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NÃO AO DESPEJO Enquanto isso, não há nenhum sinal da presença das autoridades para resolver a situação da ocupação mais recente, que fica às margens do Anel. Batizada de Vila Esperança pelos moradores, está encravada entre a Avenida Tereza Cristina e o Anel, no sentido Vitória, ao lado do pontilhão da linha férrea, entre os bairros Madre Gertrudes e das Indústrias.
Bem perto dali, já no sentido Rio de Janeiro, outra ocupação recente está instalada, na esquina com a Rua Doutor Cristiano Resende. Uma obra de uma casa indica movimentação recente no terreno, ocupado há pouco tempo. O responsável, Gerson Gleison Batista, de 37, disse que o local é particular e não invade área de domínio público do Anel. “Existe uma discussão na Justiça com outra pessoa que se diz dona do terreno, mas ocupou da mesma forma que a gente. O próprio pessoal da Via-040 orientou a não construir nada a menos de 31 metros da marginal do Anel e nós respeitamos essa questão”, afirma.
O procurador regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF), Helder Magno da Silva, diz que a situação das ocupações reflete um problema de políticas públicas de moradia na cidade. Segundo o procurador, o MPF tem atuado para que a retirada de moradores seja feita de forma humanizada e foi a partir de uma Ação Civil Pública do MPF e da Defensoria Pública da União que o acordo de reassentamento foi celebrado. Helder Magno ainda critica a falta de ação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para evitar que a situação chegue ao ponto da necessidade das remoções e exija um trabalho muito mais complexo. “A partir do momento em que o Dnit não ocupa as áreas ou deixa de tomar medidas para evitar as ocupações, ele se torna responsável pelo problema e não pode tirar as pessoas sem respeitar uma série de questões. Se alguém iniciar o loteamento irregular, o poder público tem que agir de imediato”, afirma o procurador.
Reassentamento humanizado
O Concilia BR-381 e Anel entregou, no dia 6, os títulos de propriedades das primeiras 20 famílias que ocupam áreas de risco no Anel Rodoviário, de um grupo de 272 cadastradas em 2012. Integrante da Comunidade de Moradores de Área de Risco (Cmar), Eliane Pereira Santos, de 40 anos, explica que ao longo do Anel há 38 vilas, com cerca de 8 mil famílias, o que representaria mais de 30 mil pessoas. Embora não esteja entre os cadastrados, ela considera que a iniciativa é um passo importante na busca de solução para as ocupações. “A participação de representantes dos moradores no processo é essencial até para apontar quem de fato necessita e os oportunistas, que são os responsáveis pelas reocupações”, afirmou.
O juiz federal André Prado de Vasconcelos, coordenador do programa, explica que o reassentamento humanizado proposto pelo Concilia considerou 2012 como ano limite para o cadastro, como uma data de corte, para desestimular reocupações. “Não podemos dizer que o programa esteja ‘enxugando gelo’, pois é uma política habitacional que conta com todo o acompanhamento dos reassentados, mesmo depois de receberem o título de propriedade, visando até mesmo à colocação desses no mercado de trabalho.
O Concilia foi criado em função da necessidade de revitalização da BR-381 e do Anel. É uma iniciativa da Justiça Federal e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), em parceria com Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (URBEL) e Comunidade de Moradores de Áreas de Risco (CMAR). O Dnit não retornou os contatos da reportagem. (Colaborou Landercy Hemerson)
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