No cenário de surto de febre amarela em Minas Gerais, que já provocou 264 casos com 96 mortes no estado e gera uma corrida aos postos de saúde em busca de vacina, um grupo tem que ficar atento com uma das contraindicações da principal proteção contra a doença. Mães em geral, sempre preocupadas com possíveis alergias geradas pela alimentação dos filhos, têm que redobrar a atenção ao levar os pequenos para se vacinar caso eles tenham alergia a ovo. Como a vacina é produzida com a presença da proteína do ovo, ela é contraindicada em casos comprovados de reações a esse tipo de alimento. A boa notícia é que os hospitais Infantil João Paulo II e o Odilon Behrens estão vacinando os pacientes que tenham o problema comprovado, sob os cuidados de uma equipe multidisciplinar apta a prestar todo o atendimento necessário em caso de problemas. Como normalmente as mães de crianças pequenas e também as mulheres grávidas são as mais impactadas por boatos que têm se espalhado pelos celulares, e carregados de informações falsas sobre a vacina, a reportagem do Estado de Minas ouviu especialistas e preparou um quadro esclarecendo as dúvidas sobre a imunização de crianças e gestantes.
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Segundo o coordenador do Serviço de Alergia e Pneumologia Pediátrica do João Paulo II, Wilson Rocha Filho, antes da vacinação é feita uma triagem.
O serviço já vinha sendo oferecido pela Prefeitura de Belo Horizonte desde agosto, quando a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) começou a disponibilizar testes e aplicação de vacina contra a febre amarela para crianças e adolescentes com alergia a ovo, em ambiente controlado. Desde então, o teste vem sendo realizado na Unidade de Referência Secundária Saudade (URS-Saudade) e, caso seja confirmada a alergia, a vacina é aplicada no Hospital Odilon Behrens (HOB), com supervisão médica. Em fevereiro, a PBH fez uma parceria com o Hospital Infantil João Paulo II.
A SMSA disponibiliza ao Hospital Infantil quantas doses da vacina contra febre amarela forem necessárias. Nesse momento, o município conta com estoque de aproximadamente 71 mil doses da vacina. Foram repassadas inicialmente ao Hospital Infantil João Paulo II 50 doses da vacina contra a febre amarela. Em 26 de fevereiro, mais 30 para atender à demanda.
Para ter acesso ao teste na URS Saudade, o paciente com suspeita de alergia ao ovo deve procurar um Centro de Saúde, que vai encaminhá-lo à unidade. No local é realizado o teste, que detecta somente se ele pode ou não tomar a vacina contra a febre amarela. A unidade atende pacientes de 9 meses a 18 anos, e não há fila para esse tipo de atendimento, que é realizado às quintas e sextas-feiras, mediante agendamento prévio, via Centro de Saúde.
O coordenador do setor ainda explica que a equipe do João Paulo II conta até com psicólogos, porque normalmente as mães são mais inseguras em relação aos problemas relacionados à alimentação dos filhos e possíveis alergias. E é justamente esse grupo de mães, seja as atuais seja as futuras, que mais sofrem quando ouvem os boatos relacionados à vacina da febre amarela.
Contra indicação abaixo de 9 meses
Atualmente, o Ministério da Saúde indica a vacina para quem tenha mais de 9 meses de idade. Segundo a médica infectologista e vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Virgínia Zambelli, essa recomendação é necessária devido ao sistema de defesa do organismo das crianças. “Abaixo dessa idade, as crianças têm um sistema imunológico que está em processo de amadurecimento, então elas têm mais risco de não responder à vacina e também de desenvolver efeitos adversos”, afirma Zambelli.
Outra orientação do Ministério da Saúde é contraindicar a vacina para mulheres que estejam amamentando crianças de até seis meses de idade. “Nessa faixa, existe o risco de que o vírus atenuado seja transmitido pelo leite materno à criança”, diz o médico infectologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Dirceu Greco. No caso das grávidas, Virgínia Zambelli explica que não há transmissão pela placenta para o bebê. Porém, como mulheres gestantes podem apresentar baixa no sistema imunológico, a decisão pela vacinação deve partir de uma orientação médica. “O profissional vai avaliar o risco e o benefício para a gestante.
No caso das crianças, o uso de repelentes não é recomendado pelos pediatras nos pequenos com menos de um ano devido a possíveis alergias. Se a criança não tiver tomado a vacina nem tem condições ainda de usar o repelente, especialistas recomendam que elas não visitem áreas de risco e que os pais protejam suas casas com telas, caso sejam moradores dos locais com transmissão do vírus.
IMUNIZAÇÃO DE MÃES E FILHOS
Orientações para crianças e grávidas
» Qualquer criança pode tomar a vacina contra a febre amarela?
Não. A indicação geral da vacina vale para crianças a partir de 9 meses de idade, segundo o Ministério da Saúde. Abaixo dessa faixa, especialistas indicam que o risco de o organismo da criança não responder à vacina é maior, assim como a possibilidade de efeitos adversos da dose por conta de o sistema imunológico ainda estar em processo de amadurecimento.
» Qual é a melhor forma de proteção para aquelas crianças que não podem tomar o imunizante?
Primeiro, não visitar áreas de risco, como cachoeiras, matas, rios e áreas rurais de lugares onde há transmissão do vírus. O repelente vem em segundo lugar, mas pediatras não recomendam o uso em crianças menores de um ano devido ao risco de alergia. A proteção de casas com telas também é considerada uma boa medida caso a criança se encontre em lugares de risco.
» Mulheres que estão amamentando podem ser imunizadas?
O Ministério da Saúde contraindica a vacina para mulheres que estão amamentando crianças de até seis meses de idade. Especialistas explicam que existe uma possibilidade de o vírus atenuado da vacina passar pelo leite materno para a a crinça, que ainda está amadurecendo seu sistema imunológico e, portanto, é mais suscetível a desenvolver reações adversas.
» Grávidas podem tomar a vacina?
O Ministério da Saúde orienta mulheres gestantes a procurar orientação de um médico antes de se vacinarem. Segundo especialistas, essa recomendação é explicada pelo fato de que grávidas podem ter baixas no sistema imunológico.
da zika, que pode causar a microcefalia nos bebês.
Doenças do Aedes
Desde 1º janeiro, Minas Gerais registrou 6.588 casos prováveis – confirmados mais suspeitos – de dengue, 1.452 de chikungunya e 76 de zika, todas elas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti (foto). Até o momento, há sete óbitos em investigação para dengue em 2018. Não há mortes confirmadas nem investigadas para as outras duas doenças. Nas quatro últimas semanas epidemiológicas – 28 de janeiro a 24 de fevereiro –, três municípios registraram incidência muito alta de casos prováveis de dengue, três tiveram incidência alta, em 11 o indicador foi médio, em 273, baixo, e em 563 não houve registro de casos prováveis.