Jornal Estado de Minas

Baixa cobertura vacinal desafia combate à febre amarela em Minas Gerais

- Foto: Arte EM
Entrando para o segundo mês do surto de febre amarela deste ano, a vacinação continua sendo um desafio em Minas Gerais. O estado se mantém com 83% de cobertura vacinal. Apenas quatro de suas 28 regionais de saúde bateram a meta de imunizar 95% da população. Falhas de preenchimento do sistema responsável pelas informações, ou recusas em tomar a dose são as principais explicações. Ontem, chegou a 43 o número de mortes em decorrência da doença. Embora ainda fora do boletim oficial da Secretaria de Estado de Saúde (SES), as prefeituras de Santo Antônio do Aventureiro e Senhora de Oliveira, ambas na Zona da Mata, Barbacena e Itabira, na Região Central, confirmaram uma morte em cada cidade. Em Belo Horizonte, foi grande a movimentação no Serviço de Atenção ao Viajante, na Região Centro-Sul da capital, de pessoas em busca da vacina e do cartão internacional.

Pouso Alegre, no Sul de Minas, é a Superintendência Regional de Saúde com a menor cobertura vacinal (69,37%), segundo o último boletim epidemiológico da SES. Na divisa com São Paulo, onde a doença já matou 52 pessoas, dois macacos foram encontrados mortos pela enfermidade desde julho de 2017, quando se iniciou o segundo ciclo da doença – um na cidade de Gonçalves, em agosto, outro em Extrema, em novembro.

A regional ainda não tem casos de febre amarela em humanos.

Na Regional de Ponte Nova, a cobertura de vacina é de 73,65%, índice que já aumentou para 76%, de acordo com a última verificação da equipe local, feita na segunda-feira. A enfermeira e especialista em políticas em saúde pública da superintendência Dádiva Rodrigues informa que os municípios estão divididos em três categorias. Na primeira, é intensificada a rotina normal de vacina onde não há rumor de mortes de primatas nem suspeita de casos em humanos.

Na segunda, na qual estão 13 cidades da região, a vacina ocorre de casa em casa na zona rural e é intensificada na urbana. Na terceira categoria, em que se enquadram cidades com confirmação da doença, a imunização de casa em casa se estende para a área urbana. Estão nessa modalidade Alvinópolis, Porto Firme, Guaraciaba, Viçosa, Barra Longa e Ponte Nova, que registraram uma morte cada. “Ano passado, em pleno surto, intensificamos a vacinação em 22 municípios e teve gente se recusando a tomar. Num segundo momento, depois que passar esse novo surto, temos que lançar no sistema, que é recente, o cadastro de pessoas que se vacinaram antes de sua implementação.
Com certeza, a cobertura vai aumentar”, diz Dádiva.

Na Regional de São João Del-Rei, no Campo das Vertentes, a cobertura está em 74,86%. A referência epidemiológica da superintendência, Fernando Vilela, disse não sabe explicar o motivo desses números. Já o diretor da Regional de Pedra Azul, Francisco de Oliveira Carvalho, espera que os 75,07% de cobertura deem um salto nos próximos dias. “São os números que estão no sistema, mas trabalhamos para ver se houve vacinas que não foram lançadas, já que estamos com todo mundo em campo novamente, indo de casa em casa. Nossa intenção é zerar para ficar livre desse fantasma”, afirma. Segundo ele, a recomendação aos municípios é que todos verifiquem no sistema para ver se ficou algo sem digitar. “Acreditamos que as pessoas foram vacinadas, porque as doses que recebemos foram distribuída.” 

MORTES
Na Regional de Leopoldina, na Zona da Mata, onde a vacinação está em 76,08%, foi confirmada a primeira morte, pela Prefeitura de Santo Antônio do Aventureiro, que recebeu ontem o laudo da Fundação Ezequiel Dias (Funed). Trata-se de um homem de 49 anos, natural da cidade.
Ele morava em Xerém, no Rio de Janeiro, e chegou ao município mineiro em 29 de dezembro. De acordo com a secretária municipal de Saúde, Maria Eni Resende Cunha, o homem compareceu ao posto de saúde no dia 8, passando mal. Ele foi encaminhado ao Hospital São Salvador, em Além Paraíba, e de lá, para a Casa de Caridade Leopoldinense, em Leopoldina. Morreu no último dia 22. A secretária diz que será necessário investigar o local de provável contaminação, pois a família relata que ele chegou do Rio já se sentindo mal.

Na cidade de 3,6 mil habitantes, um macaco foi encontrado morto em dezembro passado, infectado. A cobertura vacinal local é de 98,88%. “Um ou outro que não se vacina  o mosquito pica. Fizemos vacinação em massa desde o ano passado. Muitas pessoas, incluindo moradores de área de mata mesmo, assinaram termo de responsabilidade de não tomar vacina. Agora, alguns voltaram para tomar.
A gente vai na casa, as equipes estão na rua, mas não podemos aplicar à força”, ressalta a secretária.

Ainda na Zona da Mata, a Prefeitura de Senhora de Oliveira informou que a Funed confirmou na noite de ontem o diagnóstico positivo de febre amarela de um homem, de 42. Morador da cidade, ele morreu no dia 25.

Na Regional de Barbacena, houve o segundo óbito. Na página do Facebook, o secretário de Saúde e Programas Sociais de Barbacena, José Orleans da Costa, divulgou nota informando sobre a morte,  no sábado, de um morador de Piranga, de 57. O laudo da Funed, que ficou pronto ontem, também deu diagnóstico positivo da enfermidade para um paciente de 48, morador de Piranga, internado desde o dia 22 no Hospital Regional de Barbacena. Piranga já teve dois outros pacientes confirmados com a doença e um óbito. A Regional de Barbacena tem 80,38% de cobertura vacinal. Itabira confirmou ontem a morte de um homem de 42 anos pela moléstia. Ele era morador da zona rural e se recusou a tomar a vacina..