Os dias seguidos de chuva em Belo Horizonte trazem uma preocupação para o carnaval da cidade por causa dos riscos de ocorrências durante a passagem dos blocos de rua. Se a previsão dos meteorologistas se confirmar, a folia será embaixo de água. Para tentar levar mais segurança aos foliões, a prefeitura iniciou há uma semana o trabalho de poda ou supressão de árvores que correm risco de cair. Elas estão, principalmente, nos percursos das agremiações nas nove regionais da cidade. Ao todo, serão aproximadamente 120 espécimes cortadas. O alerta é respaldado pelos números durante os temporais que atingiram o município desde o final do ano passado. De 29 de dezembro até 21 de janeiro, foram 76 quedas de árvores registradas, média de três por dia. Somente ontem, o Corpo de Bombeiros atendeu a 12 ocorrências deste tipo na Grande BH.
Os problemas com quedas de árvores são antigos e já provocaram mortes na capital. Somente nas regiões Centro-Sul e Pampulha são 1,8 mil espécimes condenadas. A operação de poda e supressão pré-folia acontece pelo segundo ano seguido na capital mineira. Em 2016, a medida foi necessária devido a infestação do inseto Euchroma gigantea, conhecido como besouro metálico. Na época, 1,8 mil árvores também corriam o risco de cair. Por isso, algumas foram suprimidas, podadas e monitoradas.
Ontem, durante a chuva intermitente, que chegou a ficar forte em alguns momentos, árvores caíram na Grande BH. O Corpo de Bombeiros atendeu 12 ocorrências. Uma delas foi no Bairro Novo das Indústrias, na Região do Barreiro. A árvore de grande porte caiu e danificou uma casa durante a madrugada. Os militares foram até o local e cortaram o tronco e os galhos. Os moradores foram retirados durante o trabalho para evitar acidentes. Na Região Centro-Sul de BH outro espécime caiu e interditou parcialmente o trânsito na Avenida Bias Fortes, na pista em direção à Praça Raul Soares.
Dados da Prefeitura de Belo Horizonte mostram que no período entre 29 de dezembro e 21 de janeiro, foram registradas 76 quedas de árvores em todas das regiões da cidade. O número é contabilizado a cada 15 dias, por isso não há um número atualizado até hoje. Segundo o Corpo de Bombeiros, somente nos últimos cinco dias os militares atenderam 55 ocorrências.
Outra preocupação com a chuva intermitente que atinge a capital é com deslizamentos e quedas de muros, que são provocados, entre outros motivos, devido ao solo encharcado. No fim da noite de anteontem, uma casa foi interditada no Bairro Taquaril, na Região Leste, por ter a estrutura exposta após o desabamento de um muro. Segundo a Defesa Civil, existe a possibilidade de alteração de sua estabilidade, o que motivou a interdição total da casa, que fica no Beco Sempre Viva. Os moradores foram notificados para providenciar avaliação técnica e adotar medidas para minimizar os riscos. Os moradores foram para a casa de parentes.
Uma outra casa, desta vez no Bairro Suzana, Região da Pampulha, foi atingida por um deslizamento de terra ocorrido na manhã de ontem. A Defesa Civil informou que uma parede do imóvel foi danificada.
AINDA TEM MAIS Somente nos dois primeiros dias do mês, o acumulado de chuva em Belo Horizonte foi de 77 milímetros (mm), o que equivale a 41% da média para o período, que é de 188,4 mm. A regional Venda Nova foi a mais atingida com 41% do volume esperado para fevereiro, de acordo com a Defesa Civil. Outras regiões que tiveram maiores índices foram a Oeste, com 57,8 mm (39%), seguida pela Nordeste 56,8 mm (33%), Noroeste 54,2 mm (35%) e Pampulha 42,4 mm (26%). De acordo com o Instituto Tempo Clima Puc Minas até o fim de semana a capital deve ultrapassar 50% do volume esperado para mês.
A chuva trouxe o frio para Belo Horizonte. Devido a cobertura de nuvens, a temperatura caiu na capital mineira. Ontem, segundo o Instituto TempoClima PUC Minas, os termômetros não marcaram acima de 21,8°C. Na semana passada, em comparação, a temperatura máxima registrada na capital foi de 31,3°C, na Regional Pampulha. Hoje, a máxima não deve ultrapassar os 25°C, com umidade relativa do ar em 65%. No decorrer dos próximos dias, o tempo permanecerá encoberto de nuvens com pancadas de chuva isoladas na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Há risco de tempestade com acentuado volume pluviométrico na capital. As chances de chuva serão maiores entre o final da tarde e início de noite.
De acordo com o Instituto Tempo Clima, até o próximo dia 9, quando ocorre a saída para o carnaval, vai chover em boa parte do estado, incluindo a Região Central de Minas, onde acontecem as principais folias. “Espera-se acentuado volume pluviométrico no Noroeste, Norte, Nordeste e Leste de Minas Gerais. A massa de ar relativamente frio que vem do sul do país provoca ligeiro declínio na temperatura do ar em parte do estado”, informou o instituto. (Com informações de Guilherme Paranaiba)
* Estagiária sob supervisão da
subeditora Regina Werneck