A promessa de proteção contra a “besta” no dia do apocalipse era o principal argumento com que líderes da seita religiosa conhecida como Comunidade Evangélica Jesus, a Verdade que Marca atraía fiéis, que eram submetidos a longas jornadas de trabalho, sem remuneração. A comunidade foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) realizada em Minas Gerais, São Paulo e Bahia, em conjunto com o Ministério do Trabalho, para apurar os crimes de redução de pessoas a condição análoga à de escravo, tráfico de pessoas, estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, que podem levar a até 42 anos de prisão. Ao menos 13 pessoas foram detidas.
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As investigações apontaram que os fiéis eram atraídos em uma igreja de São Paulo e levados para as comunidades, onde eram submetidos a trabalho escravo. Também prestavam serviços em diferentes comércios ligados a seita.
Os líderes da seita utilizavam a religião para atrair os fiéis. “A promessa é que a besta está vindo e que dentro das comunidades não iria alcançá-los no dia do apocalipse e no juízo final. É sempre um argumento religioso. É um processo de lavagem cerebral que dá muita pena nas pessoas. Eles realmente acreditam que se saírem dali o governo colocará um chip na cabeça deles. Na tevê deles, chamam os agentes estatais de objeto do demônio”, disse o delegado.
Os alvos da operação eram os líderes da quadrilha.
As investigações tiveram início em 2011, quando a seita migrava as atividades de São Paulo para Minas Gerais. Dois anos depois, foi deflagrada a operação Canaã, em que as propriedades rurais e empresas foram inspecionadas. Em 2015, a segunda fase da ação, chamada de “De volta para Canaã”, terminou com a prisão de cinco dos líderes da seita.