Congonhas – Para a primeira e única ação pública até hoje realizada segundo o Plano de Ação Emergencial (PAE) de Barragens de Rejeito de Mineração da Barragem Casa de Pedra, da mineradora Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), cerca de 400 placas foram instaladas nas áreas de inundação compreendidas por três bairros de 4,8 mil habitantes. Três meses depois de as placas verdes terem sido fixadas em postes, indicando o caminho que deve ser tomado para escapar caso ocorra um rompimento, ninguém ainda sabe como proceder e a desconfiança é grande sobre o destino para onde tais sinalizações dirigem os refugiados. Os pontos de encontro são questionados, bem como as áreas de abrigo. Uma situação que traz ainda mais apreensão para a população, que não sabe como proceder, principalmente depois de o único teste com as duas sirenes de alerta ocorrer sem nenhuma instrução para os moradores, que ficaram em casa. Para piorar, uma das sirenes falhou. A mineradora chegou a informar que as pessoas tinham sido orientadas após o cadastramento das áreas ameaçadas, feito pela CSN e a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) de Congonhas. Mas, nas ruas dos bairros Residencial, Cristo Rei e Lucas Monteiro, as atitudes em caso de acidente estão mais para o “salve-se quem puder”.
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Após ter declarado que as pessoas receberam “noções básicas de abandono de área”, a CSN recuou e na última segunda-feira declarou apenas que a Condec é responsável por realizar este tipo de instrução. “A CSN apoia no que for necessário, em parceria com demais órgãos e autoridades. Novos testes e simulados serão feitos com os moradores, já que é uma ação permanente e constante. Novas ações serão realizadas no decorrer do ano, como orientações e treinamentos em escolas. O próximo simulado está em fase de programação e ainda dependemos dos demais órgãos envolvidos para agendar uma data”, informou a mineradora, por e-mail.
Hoje, autoridades da Prefeitura de Congonhas, Cedec, Corpo de Bombeiros e representantes da comunidade e da CSN vão se reunir no Bairro Residencial para apresentar ações que se comprometeram a realizar após um workshop feito sobre o plano de segurança.
‘ARMADILHA’ Uma das rotas de salvamento disponíveis para as pessoas do Bairro Residencial, o mais vulnerável de Congonhas, é a estrada para o Bairro Plataforma, uma região com muitos sitiantes que não é densamente povoada.
As placas verdes instaladas pela CSN e pela Comdec de Congonhas, indicam seguir por aquela estrada para se salvar atingindo um ponto de encontro. Contudo, praticamente toda a estrada segue o traçado natural do Rio Maranhão, se elevando por vezes a apenas um metro acima do leito e a 10 metros das margens. Uma situação temerária, principalmente por ser o rio um dos primeiros acidentes geográficos que os rejeitos encontrariam em caso de um rompimento. Se ocorrer a mesma dinâmica do que aconteceu em Mariana, em 2015, quando o Rio Gualaxo do Norte serviu de guia para o tsunami de restos de lama e minério de ferro, o Maranhão poderá acabar sendo a estrada que vai levar a lama adiante, inundando em pouco tempo essa rota de fuga.
“Essa rota é uma armadilha. Se a pessoa estiver de carro, tentando fugir, vai ser engolida. Se estiver de carro, pode ter alguma chance, mas pode ser engolida também na curva ao dar de cara com a lama descendo. Não há a menor condição de essa estrada ser usada como uma rota de fuga”, critica o diretor de meio ambiente da União das Associações Comunitárias de Congonhas (Unaccon), Sandoval de Souza. A CSN informou que a rota realmente precisa ser reformulada e esse tipo de adaptação está em discussão e será feito..