O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) realiza procedimento de investigação prévia para apurar indícios da não conformidade da qualidade da água em Belo Horizonte. Devido à suspeita, a Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo de BH solicitou que a vigilância sanitária enviasse relatório sobre os estudos realizados entre 2014 e 2017. A Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG) também participa da análise. A Prefeitura da capital ressalta que faz o controle periódico e que o nível de qualidade da água está “absolutamente dentro dos padrões aceitáveis de saúde pública”. Já o diretor de operações da Copasa, Rômulo Perilli, disse na noite desta terça-feira que a companhia faz análises a cada duas horas e não distribui água imprópria para o consumo.
Os indícios sobre a não conformidade da qualidade da água em BH surgiram durante investigação da Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo sobre cobranças indevidas no tratamento de esgoto na cidade. “Essa investigação (sobre a qualidade da água) surgiu por causa do indício de que haveria um grande volume de esgoto que teria sido recebido pelo curso d'água. Foi solicitada à vigilância sanitária de BH relatório sobre a qualidade da água de 2014 a 2017, porque existe o monitoramento que é feito de acordo com as regras do Ministério da Saúde. Esse monitoramento, pela lei, tem que ser feito pela vigilância sanitária do município”, afirmou a promotora Luciana Ribeiro da Fonseca.
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Problemas pontuais encontrados em amosta
Segundo o subsecretário, em 2017 foram 892 amostras coletadas e analisadas. Somente em duas foram encontrados problemas pontuais, fora do padrão de qualidade. “Automaticamente, a Copasa foi avisada e corrigiu imediatamente”, disse Pimenta. Em outras seis amostras foi detectada diferença na cor aparente, o que, segundo ele, “não implica na reprovação quanto à potabilidade”. E 21 amostras fugiram do parâmetro do coliforme total, o que também não tem implicação na potabilidade da água, conforme o subsecretário. Esses dados já foram enviados para o MPMG.
A Copasa nega problema na potabilidade da água distribuída na capital. “A Copasa é a empresa que ao longo de seus 50 anos tem se notabilizado pela excepcional água que fornece à população de Minas Gerais. Existem eventualmente, não aqui na região metropolitana, mas em outras cidades, momentos de dificuldade.
Perilli explica que o sistema produz cerca de 15 mil litros de água por segundo, que são distribuídos em uma rede de 17 mil quilômetros de tubulação: “Fazemos a análise no nosso sistema de produção a cada duas horas. Chega a centenas de milhares de análises de água. Temos absoluto controle da nossa rede. Há um plano chamado plano de amostragem em que a gente faz a análise nas pontas das redes, nos locais onde distribuímos água. A Copasa não pode aceitar em hipótese alguma qualquer tipo de insinuação de que distribui água imprópria do consumo humano”.
Amostra fora do padrão de potabilidade
Por meio de nota, a Arsae-MG, informou na reunião no Ministério Público foram apresentados os resultados das análises de qualidade da água feitas pela Vigilância Sanitária, “concluindo que em 76% dos 55 meses analisados contatou-se pelo menos uma amostra de água fora do padrão de potabilidade”. “Para eventuais descumprimentos da Portaria 2.914 do Ministério da Saúde deve ser avaliado o histórico de análises e solicitada a realização de recoleta e análises pelo Prestador de Serviços no mesmo local, o que não ocorreu. Também, devido à falta de reagentes, não foram realizadas análises pela Vigilância Sanitária em 2016 e 2017 e poucas análises em 2015”, informou.
O órgão ressaltou que os dados apresentados pela Vigilância Sanitário foram avaliados e constatou-se que 97% das análises atenderam ao padrão de potabilidade da referida Portaria. “Assim, a Arsae-MG aponta a necessidade de uma verificação mais cuidadosa e detalhada dos dados para que não seja gerada uma desconfiança quanto à água distribuída. Quanto às coletas e análises realizadas pela Copasa no mesmo período constata-se que mais de 99% das análises atenderam ao padrão de potabilidade, o que confirma o cumprimento do padrão da água distribuída em Belo Horizonte”, finalizou.