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Estado de Minas

Saiba as regiões onde há maior risco de contrair febre amarela em Minas

Cinco regionais vizinhas de estados que também têm circulação do vírus são as áreas que mais preocupam as autoridades sanitárias


postado em 24/02/2018 06:00 / atualizado em 24/02/2018 07:41

Enquanto BH se aproxima da meta de 95% de imunização, mais de um terço das cidades mineiras não alcançaram 80%(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Enquanto BH se aproxima da meta de 95% de imunização, mais de um terço das cidades mineiras não alcançaram 80% (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Diante do segundo grande surto de febre amarela enfrentado por Minas Gerais, doença que já matou pelo menos 86 pessoas apenas em território mineiro, a distribuição dos percentuais de vacinação pelas regionais de saúde traz à tona uma preocupação a mais. Enquanto a Secretaria de Estado de Saúde (SES) persegue desde o ano passado um índice de 95% de imunização – os números atuais apontam cobertura vacinal de 84%, se considerado o estado como um todo –, cinco das 10 regionais mineiras com menores índices estão em regiões limítrofes com os estados de São Paulo e Rio de Janeiro (veja mapa).

Os dois vizinhos, ao lado de Minas, concentram os casos confirmados e mortes pela virose no país. Segundo o Ministério da Saúde, além dos três do Sudeste, apenas o Distrito Federal tem confirmação de caso humano, com uma morte já atestada pelas autoridades locais.

O estado de Minas Gerais é dividido em 28 unidades regionais de saúde, que englobam os 853 municípios. Entre todas, a de Pouso Alegre, no Sul de Minas, na divisa com São Paulo e responsável por uma população de 894 mil pessoas em 55 cidades, tem a cobertura vacinal mais baixa, de 71,49%, bem distante da meta de 95% dos moradores protegidos. A unidade de Passos fica em sexto lugar e concentra 24 cidades das regiões Sul e Centro-Oeste, totalizando 393 mil pessoas.

Já Leopoldina ocupa o sétimo lugar e concentra 15 cidades da Zona da Mata, região limítrofe com o Rio de Janeiro, e uma população de 230 mil pessoas. Já Varginha, que coordena a unidade responsável por 831 mil pessoas de 49 cidades do Sul de Minas, fica em oitavo lugar. O ranking das 10 unidades menos vacinadas é fechado por Alfenas (com índice vacinal de 78,04%), que concentra 26 cidade e 460 mil habitantes.

Os dados mais recentes da Saúde estadual apontam 222 casos confirmados e 86 mortes por febre amarela em Minas. Em São Paulo, boletim divulgado terça-feira informa 235 casos confirmados e 85 mortes, enquanto as autoridades estaduais do Rio de Janeiro contabilizam 82 casos e 37 óbitos. Os números fornecidos pelo Ministério da Saúde ainda estão defasados perante os balanços dos estados, mas só incluem um óbito fora do eixo Minas/Rio/São Paulo, no Distrito Federal.

A baixa vacinação em parte dos municípios preocupa a Secretaria de Estado da Saúde. A pasta afirma que entre as 853 cidades mineiras, mais de um terço, ou 33,88%, ainda não alcançaram sequer 80% de cobertura vacinal; outras 34% tem entre 80% e 94,9% de seus moradores vacinados. A atenção maior é exatamente com os municípios limítrofes com estados onde há também há casos de febre amarela. “Considerando o presente cenário de circulação do vírus da febre amarela silvestre na Região Sudeste do país, faz-se o alerta quanto à necessidade de investigação de rumores de morte de macacos e da intensificação da vacinação nos municípios com coberturas abaixo de 95%.

Devem ter especial atenção os municípios que fazem parte das unidades regionais de Saúde de Belo Horizonte, Barbacena, São João del-Rei, Alfenas, Varginha, Pouso Alegre, Divinópolis, Passos, Juiz de Fora, Ubá, Leopoldina, Uberaba, Uberlândia e Ituiutaba”, informou, em nota, a SES.

Segundo a secretaria, ações de prevenção e controle da doença estão sendo adotadas nos municípios afetados e nos que fazem divisa com outros estados, mesmo sem a confirmação laboratorial de casos. Entre as medidas estão a intensificação da vacinação, da vigilância de mortes de macacos, animais que também são hospedeiros do vírus, investigação de insetos transmissores e vigilância laboratorial das síndromes febris que podem causar hemorragia e problemas no fígado, como é o caso da febre amarela.

A intensificação da vacinação em Belo Horizonte deu resultado. Desde o início deste ano, postos de saúde da cidade ficaram lotados de pessoas procurando se imunizar contra a doença. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a capital já se aproxima da meta de imunização, apresentando cobertura de 93%. Somente neste ano, 220 mil moradores foram vacinados. Na temporada 2017/2018, três moradores de BH morreram em decorrência da doença. Porém, segundo a pasta, em todos os casos o vírus foi contraído em outro município.

A vacina está disponível por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) em todos os 152 centros de saúde da capital. “Devido à grande procura nos últimos dias, podem ocorrer esperas e casos pontuais de desabastecimento, com rápida reposição. A capital conta com estoque de vacinas para atender a população que ainda não foi vacinada”, informou a secretaria.

Segundo o infectologista Dirceu Greco, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, a baixa vacinação é um risco para o avanço do vírus. “A febre amarela está próxima da gente. A vacina é eficaz, então o ideal é se imunizar, seguindo todas as recomendações”, disse. Para o especialista, a baixa procura pela imunização decorre da falta de informação. “Quando houve o primeiro surto, as pessoas começaram a ficar mais atentas e se vacinaram. Com o arrefecimento, acabam relaxando”, comentou.

“Agora, com a proposta de imunização para o Brasil inteiro, há grande chance de a doença ficar sob controle”, disse, referindo-se ao debate aberto pelo Ministério da Saúde sobre a possibilidade de incluir a imunização contra a doença no calendário vacinal de todos os estados. Atualmente, 21 das 27 unidades da federação têm recomendação para a imunização.


Ouro Branco em emergência


Mais uma cidade mineira decreta situação de emergência diante da febre amarela. As ações para bloquear o vírus estão sendo intensificadas em Ouro Branco, na Região Central, onde já foram confirmadas três mortes em decorrência da doença. A vacinação será ampliada no município, que, diante do quadro, criou uma sala de situação para tomar medidas de contenção do surto. Quatorze equipes de saúde estão fazendo a busca ativa dos moradores que ainda não se vacinaram, visitando casa por casa.

De acordo com a prefeitura, as unidades de saúde também ficarão abertas para receber os moradores. A vacinação será de segunda-feira a sábado até 12 de março, período em que os postos ficarão abertos das 9h às 21h. A administração municipal pede que as famílias separem os cartões de vacinação e fiquem atentas para não perder a visita dos técnicos.

Ações emergenciais ocorrem também em outra cidade que integra a Regional de Barbacena. Na última quarta-feira, Santana dos Montes também tomou medida de contenção do surto. Municípios vizinhos também registraram casos. Piranga confirmou duas mortes e Caranaíba, Itaverava, Jeceaba e Senhora de Oliveira, um óbito cada.

Com o decreto de emergência, a prefeitura pode adotar medidas administrativas para a contenção da doença, como aquisição de insumos e materiais e a contratação de serviços e de pessoal de forma emergencial, por tempo indeterminado. Minas Gerais já reconheceu a situação de emergência em 162 cidades.


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