As seis faixas de tráfego da Avenida Carlos Luz, na Pampulha, rasgaram em duas porções uma das mais importantes áreas de mata atlântica da capital mineira, parte da Estação Ecológica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Pampulha. A porção maior se encontra ao lado da pista no sentido Mineirão, enquanto outro fragmento, no sentido Centro, abriga estruturas e pastagem para animais da Cavalaria da Polícia Militar e passou a sediar o Parque Tecnológico de BH (BH-Tec).
Esse tipo de estrutura é muito comum na Holanda e na Alemanha, onde há planos para a instalação de mais de 100 construções para possibilitar que animais circulem por áreas verdes seccionadas por rodovias e avenidas. Pessoas pegas transitando pelas pontes chegam a ser multadas. Para ligar as duas partes da estação da UFMG, seria necessário transpor 26 metros da avenida e um desnível de cerca de 15 metros de uma porção a outra da floresta.
O espaço que fica dentro do câmpus da UFMG dispõe de uma lagoa artificial formada pelo barramento do Córrego Mergulhão, um dos afluentes da Sub-bacia Hidrográfica da Pampulha. Do outro lado, próximo ao Anel Rodoviário, há uma área de alagados que é hábitat de várias espécies de anfíbios. Um dos problemas do distanciamento das duas porções de mata atlântica da estação ecológica é justamente a vulnerabilidade da área mais afastada e desconectada da maior parte do câmpus. “Infelizmente essa área acaba sujeita a despejo de lixo e a incêndios, apesar dos nossos esforços”, conta o gestor da estação, professor Baeta Neves.