Não esquecer aquela que é considerada a maior tragédia socioambiental da história do Brasil - com 19 mortes e mais de 600km da Bacia do Rio Doce sendo contaminada por lama tóxica - trazendo novamente para a população o cenário em que se deu a tragédia do rompimento da Barragem de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, em 5 de novembro de 2015, com uma metáfora ao interesse pela rotina de vida dos famosos.
Assim, uma agência de publicidade de Belo Horizonte lançou, nessa segunda-feira, um vídeo da segunda etapa da campanha #NãoEsqueçaMariana. O projeto foi iniciado em novembro de 2016, quando se completou um ano da tragédia, também com um vídeo protagonizado pela atriz Mariana Ximenes, que questionava o 'desaparecimento' dos assuntos referentes ao ocorrido em Bento Rodrigues dos sites de busca.
Agora, com dois anos e três meses do crime ambiental - que ainda não teve nenhuma pessoa responsabilizada e condenada, a campanha foi retomada com uma abordagem metafórica. “O que a gente quer é que as pessoas não esqueçam esse desastre, que foi o maior ambiental da história. O Rio Doce continua morto, as pessoas continuam sem seus lares, ninguém foi punido... A Mariana Ximenes nos procurou novamente e propôs fazer um esquenta dessa campanha, pediu para visitar o local (Bento Rodrigues) e, assim, nasceu o vídeo,” explicou Dan Zecchinelli, diretor de criação da Filadélfia Comunicação.
“Pegamos um comportamento que sabemos que existe, do interesse em saber da vida das celebridades, e pegamos esse gancho para construir o vídeo e mostrar que existe muita coisa que devemos nos preocupar além da vida dos famosos,” detalhou o diretor de criação da agência.
Para o fim desta semana, está prevista mais uma ação parecida com a divulgada nessa segunda-feira, mas, segundo Dan Zecchinelli, reunindo mais pessoas.
Relembre
O desastre também atingiu o município de Paracatu de Baixo e Gesteira, um distrito de Barra Longa.
A força da onda de água e lama de 20 metros de altura arrebatou caminhões e tratores, matando 14 pessoas que trabalhavam no complexo minerário e outras cinco, que foram soterradas pelo 'tsunami' no distrito de Bento Rodrigues, a apenas cinco quilômetros do reservatório.
Dois anos e três meses após o desastre, as famílias ainda lutam por indenizações e clamam por justiça, tendo em vista que ninguém foi condenado pela tragédia, mesmo depois da conclusão de três inquéritos criminais da Polícia Civil de Minas Gerais, a pedido do Ministério Público Federal (MPF).
Na última semana, as famílias desabrigadas pelo mar de lama aprovaram o projeto urbanístico onde será construída o novo distrito de Bento Rodrigues. Depois de mais de dois anos, a definição do projeto é um importante avanço para que os atingidos resgatem o convívio comunitário. Desde a tragédia, eles foram abrigados primeiro em hotéis e depois em imóveis alugados no Centro de Mariana.
O projeto aprovado seguiu as diretrizes apontadas pela comunidade de Bento Rodrigues durante uma série de audiências que envolveu a Comissão de Atingidos, com assessoria técnica da Cáritas. O desenho do projeto urbanístico, a definição do tamanho e limites, além da distribuição das ruas e quadras, foram definidos a partir de duas outras propostas apresentadas e discutidas em 23 oficinas, realizadas em novembro de 2017 com 164 famílias.
O próximo passo é fazer os projetos de engenharia e estudos ambientais para protocolar o pedido de licenças ambiental e urbanística. Com a comunidade, agora serão trabalhadas as questões específicas do atendimento de cada família.
*Sob supervisão do editor Benny Cohen