma década. Segundo o presidente do Conselho Deliberativo da agremiação, Newton Figueiredo, inicialmente, o clube tinha 1.500 sócios. Há mais de 10 anos, cerca de 900 associados tiveram as cotas canceladas por inadimplência.



O Automóvel Clube foi inaugurado em 1964. Além de festas, antigos bailes de carnaval e espetáculos artísticos,  já sediou eventos públicos de destaque, como as reuniões de governadores do Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Foi numa das reuniões da Sudene no local que, em 1984, Tancredo Neves participou de um últimos eventos públicos de destaque antes de deixar o governo de Minas para concorrer à Presidência da República no Colégio Eleitoral, quando derrotou Paulo Maluf, em janeiro de 1985.