A eterna luta entre o poder público e parte da população que insiste em descartar lixo e resíduos em vias públicas parece não ter fim. A situação se torna mais evidente em períodos chuvosos, quando vários pontos das cidades ficam alagados e os bueiros, entupidos, não suportam os volumes de água e acabam causando tragédias a cada ano. A falta de consciência é tamanha que transforma em problema locais que foram projetados para ser solução.
Muitos descartes são feitos diante de Unidades de Recolhimento de Pequenos Volumes (URPVs) da prefeitura, locais distribuídos em vários pontos da cidade, aonde a população pode levar objetos como móveis, aparelhos eletroeletrônicos, entulhos e restos de podas. Mas muitos nem sequer se dão ao trabalho de entrar no espaço e despejam toda sorte de lixo – inclusive tóxico – em ruas próximas.
A unidade da Avenida dos Andradas, no Horto Florestal, Região Leste de Belo Horizonte, é um dos exemplos. Toneladas de entulho misturados a pneus cercam a via de entrada de um portão secundário, localizado nas esquinas da Avenida dos Andradas com Avenida Itaituba, no Bairro Boa Vista, embaixo da trincheira da linha férrea da Centro-Atlântica.
No portão principal, a situação é ainda mais grave. São toneladas de misturas entre lixo ogânico, móveis, eletrodomésticos, carcaças de animais e, mais grave, lixo altamente tóxico, como lâmpadas fluorescentes, que possuem, em grande quantidade, um componente químico muito perigoso à saúde: o mercúrio, um metal pesado e tóxico, cujo descarte, feito por empresas privadas, escolas, hospitais e órgãos públicos, deve seguir regras rigorosas. De acordo com Flávio Fernando Oliveira, sua empresa de reciclagem Ampla Minas recolhe, em média, 30 mil lâmpadas por mês, que são descontaminadas, os materiais separados (vidro e metal) e depois reciclados. A própria empresa busca as unidades no local, a um custo de 80 centavos por lâmpada.
Pouco mais à frente, próximo à trincheira do metrô, na confluência das avenidas Silviano Brandão, Andradas e Rua Felipe Camarão, a situação é ainda mais complicada. São vários galpões e garagens destinados à separação de materiais a serem reciclados. A parte descartada dessa seleção é deixada nas vias públicas. Morador da Rua Felipe Camarão há 57 anos, Mauro Sérgio Mansur reclama que convive desde criança com os descartes quase na porta de sua casa. Mansur divide com um irmão a sociedade de um trailer de lanches. “As pessoas se negam a percorrer 50 metros para chegar à URPV, e os descartes são feitos por todo tipo de pessoas: carroceiros, donos e caminhões, caminhonetes de carreto e carros de passeio, que param aqui e deixam o lixo na rua”, relata. A montanha fica acumulada bem diante do portão de fundos de um supermercado, aonde chegam alimentos a serem vendidos ao público.
De acordo com a Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte (SLU), de segunda-feira a sábado, período em que a URPV da Região Leste permanece aberta, são retiradas 63 toneladas de lixo. A maior parte é recolhida na segunda-feira, quando seis caçambas são preenchidas com o descarte, com auxílio de retroescavadeira. A SLU informou que faz campanha de conscientização na cidade sobre o descarte correto de lixo e que, nas URPVs, o máximo permitido por pessoa é de 1 metro cúbico. “Estamos pensando em um modelo da URPV de maneira que a gente conscientize melhor a população, reforçando a fiscalização no período noturno, quando não há monitoramento e na possibilidade de abrir aos domingos”, anunciou a superintendência.
*Estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia
Muitos descartes são feitos diante de Unidades de Recolhimento de Pequenos Volumes (URPVs) da prefeitura, locais distribuídos em vários pontos da cidade, aonde a população pode levar objetos como móveis, aparelhos eletroeletrônicos, entulhos e restos de podas. Mas muitos nem sequer se dão ao trabalho de entrar no espaço e despejam toda sorte de lixo – inclusive tóxico – em ruas próximas.
A unidade da Avenida dos Andradas, no Horto Florestal, Região Leste de Belo Horizonte, é um dos exemplos. Toneladas de entulho misturados a pneus cercam a via de entrada de um portão secundário, localizado nas esquinas da Avenida dos Andradas com Avenida Itaituba, no Bairro Boa Vista, embaixo da trincheira da linha férrea da Centro-Atlântica.
No portão principal, a situação é ainda mais grave. São toneladas de misturas entre lixo ogânico, móveis, eletrodomésticos, carcaças de animais e, mais grave, lixo altamente tóxico, como lâmpadas fluorescentes, que possuem, em grande quantidade, um componente químico muito perigoso à saúde: o mercúrio, um metal pesado e tóxico, cujo descarte, feito por empresas privadas, escolas, hospitais e órgãos públicos, deve seguir regras rigorosas. De acordo com Flávio Fernando Oliveira, sua empresa de reciclagem Ampla Minas recolhe, em média, 30 mil lâmpadas por mês, que são descontaminadas, os materiais separados (vidro e metal) e depois reciclados. A própria empresa busca as unidades no local, a um custo de 80 centavos por lâmpada.
Pouco mais à frente, próximo à trincheira do metrô, na confluência das avenidas Silviano Brandão, Andradas e Rua Felipe Camarão, a situação é ainda mais complicada. São vários galpões e garagens destinados à separação de materiais a serem reciclados. A parte descartada dessa seleção é deixada nas vias públicas. Morador da Rua Felipe Camarão há 57 anos, Mauro Sérgio Mansur reclama que convive desde criança com os descartes quase na porta de sua casa. Mansur divide com um irmão a sociedade de um trailer de lanches. “As pessoas se negam a percorrer 50 metros para chegar à URPV, e os descartes são feitos por todo tipo de pessoas: carroceiros, donos e caminhões, caminhonetes de carreto e carros de passeio, que param aqui e deixam o lixo na rua”, relata. A montanha fica acumulada bem diante do portão de fundos de um supermercado, aonde chegam alimentos a serem vendidos ao público.
De acordo com a Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte (SLU), de segunda-feira a sábado, período em que a URPV da Região Leste permanece aberta, são retiradas 63 toneladas de lixo. A maior parte é recolhida na segunda-feira, quando seis caçambas são preenchidas com o descarte, com auxílio de retroescavadeira. A SLU informou que faz campanha de conscientização na cidade sobre o descarte correto de lixo e que, nas URPVs, o máximo permitido por pessoa é de 1 metro cúbico. “Estamos pensando em um modelo da URPV de maneira que a gente conscientize melhor a população, reforçando a fiscalização no período noturno, quando não há monitoramento e na possibilidade de abrir aos domingos”, anunciou a superintendência.
*Estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia