Um homem que usava nomes de delegados e da Polícia Civil para aplicar golpes foi preso por agentes do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc). José Eustáquio Menezes Júnior, conhecido como “Junior PC” ou “Grego”, de 42 anos, enganava pessoas oferecendo curso e prometendo uma vaga de emprego em unidades prisionais, sem concurso público. Já foram identificadas mais de 85 vítimas. O prejuízo total já chega a R$ 100 mil. O homem, que nega o crime, foi apresentado na manhã desta sexta-feira.
As investigações começaram depois que o delegado Wagner Pinto, chefe do Denarc, recebeu a informação de que seu nome estava sendo usado pelo criminoso para aplicar os golpes. “Chegou ao meu conhecimento de que ele usava o meu nome e do delegado Christiano Xavier, sob o argumento que estávamos coordenando um projeto através da Polícia Civil, para um curso visando a contratação de pessoas para trabalhar em unidades prisionais”, explicou o delegado.
De acordo com o inquérito, as pessoas interessadas no projeto deveriam ter curso superior e pagar uma taxa de inscrição. O valor variava entre R$ 670 até a R$ 820. “Seria um golpe buscando regimentar essas pessoas e buscar alcançar a taxa de inscrição. O curso jamais iria existir, porque não existe este projeto no âmbito da Polícia Civil de Minas Gerais”, disse Wagner Pinto.
Os investigadores levantaram informações sobre o criminoso e conseguiram chegar até ele. Quando foi abordado, Grego reagiu e chegou a ferir os policiais. Na casa dele, vários produtos foram encontrados, até mesmo materiais utilizados por policiais civis. Nas redes sociais, ele se passava por membro da corporação. “Ele reagiu a prisão e agrediu os policiais, que acabaram lesionados. Na residência, encontramos uma camisa da Polícia Civil, uma bolsa usada por policiais, documentação de diversos indivíduos e munição. Por isso, ele acabou preso em flagrante por resistência e posse ilegal de munição”, comentou o chefe do Denarc. Além desses crimes, um inquérito foi aberto para apurar o estelionato.
De acordo com Wagner Pinto, o homem age desde setembro. Já foram identificadas 85 vítimas e o prejuízo de R$ 100 mil. Os pagamentos das inscrições eram realizados em contas poupança que estavam em nome de terceiros. Grego tinha ajuda de uma mulher para chegar até as pessoas interessadas no curso. A polícia tenta identificá-la. “Queremos ver se ela também foi ludibriada por ele, ou se agiu com ardil para aplicar os golpes. Acreditamos que novas vítimas vão aparecer”. José Eustáquio já tinha passagens por porte ilegal de arma de fogo, violência doméstica, e falsidade ideológica.
Perfil das vítimas
As vítimas já identificadas pela Polícia Civil são pessoas esclarecidas, segundo o delegado. Todas têm curso superior. “Geralmente no estelionato, a vítima tem o interesse de alcançar alguma vantagem. Certo é que, como se dizem, os olhos grandes são que fazem a vítima de estelionato serem seduzidas pelo golpe. São pessoas de nível superior, bem informada, que acabam caindo no golpe pelo serviço fácil”, concluiu Wagner Pinto.