A direção administrativa e financeira do Hospital Sofia Feldman pode passar para as mãos da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Pelo menos essa foi a proposta que a administração municipal apresentou à direção da instituição privada sem fins lucrativo, gerida pela Fundação de Assistência Integral à Saúde (Fais), que fica no Bairro Tupi, Norte da capital, atende 100% SUS e é referência no estado para gravidez de risco. A unidade de saúde vem amargando déficit mensal de R$ 1,5 milhão, o que inviabiliza sua operação. Atualmente, boa parte de seus funcionários está em greve para receber o 13º salário e o pagamento de janeiro.
O secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, descarta que a proposta caminhe para a municipalização da maternidade, que atende a mais de 400 mil pessoas de Belo Horizonte e região metropolitana (veja números em destaque), e explica que equipes do município atuariam apenas na administração e gestão financeira. “Nosso objetivo é abrir a torneira dos recursos e fechar o ralo dos gastos. É negociar com os demais municípios para que paguem pelo atendimento aos seus pacientes, bem como cobrar os repasses federais e estaduais, gerando receitas e, ao mesmo tempo, cortar gastos, sem reduzir leitos”, detalhou.
A questão foi discutida em reunião na noite de ontem entre o prefeito Alexandre Kalil, Jackson Machado, secretário de Fazenda, Fuad Noman, e representantes do Sofia Feldman. De acordo com a proposta, a transferência da direção administrativa e financeira da instituição ocorreria já no próximo mês. No dia 27, o conselho da Fais se reúne para avaliar a proposta e decidir se a acata.
De acordo com Jackson Machado, a maternidade deveria receber 50% de recursos federais, 25% do estado e 25% da prefeitura para seu custeio. Porém, segundo ele, a PBH tem investido mais de 30%, e o governo federal em torno de 40%, o que explica o déficit mensal. “Reconhecemos que o Sofia Feldman é muito importante para a nossa cidade e para Minas Gerais. Mas temos lidado, a cada dois, três meses, com o pedido de socorro que o hospital nos faz. Então, essa reunião foi para ofertar à maternidade uma proposta que vai resolver, de uma vez por todas, um problema que já vem se prolongando por tempo demais”, afirmou o secretário. Além dos repasses mensais, desde março de 2017 a PBH adiantou cerca de R$ 7 milhões em receita e, caso a direção aceite a proposta, Jackson prevê um novo aporte em dinheiro para quitar salários em atraso.
Para o diretor técnico-administrativo da maternidade, Ivo Lopes, o próximo passo para a transferência da administração do hospital para o município é a aprovação da proposta por parte do colegiado do Sofia, em reunião marcada para a próxima semana. “Com esse déficit de, no mínimo, R$ 1,5 milhão ao mês que tem a maternidade, a proposta da prefeitura é muito bem-vinda. O mais importante é que vamos continuar mantendo o atendimento à população”, afirmou.
Raio-X
400 mil
pessoas de Belo Horizonte e região metropolitana são assistidas pelo Sofia Feldman
185
é o total de leitos, sendo 87 obstétricos, 41 em Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal, 45 em Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais e 12 de outras clínicas.
1.000
partos são realizados em média por mês na instituição