Dois ônibus pegaram fogo por possíveis panes elétricas em Belo Horizonte nos últimos 18 dias. O segundo caso ocorreu ontem com um veículo do Move, na Avenida Antônio Carlos, altura do Bairro Cachoeirinha, Região Nordeste da capital mineira.
Em pânico, passageiros tiveram de pular do coletivo para não sofrer queimaduras. Apesar de o prazo de vistoria do veículo estar em dia, o dano foi de quase R$ 1 milhão para a empresa de ônibus. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) avalia que o caso como um “acidente” e que é “pontual”. Nos últimos três anos, este é pelo menos, sexto caso de incêndio em veículos do Move.
O fogo no coletivo da linha 68 (Estação Vilarinho/ Lagoinha) começou na parte de trás do ônibus, onde fica o motor do veículo e o ar-condicionado. “Eu estava na Estação São Francisco e vi quando o fogo começou na parte de trás. Muita gente ainda entrou no ônibus.
Tentei avisar o motorista, assobiei, mas ele não ouviu”, contou Wellington Saturnino, de 47 anos, que aguardava outro coletivo na avenida. O motorista só teria percebido o fogo após a mobilização dos transeuntes. O condutor, que não quis dar entrevista, informou que 10 passageiros estavam no coletivo no momento do incidente. Ninguém se feriu. Há quase dois anos, um outro veículo da mesma linha pegou fogo no mesmo local.
Em fevereiro, um ônibus do Move que faz a linha 83P (São Gabriel/Centro) também foi tomado pelas chamas após uma pane no motor do coletivo. O incêndio ocorreu entre a 0h e a 1h do dia 11, quando o veículo passava pela saída do túnel da Lagoinha. O veículo foi completamente consumido pelas chamas e ninguém se feriu no incêndio.
A perícia do caso ainda não foi concluída, mas o Setra-BH acredita que se tratou de uma pane na porta traseira do coletivo. “Um passageiro tentou entrar no carro pela traseira, mas ele foi prensado pela porta. Possivelmente, esse foi o motivo”, disse a assessoria do sindicato.
Histórico
Em 2016, um outro Move da mesma linha 68 (Estação Vilarinho/Lagoinha) pegou fogo na Avenida Antônio Carlos, altura do Bairro São Francisco, na Região da Pampulha. O incêndio ocorreu em setembro, dentro de uma estação de transferência, pouco depois do Viaduto São Francisco, no sentido Centro.
Segundo os bombeiros, as chamas começaram quando o veículo estava encostado na estação. O motorista percebeu algo errado, pediu aos passageiros para desembarcar, deu ré por alguns metros e tentou apagar as primeiras chamas com o extintor, mas o fogo se alastrou rapidamente. Ninguém ficou ferido.
Já em 2015, outros dois ônibus também apresentaram problemas mecânicos e pegaram fogo na capital. Em maio, um coletivo da linha 4201 (Alto Caiçara/Nova Cintra) teve uma pane elétrica na altura do Bairro Nova Suíssa, Região Oeste. Segundo a corporação, foram usados 4,5 mil litros de água no combate às chamas.
Na mesma época, um ônibus foi completamente destruído em um incêndio no Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul. Segundo os bombeiros, o fogo começou perto das rodas dianteiras do veículo e foi provocado por problema mecânico.
Os passageiros desceram do coletivo imediatamente e ninguém se feriu. Antes, em setembro de 2014, um ônibus da linha 2910 (Centro/Oitis) se incendiou depois de apresentar problemas na parte elétrica do motor. O incidente ocorreu no Bairro Carlos Prates, Região Noroeste. Um bar que fica na mesma rua também foi atingido pelas chamas, que consumiram o veículo completamente.
MANUTENÇÃO
Sobre o caso de ontem, a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) esclarece que o veículo tem cinco anos. Ele foi fabricado em 2013 e vistoriado em 25 de maio do ano passado. A próxima revisão estava programada para maio. “Acidentes acontecem. Segundo dados gerenciais da BHTrans, em janeiro foram realizadas aproximadamente 807 mil viagens de ônibus na capital. Em um universo deste tamanho um acidente pode ocorrer. Com tantas viagens realizadas diariamente, um ônibus apresentou falhas. Há riscos de ocorrer problemas mecânicos, mas são casos pontuais”, disse a assessoria do Setra.
Segundo o sindicato, os ônibus são assegurados e os prejuízos repostos em caso de danos por pane. A causa do incêndio será apurada por perícia técnica. O sindicato informou que a perícia é feita pela própria empresa e seu fornecedor. O custo para colocar um novo ônibus na rua, o que pode demorar até seis meses, segundo o sindicato, é de R$ 800 mil.
* Estagiária sob a supervisão da subeditora Rachel Botelho